2025/08/31

Futuros camonistas chineses



Futuros camonistas chineses

TRABALHOS ACADÉMICOS


Entre 2019 e 2025, em universidades portuguesas - a Univ. do Minho e a Univ. do Porto, e numa universidade de Macau - a Univ. de Ciências e Tecnologia (UCTM), estudantes chineses do 3.º ciclo (curso de Mestrado) investigaram a poesia lírica de Camões e, no caso da dissertação da mestre Daniela, a receção literária da figura de Dinamene.

As monografias foram redigidas em língua portuguesa; duas tratam problemáticas da tradução  na passagem do texto original camoniano para chinês. Uma terceira tem igualmente como corpus textos da poesia lírica (30 poemas), a partir do qual se indaga acerca da ideia de Beleza articulada com a temática amorosa de acordo com o neoplatonismo. Quando noutro trabalho se disserta sobre Dinamene, a investigação baseia-se em romancistas portugueses contemporâneos: Mário Cláudio e Maria João Lopo de Carvalho.

E outros trilhos camonianos se espera que sejam percorridos nos anos letivos vindouros.



Yang Dudanjue
 Dissertação de mestrado em Estudos Interculturais Português/Chinês: 
Tradução, Formação e Comunicação Empresarial;
orient. Anabela Leal de Barros e Yao Jing-Ming. 
Braga: Univ. do Minho, 2019

Wang Ruoxin 
 Dissertação de mestrado em Estudos Literários, Culturais e interartes
orient. Luís Fernando de Sá Fardilha. 
Porto: FLUP, 2021.


Huang Jingxiao / 黃靖曉 (Daniela)
Dinamene no olhar dos autores portugueses contemporâneos
現代葡萄牙作家眼中的 Dinamene 蒂娜梅
Dissertação de mestrado. 
Orient. Filipe de Saavedra. 
Macau: Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau,
Faculdade de Estudos Internacionais, 2025. 
(Dissertação defendida em julho de 2025, ainda não disponível online).

Liao Jiyang / 廖紀陽 (Henrique)
Um estudo das escolhas lexicais e da transmissão de contexto 
na tradução chinesa por Zhang Weimin das “Odes” de Luís de Camões
 路易士· 德· 卡蒙斯頌歌中文譯本(張維 民版本)的用詞選擇和語境傳達研究
 Dissertação de mestrado. 
Orient. Filipe de Saavedra. 
Macau: Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau,
Faculdade de Estudos Internacionais, 2025. 
(Dissertação defendida em maio de 2025, ainda não disponível online).



para saber +

in Luís de Camões - Diretório de Camonística




Edição: 31.08.2025

2025/08/30

Carlos Morais José e o romance de temática camoniana

 

Carlos Morais José
n. Lisboa, 1963. 
Poeta, escritor, editor e jornalista.

Licenciado em Antropologia pela Universidade Nova de Lisboa.

Foi jornalista do diário português O Século 
e do semanário O Independente

Em 1990, com 26 anos, mudou a sua residência e atividade para Macau,
trabalhando também aí em vários jornais e revistas:
Revista de Cultura, editada pelo Instituto Cultural de Macau;
o jornal Tribuna de Macau e o Macau Hoje.

Foi diretor da revista mensal Face (Macau, 1993)
e atualmente coordena  a revista trimestral Via do Meio 
(Lisboa, outono de 2023-), consagrada à sinologia.
É diretor do jornal diário Hoje Macau (desde set. 2001), em língua portuguesa,
fundou a editora COD e é também responsável pela Livros do Meio.

Tem várias obras publicadas e em diferentes géneros.

OBRA:

Crónicas, editoriais e banda desenhada: 
Porto interior: onde se fala de portugueses, chineses, burgueses, filipinos, deputados, governadores, tailandeses e outros malteses neste Macau à beira-China implantado (Macau, 1993), 
A Coluna da Saudade (Macau, 1994).
Complexo de Édito (2004, editoriais).
Caze: um caso de ópio (1997), com ilustração de Patrícia Fonseca.

 Ficção: 
A morte são 4 noites (Macau, 1996), 
O Arquivo das Confissões: Bernardo Vasques e a Inveja 
(Macau, 2016. | 2.ª ed., Lisboa, 2018. | Trad. em inglês, 2019),
Cartas ao mundo tal qual o conhecemos (2020),.

