2024/02/29
Leiria - Monumento a Luís de Camões, 1980, por Fernando Marques
2024/01/23
Busto de Camões (1880) por Francisco José Resende no Museu Nacional Soares dos Reis
Busto de Camões (1880)
por Francisco José Resende 1825-1893
para saber +
2023/03/03
A monstruosidade do Adamastor, ou a interpretação plástica e crítica contemporâneas
ADAMASTOR, Nomen gigantis
sobre uma escultura popular de José de Guimarães
Vasco Graça Moura
“A iconografia tradicional do Adamastor representa-o como uma criatura enorme de vulto humano e disforme, emergindo pesadamente das águas revoltas, numa aura sinistra. Os artistas seguiram mais ou menos à letra a descrição camoniana da figura colossal. O resultado não vai por vezes sem recordar certas esculturas no interior das grutas maneiristas italianas, confirmando inquietantes seres de forma humana obtida a par das concreções geológicas da pedra, mais ou menos adaptadas pela mão dos artistas, e de que o próprio Camões pode aliás ter conhecido representações em gravuras e desenhos, como é muito provável que tenha conhecido por idêntica via processo de agregação de elementos de vária ordem para compor figuras antropomórficas, semelhantes aos de Arcimboldo, como pode supor-se pelo retrato de Tritão no canto VI (17-19).”
"[...] José de Guimarães é, de há muito, um leitor e um intérprete plástico de Camões. Mas até agora, ele tinha ido buscar ao poeta uma temática e uma emblemática para os registos exuberantes da sua pintura. Com o Adamastor, José de Guimarães vai antes buscar a Camões a ideia geral de uma figura, um príncipio de monstruosidade e gerador de monstruosidades, que depois combina com outros elementos, literários e extras-literários.”
VASCO GRAÇA MOURA
2023/02/26
Camões e as Ninfas da Ilha dos Amores no Parque dos Poetas de Oeiras
Camões no Parque dos Poetas, em Oeiras
"Um poeta, um escultor e um político uniram-se em torno de um sonho comum. Os paisagistas deram-lhe corpo e nome – Parque dos Poetas. Nasceram poemas, jardins, lagos, muros e alamedas; as árvores cresceram e acolheram os poetas. Com uma área de 22,5 hectares, no Parque dos Poetas estão representados 60 poetas: 50 portugueses e 10 de países ou territórios de expressão portuguesa.
[...] A ideia inicial foi concebida pelo poeta e escritor David Mourão-Ferreira e pelo escultor Francisco Simões, aos quais se juntou o paisagista Francisco Caldeira Cabral e a arquiteta Elsa Severino com a sua equipa.
[...] David Mourão-Ferreira (falecido em1996) lançou a primeira semente de ‘uma alameda dos poetas’ e os paisagistas ‘transformam-na’ em Parque dos Poetas, com uma forte componente paisagística e botânica. Desde a sua génese, aqui se cruzaram várias artes: a poesia, a botânica e a escultura, mas também a música, o teatro e a dança, pois o jardim é a grande síntese.
Ladeada por pequenos jardins temáticos com as esculturas e as respetivas homenagens a poetas da língua portuguesa, a Alameda dos Poetas é o percurso central do parque, onde se caminha sobre lajes com poemas. [...]
Luís de Camões está largamente representado em poemas gravados na pedra; a Gruta e a Ilha dos Amores no grande lago, a sul do parque, evocam o grande poeta português (a reabilitação e restauro da mãe d´água pombalina possibilitou a alimentação deste lago e do riacho a montante). A ‘flora d´Os Lusíadas' cresce nos jardins do poeta, numa importante relação entre literatura e botânica.
Os poetas do século XX, além de Camões e as catorze ninfas do imaginário de Os Lusíadas, são da autoria do escultor Francisco Simões."
Repórter de Serviço - OLHARES DE LISBOA
Parque dos Poetas: o maior museu ao ar livre de arte escultória da Europa,16.08.2021