Mostrar mensagens com a etiqueta António Manuel Couto Viana. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta António Manuel Couto Viana. Mostrar todas as mensagens

2023/02/18

Poema A JAU, por António Manuel Couto Viana






A JAU



Sou a tua presença, aos pés, calada, quieta,
Ó jau, com quem me identifico tanto,
Nesta gruta onde estou e escuto o canto
Das cigarras que é, hoje, a voz do teu poeta.
António sou (tenho o teu nome)
E escravo, também, da poesia.
Para ela é que estendo, em cada dia,
A mão à minha fome.


(10.6.86)


In: VIANA, Antonio Manuel Couto (1986?), “6 poemas”, in RC: revista de cultura, 2.ª ed., n.º 1, ed. em português, ed. do Instituto Cultural de Macau, 1986, p. 68-.





Colina, Camões, Couto Viana - ou a Poesia por Wai Pok Man








António Manuel Couto Viana, 1923-2010
Wai Pok Man [Homem de Cultura], o seu nome chinês
Encenador, tradutor, poeta, dramaturgo e ensaísta português.






CAMÕES

Em que ano subi esta colina,
repousei nesta gruta e respirei
brandas auras? Da pátria e do meu rei,
aqui, sublime, sublimei a sina?

Que fama do meu vulto peregrina
na voz destas paragens, e da lei
da morte me liberta? Onde enlacei
a amizade do jau e o amor de Dina?

Deixei sinais na areia, no arvoredo?
Quem me ocultou de mim como um segredo?
- Até o longínquo China navegou…

Aqui cheguei? Daqui parti? E quando?
Quem salvou do naufrágio miserando
aquele que não sei se fui, mas sou?"


António Manuel Couto Viana

*



Algumas textos/obras suas de "som" oriental:

No Oriente do Oriente. Macau : s.n., 1987.

Orientais: poemas. Lisboa : Universitária, 1999.

Até ao Longínquo China Navegou. Macau: Instituto Cultural, 1991.





Documentário biográfico, 00:04:56, na RTP 2, 11.06.1992 / RTP Arquivos
Autoria de Nunes Forte e Paulo Alexandre; Locução de Luísa Crespo