Poesia: 
Macau: o livro dos nomes (2010, 2.ª ed., rev. e aument., 2022), 
Anastasis (Lisboa, 2013), Visitações (2013), O Comedor de Nuvens (Macau, 2021).

Ensaios: 
Ladrão de Tempo (Macau, 2020),
Nove pontos na bruma: textos sobre a China (Macau, 2022).

Edição:
A poesia de Camilo Pessanha, Investigação, lição e apresent. 
de Carlos Morais José & Rui Cascais. ( Macau, 2004);
Quinhentos poemas chineses: antologia de poesia (Lisboa, 2014),
Coord. António Graça de Abreu & Carlos Morais José;
Obras completas de Wenceslau de Moraes, 9 vols. (Macau, 2004-20159).
A via do imortal / Li Bai (Lisboa, 2024); trad. e notas António Izidro, 
ed., rev. literária e introd. Carlos Morais José.

Argumento cinematográfico / representação:
"Pe San Ie: o Poeta de Macau", filme de longa-metragem de Rosa Coutinho Cabral.
(Em torno do exílio voluntário em Macau de camilo Pessanha)
Co-autoria do arg. de Rosa Coutinho Cabral, Carlos Morais José e Rui Pedro Mourão.
Um Produção de Art8 e Nocturno Filmes, 2018.
Trailer no Youtube.


O ROMANCE "O ARQUIVO DAS CONFISSÕES"
edições e tradução

O Arquivo das Confissões: Bernardo Vasques e a Inveja
ROMANCE
Macau: Livros do Oriente, 2016.

Obra lançada em Lisboa em outubro de 2016
e na Fundação Rui Cunha, em Macau, em 13 de dezembro de 2016.

2.ª ed., Lisboa: Arranha Céus, set. 2018.


The Archive of Confessions: Bernardo Vasques and Envy


Macao: PraiaGrande Edições, 2019.






O livro perdido de Camões na ficção de Carlos Morais José

O que aconteceu ao “Parnaso” de Luís de Camões?
por José Carlos Canoa

[...]

"O romance O Arquivo das Confissões: Bernardo Vasques e a Inveja (2016) tem 167 páginas repartidas por 27 breves capítulos numerados que se leem duma assentada. E todavia, a simplicidade da obra é aparente. 

Logo à entrada, na “Advertência ao leitor”, a nota preliminar funciona também como informação ao inverso: sendo uma “história” é certamente ficção e se, por isso mesmo, não é de esperar “rigor” ou “justeza” próprios da História, a narrativa nela irá beber, tratando-se, portanto, de um romance histórico, com uma personagem como Luís de Camões, que tanto é ficcional como verdadeira, tal como o cenário da Ilha na costa oriental africana, o furto de um manuscrito valioso e alguns outros aspetos da viagem que era estabelecida entre o Reino e o Estado da Índia. 

A natureza controversa do protagonista Bernardo Vasques e a ideia de ter existido em Macau um arquivo de confissões da comunidade são ótimos elementos ficcionais e envolvem o leitor no enredo simultaneamente fabuloso e credivelmente verdadeiro.

Complementarmente, no final da obra, Carlos Morais José regista nos “agradecimentos” as figuras da literatura, do cinema, da história e outras áreas do saber que o terão influenciado, entre elas, Helmut Schoeck, o autor de Envy: A theory of social behaviour (1966), que lhe proporcionará os fundamentos “científicos” para um pródigo exame da Inveja, outra protagonista da história.

Portanto, a narrativa de Carlos Morais José, para além de dialogar com a História de Portugal e a vida e a obra de Camões, configura e psico-romanceia Bernardo Vasques, desde a sua infância no núcleo familiar, passando pela comunidade académica de Coimbra e depois no grupo de viagem para a Índia, culminando em Macau.

Mas falemos do enredo e da organização da narrativa, construída em torno da leitura de um documento secreto, subtraído do Arquivo das Confissões, onde está retratada a dramática história de Bernardo Vasques, o homem que, devorado pela inveja, roubou na Ilha de Moçambique o Parnaso, um livro do grande poeta Luís de Camões. 

O livro inicia-se no presente, com a voz de um padre inglês protestante que medita sobre o estado eufórico que experimenta o viajante quando “parte da sua terra e enfrenta o desconhecido” (José 2018:11); é o seu caso – finalmente “a bordo de um veleiro a caminho da China” (idem, 11). Quando o barco que o transportava atracou em Singapura, onde teria de esperar dois dias por um transporte para Macau, acaba por ficar hospedado com a esposa na estalagem portuária “The Peacock Inn”, a qual dispunha de uma taberna espaçosa e mal frequentada no rés-do-chão. A hora é tardia, chove. Temos localizado o cenário ideal, bem ao jeito camiliano e mesmo queirosiano, para o convite à confissão das personagens, para o seu recuar ao passado e, da parte do leitor, a sensação ilusória de estar a ouvir uma história verídica.

Incapaz de adormecer, o padre desce à taberna, onde um padre católico irlandês em trânsito, a troco de um copo de aguardente, lhe “contará uma história única e merecedora de atenção” (idem, 27). Fica então a saber que “um pequeno grupo de jesuítas em Macau decidiu colecionar confissões e delas fazer objeto de estudo para uma melhor compreensão da mente, da alma e do espírito.” (idem, 29), criando então “um Arquivo de Confissões, onde os crimes, os desvios, os pecados e as lamúrias, numa palavra, uma extensiva parte da alma humana, se desvenda de forma voluntária e na sincera súplica do perdão” (idem:30), ou seja, resume-nos o padre católico, “uma biblioteca que contém os males do mundo” (idem.31). 

Perante a “inverosímil e fascinante história” do que considerou ser “os devaneios de um alcoólico ou de um louco” (idem:32), o padre católico tenta persuadi-lo passando-lhe um documento secreto – precisamente “a confissão de Bernardo Vasques, um português que viajou para a Índia no século XVI” (idem, 35). Estamos no cap. 4, assistindo a uma conversa que decorre num tempo presente, encontraremos doravante encaixada na narrativa outra narrativa, que pertence ao tempo passado. A narrativa inicial, a do personagem-narrador que é o padre inglês protestante, apenas será retomada no 27º e último capítulo, após terminar o relato contido no documento.

É precisamente esse documento, que ocupa 22 capítulos da sequência narrativa (cap. 5 – cap.26), que nos interessa. O documento, a confissão de Bernardo Vasques num tempo passado, teria sido transcrito pelo 1.º narrador, o padre inglês, pois o irlandês zelou pelo seu tesouro e levou-o consigo quando se sumiu de vez.

Mapa da ilha de Moçambique
in Itinerário de Jan Huygen van Linschoten (Amesterdão, 1595)
No cap. 5 inicia-se, pois, a voz de outra personagem. O incipit do mesmo é explícito: “Confissão de Bernardo Vasques, recolhida e comentada pelo Pe. Francisco Pacheco em meados de maio de 15...” (idem, 36). Continuamos com um padre, mas agora um jesuíta português em Macau, que ouve e regista em confissão um extraordinário navegante português. Mas logo a partir do cap. seguinte, o 6.º, e até ao 26.º, a voz e as peripécias de vida a que
assistiremos serão sempre do protagonista, Bernardo Vasques. E qual terá sido o crime que confessa? – O de ter roubado o “Parnaso” a Luís de Camões, na Ilha de Moçambique e, não lhe bastando, ter-lhe-á usurpado a própria identidade autoral desse livro.

Vivendo no tempo de Camões, zarpando na mesma rota marítima entre o Reino e o Estado da Índia, uma “nova porta que enfeitiçava a juventude” (idem, 43), natural seria que ele se cruzasse com o épico ou outros literatos seus amigos. É o que acontece, mas, ao contrário de Diogo de Couto, que com ele se junta no torna-viagem para Portugal, Bernardo Vasques avista-o na viagem de ida para a Índia. Tal ocorre nos caps. 12 a 14, o furto é executado no cap. 14.

No romance de Carlos Morais José, o Parnaso é um livro de poesia, o cancioneiro da lírica de Camões, o qual é furtado ao seu autor na Ilha e não no resto da viagem de regresso ao Reino ou já em Portugal; em vez de um amigo cronista, temos um inimigo poeta, uma espécie de poeta maldito, infetado pelos versos do Poeta (idem, 164), que se convence a si mesmo de estar a praticar o Bem, quando afinal está a servir o Mal (idem, 164). Torna-se um pecador em nome da inveja que o corrói, pois desejaria ser Ele, o inominado que é um Deus, o Absoluto em Poesia, mas que sabe ser incapaz de atingir, pois falta-lhe o talento d’Ele para ser Camões. Bernardo Vasques é o ser humano face ao poder da Arte, o sublime de uma obra-prima, que simultaneamente o exalta e oprime. Na impossibilidade de resumir a totalidade da experiência da leitura, tenhamos uma aproximação através de um excerto, que mostra uma das razões pelas quais o poeta Bernardo invejava o “príncipe dos poetas” a ponto de cometer um crime: 
“A sua obra era demasiado bela, encadeava. Como escrever depois dele? Quantos poetas vindouros não susteriam o verbo depois de lhe conhecerem os versos, por darem conta da impossibilidade de os igualar, ainda menos de os superar. O desaparecimento dos seus escritos sossegaria o futuro, manteria abertos os portões da imortalidade aos poetas a haver. Não era apenas a minha existência ameaçada: durante séculos os escritores comparar-se iam com ele e partilhariam do mesmo desespero. Aquela obra era demasiado genial para lhe ser permitida a existência. Nós, os mortais, não aguentaríamos viver a sua sombra. Destruí-la seria um ato humanitário, uma bondade digna do grande amigo do Homem.” (José 2028:87).

Em A literatura e o mal Georges Bataille afirma que ela “é o essencial ou não é nada” e se essa essencialidade também se acha vinculada ao mal é porque a literatura tem interesse como arte total, uma arte que desafia o bem convencional e a moral normativa, que confronta, pois, o mal. Todavia, ocorrendo no extremo do possível e do perigo, essa intensidade literária poderá levar as personagens à ruína. Bernardo Vasques perde-se, é um Anjo decaído, um Dorian Gray cujo retrato é uma confissão que espelha a sua degradação moral. A sua admiração extremada é quase irracional (idem, 161), o seu desejo é inveja, assumindo uma dimensão trágica como em les feux de l’envie do teatro de Shakespeare estudado por René Girard (1990). Por seu lado, Helmut Schoeck na sua obra mais conhecida A inveja: uma teoria social (1966), argumenta que a inveja é um sentimento universal e inerente à condição humana, desempenhando um papel central nas dinâmicas sociais. Em O Arquivo das Confissões ela é a protagonista, ostentada no subtítulo da obra. 

Mas quem roubou o Parnaso de Camões?


Este romance-tese, belo e profundo, que é O Arquivo das Confissões: Bernardo Vasques e a Inveja, de Carlos Morais José, ficciona de forma ousada e original a perda do “Parnaso de Luís de Camões”. A sua trama é imaginada, mas também ousada – convida-nos a conhecer o lado sombrio da natureza humana, a compreender o desejo que se reveste de inveja e também de culpa. A poesia de Camões é luz, encandeia, pode fascinar e cegar, exaltar e oprimir. E Camões, o seu criador, surge ora como um Deus omnipotente ora como um Fantasma obsidiante, nunca nomeado.

O mistério do desaparecimento do Parnaso inspirou esta narrativa contemporânea. O romance, ao refletir sobre a questão da inveja, com todas as suas implicações negativas e positivas, poderá ser a chave para a descoberta do verdadeiro “Parnaso” e do seu roubador. Para tal, será preciso pensar fora dos esquemas mentais convencionais e académicos. 

Se, como suspeita Maria Augusta Lima Cruz, o trecho biográfico do Poeta na Década 8.ª da Ásia pode ser uma “’construção’ biográfica, elaborada por Couto, mais de 40 anos após o encontro em Moçambique”, não sendo mais que “uma das muitas reconstituições da vida de Camões, baseadas na exegese da sua produção literária e nos seus primeiros biógrafos. (Cruz 2024) – Onde está o “Parnaso”? Que obra conhecida ou pouco conhecida de um autor da época de Camões revela afinidades com o estilo literário camoniano, com a vivência no Oriente do soldado-poeta? Alguns estudiosos estiveram perto, interrogando-se porque é que alguns aspetos da vida e da obra com que se ocupavam não eram perfeitos, não encaixavam no sistema. Falta aceitar a inveja e a maldade para se poder chegar a uma eventual usurpação de identidade, como em Os Naufrágios de Camões de Mário Cláudio, ou chegar ao livro furtado, como na narrativa de Carlos Morais José."
José Carlos Canoa
in © "Os livros perdidos de Camões na ficção contemporânea" (excerto)
comunicação apresentada no II Congresso do 
Meio Milénio do Nascimento de Camões 1525-2025: Maputo & Ilha de Moçambique.
Em Moçambique, de 6 a 10 de junho de 2025. 
Org. RCnA&A, U. Politécnica e U. Eduardo Mondlane, de Moçambique). 



  1. "Os livros perdidos de Camões na ficção contemporânea", slide da comunicação apresentada no II Congresso do Meio Milénio do Nascimento de Camões 1525-2025: Maputo & Ilha de Moçambique6.06.2025, por José Carlos Canoa.
  2. Cartaz do lançamento do romance em Macau, na Fundação Rui Cunha, em 13 de dez. 2016.
  3. Capa da revista Via do Meio, n.º 1 (outono 2023): Que Vinho se bebe na China?, dirigida em Macau por Carlos Morais José. - Inteiramente dedicada à cultura chinesa, nas áreas do Pensamento, da História, da Etnologia, da Literatura e as Artes, etc., com colaboração de sinólogos de várias nacionalidades.
  4. “Pé San Ié: o Poeta de Macau” (2017), é um projeto da realizadora Rosa Coutinho Cabral e da produtora Maria Paula Monteiro. Uma longa metragem inpirada na vida e na obra de Camilo Pessanha.


para saber +



José C. Mendes
(em torno de Nove pontos na bruma: textos sobre a China, Macau, 2022)
Entrevista, em Hoje Macau, 9.03.2022

Julia Martins
Em Mil Folhas, de Deus me Livro, 08.03.2019

Rui Filipe Torres 
Isabel Castro
Literatura, em Hoje Macau, 15.12.2016

Catarina Domingues (texto), Gonçalo Lobo Pinheiro (fotos)
in Revista Macau, jun. 2011

VII Festival Literário de Macau – Rota das Letras
Macau, Oficinas Navais – em direto.
Painel 7:
“O Arquivo das Confissões: Bernardo Vasques e a Inveja”, um caso de tradução
Conversa entre Carlos Morais José, David Brookshaw, Glenn Timmermans
Vídeo no Rota das Letras | Facebook






Redação: 29.08.2025

CAMONISTA - Frederico Lourenço
















Frederico Lourenço

Frederico Maria Bio Lourenço

n. Lisboa, 8.05.1963.
Escritor, tradutor, ensaísta, crítico, professor e camonista


Fez a instrução primária em Inglaterra (Oxford), entre 1965 e 1973. De regresso a Portugal, frequentou o Lycée Français Charles Lepierre, em Lisboa, estudou música (piano e cravo) e língua alemã. Licenciou-se em Línguas e Literaturas Clássicas na Univ. de Lisboa (1988), onde mais tarde se doutorou com uma tese sobre a lírica de Eurípides. 

Desde 1989 que é docente, primeiro na FLUL (1989- 2009) e depois na FLUC.

Tem-se dedicado ao estudo e tradução da literatura grega, interessando-se igualmente pela literatura e culturas portuguesas, particularmente poesia, teatro e cinema. Nesse sentido, para além de ter publicado ensaios de crítica literária em revistas como Colóquio/Letras, Euphrosyne, Humanitas, Journal of Hellenic Studies e Classical Quarterly, tem colaborado nos jornais Expresso, Independente e Público e nos catálogos As folhas da Cinemateca.

Como ficcionista, compôs uma trilogia romanesca «de cunho autobiográfico» com «ressonâncias da cultura clássica e mais explicitamente da herança camoniana» – Pode um desejo imenso / O curso das estrelas / À beira do mundo. três romances reunidos posteriormente num volume único sob o título Pode um desejo imenso (2006). Mais explicitamente autobiográficos são os livros: Amar não acaba (2004) e A máquina do Arcanjo (2006). Denominou uma sua coletânea de contos A formosa pintura do mundo (2005). Estreou-se como poeta com Santo Asinha e outros poemas (2010).

Conhecido pelo seu romance camoniano Pode um desejo imenso (2002), reeditado várias vezes, por estudos académicos sobre Luís de Camões, mais recentemente Frederico Lourenço consagrou ao Poeta uma coletânea poética com texto escolhidos e anotados por si - Camões: uma antologia (2024). Durante a efeméride dos 500 anos de Camões, o professor e ensaísta tem participado ativamente em debates e outros eventos camonianos na academia, na rádio, na Biblioteca Nacional, entre outros locais de conhecimento e comunicação. 

A versão original de Pode um desejo imenso ganhou o Prémio PEN para a primeira obra (2002) e foi reeditada várias vezes. Em 2006, o autor recebeu, o Prémio Europa / David Mourão-Ferreira, 2006, numa iniciativa conjunta da Universidade de Bari, do Instituto Camões e da Fundação Gulbenkian. Este prémio consiste na tradução para italiano e para outras três línguas europeias da atual edição, ampliando o reconhecimento internacional do escritor.


CAMONIANA e Clássica



Camões: uma antologia

Textos escolhidos e anotados

por Frederico Lourenço

Lisboa: Quetzal, 2024.

Uma antologia que é uma homenagem ao grande Poeta
no quinto centenário do seu nascimento.
Na antologia dá-se a ler passagens escolhidas 
da sua obra épica - Os Lusíadas (1572), e da sua poesia lírica - as Rimas (1595, etc.),
acompanhadas de comentários acessíveis e eruditos.

Frederico Lourenço explora aqui, com renovado interesse, 
a questão da presença clássica na obra camoniana.

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 14.05.2024



Pode um desejo imenso: romance

TRILOGIA FICIONAL

1.ª edição na editora Quetzal, Lisboa, 2022.

(6.ª ed., revista e integral, em Lisboa: Livros Cotovia, 2015)


1.
Pode um desejo imenso
Lisboa: Livros Cotovia, 2002. 
[167 p.; 21 cm]

2.
O curso das estrelas
Lisboa: Livros Cotovia, 2002. | 2.ª e 3.ª ed., 2005.

3.
À beira do mundo
Lisboa: Livros Cotovia, 2003 | 2.ª ed., 2005. | 3.ª ed., 2006. 


Estes três títulos estão reunidos num volume único, 
na “nova edição revista e integral”, a [5.ª] ed. de 2006, 
sob o título Pode um desejo imenso
Apresenta-se, assim, o romance completo, tal como idealizado. 
Contém um posfácio do autor sobre
a génese e pressupostos teóricos deste texto ficcional.
Prémio Europa - David Mourão-Ferreira,
o qual consiste na tradução para italiano e para outras três línguas europeias 
da atual edição de Pode um desejo imenso.






  • The lyric metres of Euripidean drama. Coimbra: Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos da Universidade, 2011.
  • Novos ensaios Helénicos e Alemães. Lisboa: Cotovia, 2008.
  • A Ilíada / Homero. Ttrad. do grego e introd. Frederico Lourenço. Lisboa: Cotovia, 2005 / 2007. | 1a reimp., 2009 | 4.ª 2010 | 5ª 2012.
  • Poesia grega / Álcman, Teócrito. Org., trad., notas Frederico Lourenço. Lisboa: Cotovia, 2006.
  • Medeia: recriação poética da tragédia de Eurípides / Sophia de mello Breyner Andresen ; pref. Frederico Lourenço. Lisboa: Caminho, 2006.
  • Filoctetes: teatro / Sófocles. Recriação poética de Frederico Lourenço. Lisboa: Cotovia, 2006.
  • Hipólito / Eurípides. Trad., introd. e notas Frederico Lourenço; ed. Fernando Mão de Ferro. Lisboa: Colibri, 1993. |  1.ª ed. Coimbra: Festea Tema Clássico, 2005.
  •  A Odisseia de Homero adaptada para jovens. Adapt. Frederico Lourenço; il. Richard Luchi. Lisboa: Cotovia, 2005.  | 2ª 2006 | 3ª 2007 | 1.ª reimp., Lisboa: Cotovia, 2010.  | 6.ª 2010. | 7.ª 2012.
  • Grécia revisitada: ensaios sobre cultura grega. Lisboa: Livros Cotovia, 2004. | 2ª 2004 | 3.ª 2006.
  • Actéon em Sintra. Lisboa: Cotovia, 2004.
  • Odisseia / Homero. Trad. Frederico Lourenço. Lisboa: Livros Cotovia, 2003.
  • Euripidean Lyric: metre and textual tradition. - Tese. Lisboa, 1999.
  • Eros e Philia na Cultura Grega: actas / Colóquio... . - Ed. Aires A. Nascimento, Victor J. V. Jabouille, Frederico Lourenço. Lisboa : Euphrosyne - Centro de Estudos Clássicos, 1996.
  • Íon / Eurípedes. Trad. introd. e notas de Frederico Lourenço. Lisboa: Colibri, 1994.
  • Imagens e expressões de deleite estético na poesia grega: elementos para a definição de uma problemática. Coimbra, 1993.
  • Eros e psique no Fedro de Platão. - Trabalho para prestação de Provas de Aptidão Pedagógica em Cultura Clássica. Lisboa: FLUL, 1992.
  • Vitalidade cómica e crítica literária nas Tesmoforiantes de Aristófanes. - Trabalho de síntese para prestação de Provas de Capacidade Científica em Cultura Clássica, apresentado à FLUL. Lisboa, 1992.


ATIVIDADES CAMONIANAS


"Contexto e modelos da obra camoniana”
Ciclo de debates "Camões. Aqui e agora"
Moderação de Albano Figueiredo
e a participação de Frederico Lourenço e Manuel Ferro.
14 MAI. 2025, quarta-feira, às 18h00
Na Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da U. Coimbra.
***
Saiba mais aqui:
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 7.05.2025



Por mares nunca de antes navegados:
a voz de Camões ouvida e explicada na Antena 2
Oitavas comentadas por Frederico Lourenço.
Leitura de André Gago.
***
"Nas estâncias finais da narração de Vasco da Gama, 
Camões invoca os poetas clássicos Homero e Vergílio. 
O comentário centra-se na questão da atitude de Camões em relação a Homero."
***
Por mares nunca de antes navegados 
Programação da Antena 2  assinalando os 500 anos de Luís Vaz de Camões
28 JAN. a 10 JUN. 2025 | às terças-feiras | 08h30 e 18h30
Org. Coordenação de José A. Cardoso Bernardes, 
com Frederico Lourenço, Isabel Almeida, Micaela Ramon Moreira, 
Zulmira Santos, e leituras por André Gago.
***
Saiba mais aqui:
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 27.05.2025



Fonte da imagem: perfil de Facebook de © Jorge Reis-Sá
"1000 Vezes Camões"
Episódio 3, 14 dez. 2024, na RTP3, Portugal
Influências clássicas | Vídeo, 12:46
com Frederico Lourenço.
***
Na série 15 documetários culturais
Concepção e apresentação de Jorge Reis-Sá
Realização de Ricardo Espírito Santo; produção executiva de Madalena Silva
30 Nov. 2024 a 8 MAR. 2025, aos sábados, às 18h45, na RTP3
Disponível na RTP Play
***
Saiba mais aqui: 
"1000 Vezes Camões"
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 6.01.2025



Aula: CAMÕES
por Frederico Lourenço
4 MAIO 2024 | 11:00 - 12:00
Sala Sophia de Mello Breyner Andresen, Centro Cultural de Belém
Atividade integrada no programa do
***
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 27.04.2024



Conferência magistral: Camões e os Clássicos
por Frederico Lourenço
Professor da Universidade de Coimbra
3 JUN. 2024 | 12h
Aula Magna • Faculdade de Filologia • Universidade de Salamanca
***
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 16.03.2024





para saber +

Frederico Lourenço | Facebook

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 26.06.2025
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 14.05.2025

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 14.05.2025

 
Sílvia Souto Cunha
"Camões: uma antologia", in Visão, n.º 1631 (5 a 12.06.2024):
Camões: A história, os mitos e o enigma.

João Céu e Silva
in DN online, 27.05.2024

Alexandra Antunes
in Sapo 24, 16.05.2024.








30.08.2025

2025/08/24

Receção crítica - Camonistas, A a Z







Os autores de estudos monográficos (ensaio, dissertação ou tese), artigos, capítulos de livros, etc., acerca do poeta e a sua obra, ao longo dos tempos.


"A origem e o desenvolvimento plurissecular da camonologia estão contemplados em [...] numerosos camonistas, desde Pedro de Mariz, Manuel Correia, Severim de Faria e Faria e Sousa até Hernâni Cidade, Rebelo Gonçalves, Costa Pimpão, Emmanuel Pereira Filho e Jorge de Sena. Ao longo dos tempos foram os camonistas que, como biógrafos, comentadores, editores, filólogos, historiadores literários e hermeneutas, contribuíram decisivamente para que a obra de Camões fosse difundida, estudada e admirada." 
- Aguiar e Silva | Dicionário de Luís de Camões, 2011.


Legenda:
* Camonistas com "entrada" fora do Diretório.
** Camonistas com verbete no Diretório.



CAMONISTAS, A a Z


Camonistas atuais

Abel N. Pena
Aires Nascimento
Albano Figueiredo
Ana Filipa Gomes Ferreira
Ana María García Martín
Ana María S. Tarso
Ángel Marcos de Dios
Anne-Marie Quint
António Apolinário Lourenço
Artur Anselmo
Barbara Spaggiari
Carlos Ascenso André
Carlos Cunha
Edward Glaser
Elias Torres Feijó
Fabio Vianna Peres
Fernando Azevedo
Fernando Paulo Baptista
Fernando Pinto do Amaral
Filipa Medeiros
Francisco da Luz Rebelo Gonçalves
George Monteiro
Gilberto Mendonça Teles
Helena Langrouva
Hélio J. S. Alves
Irina Khoklova
João de Almeida Flor
João José Alves Dias
João Luís Lisboa
José Cândido de Oliveira Martins
Juan M. Carrasco González
Júlia Garraio
Kennedth David Jackson
Luís de Oliveira e Silva
Luís de Sá Fardilha
Luís Maffei
Mafalda Ferin Cunha
Margarida Braga Neves
Maria Augusta Lima Cruz
Maria Bochicchio
Maria da Conceição F. Pires
Maria Manuela Gouveia Delille
Maria do Rosário Lupi Belo
Marina Machado Rodrigues
Martim de Albuquerque
Maurizio Perugi
Micaela Ramon
Paulo de Medeiros
Paulo Meneses
Pedro Serra
Roberto Mulinacci
Sheila Moura Hue
Silvina Pereira
Simon Spark
T. F. Earle
Virgínia Soares Pereira
Teófilo Braga (1843-1924)
Xosé Manuel Dasilva
Zulmira Santos

Camonistas dos sécs. XIX e XX

Afonso Lopes Vieira
Américo da Costa Ramalho
Amadeu Torres
Aníbal Pinto de Castro
António Cirurgião
António Salgado Junior
António Sérgio
António Soares Amora
Aníbal Pinto de Castro
António Feliciano de Castilho (1800-1875)
Aubrey F G Bell
Camilo Castelo Branco (1825-1890)
Carvalho, José Gonçalo Herculano de
Conde de Ficalho
Dias, Augusto Epifânio da Silva
Dinah Moraes Nunes Rodrigues
Eugénio de Andrade
Fidelino de Figueiredo
Francisco Marques de Sousa Viterbo
Georges Le Gentil
Inocêncio Francisco da Silva (1810-1876)
Ivo Castro
John Adamson (1787-1855)
José de Almeida Pavão
José do Canto (1820-1898 )
José Gomes Monteiro (1807-1879)
José Maria Rodrigues
Júlio Afrânio Peixoto
Leodegário A. de Azevedo Filho
Luís Gonzaga Gomes
D. Manuel II de Portugal (1889-1932)
Manuel Rodrigues Lapa
Júlio Afrânio Peixoto
Leodegário A. de Azevedo Filho
D. Manuel II de Portugal (1889-1932)
Manuel Rodrigues Lapa
Maria de Lourdes Belchior
Maria Ema Tarracha Ferreira
Maria Helena da Rocha Pereira
Maria Leonor Machado de Sousa
Nuno Júdice
Ofélia Paiva Monteiro
Pedro Venceslau de Brito Aranha (1833-1914)
Reis Brasil
Tomás Norton (1804-1860)
Vasco Graça Moura
Visconde de Juromenha (1807-1887)
Wilhelm Stork
Xosé Filgueira Valverde

Camonistas dos sécs. XVI - XVIII.

D. António Álvares da Cunha
Diogo Brabosa Machado (1741-1759)
Frei Bartolomeu Ferreira (1.º censor de Camões)
Manuel Coelho [2.º censor de Camões]
Manuel Correia (c1550-1609)
Manuel de Faria e Sousa
Manuel Pires de Almeida (1597-?, 1655)
Manuel Severim de Faria
Marcos de S. Lourenço
Manuel Coelho [2.º censor de Camões]
Manuel Correia (c1550-1609)
Manuel de Faria e Sousa
Manuel Pires de Almeida (1597-?, 1655)
Manuel Severim de Faria
Marcos de S. Lourenço
Pedro de Mariz
P.e Tomás José de Aquino








Atualizado: 12.01.2025

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