2025/06/30

Um bicho da terra tão pequeno, recriações artísticas dos versos de Camões ao longo dos tempos



1572 | 1941 | 2005 | 2006 | 2025



Ilustração de Os Lusíadas por por Carlos Alberto Santos

1. - Os versos de Camões


"No mar tanta tormenta e tanto dano,
Tantas vezes a morte apercebida!
Na terra tanta guerra, tanto engano,
Tanta necessidade aborrecida!
Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
contra um bicho da terra tão pequeno?"

Luís de Camões
Os Lusíadas, Canto I, estância 106


2. - Uma tradução

Stefan Zweig (n. 28.11.1881- m. 22.02.1942), 
escritor e jornalista austríaco de origem judaica,
vivia exilado em Petrópolis, no Brasil, em 1941,
e traduziu para o alemão a estrofe 106 do Canto I d’Os Lusíadas, de Camões.
Então, no segundo semestre desse ano, enviou a sua tradução impressa,
como cartão de final de ano, aos seus amigos também no exílio.
Morreria pouco depois, em fevereiro de 1942.

Cartão de Stefan Zweig, 1941. Coleção de Pedro Corrêa do Lago.


3 - Uma canção dançada

Em 2005, o cantor e compositor Caetano Veloso
brasileiro mas não conhecedor desse ato de há 64 anos,
escolheu os quatro versos finais da mesma oitava camoniana
para compor uma das novas canções que integram 
a banda sonora do espetáculo de dança “Onqotô”,
do Grupo Corpo, de Belo Horizonte.
Caetano Veloso e Zé Miguel Wisnik, os compositores da banda sonora de “Onqotô”.

4 - Um vídeopoema

Em 2006, André Vallias fez a videoanimação,
com fragmentos de “O Cinema Falado”,
para publicação na revista "Errática".
No seu vídeo junta os dois momentos de receção dos versos de Camões: 
a sua tradução para alemão e a sua versão musicada
No "vídeopoema", a voz é de Greice Carvalho.

"Tão pequeno" - Videopoema, 2006, da autoria de André Vallias



5 - Uma exposição

O vídeopoema de André Vallias
voltou a ser apresentado agora na Exposição "CAMÕES 500"
com curadoria de Paulo da Silva Pereira e Filipa Araújo
Patente de 9 jan. a 25 jul. 2025, 
na Sala de São Pedro, da Biblioteca Geral da U. Coimbra.
Integra a quarta secção da mesma, intitulada
a qual problematiza outros modos de reinventar 
o legado de Camões, projetando-o para o futuro.






para saber +

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 11.05.2025

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 29.06.2025







Redação: 29.06.2025

2025/06/29

Onqotô, obra de dança do Grupo Corpo



ONQOTÔ
[Onde é que que eu estou?]

ESPETÁCULO DE DANÇA E MÚSICA


ONQOTÔ, corruptela de uma das indagações existenciais 
que atravessam a criação da banda sonora e do espetáculo como um todo: 
“Onde é que eu estou?” | “Para onde é que eu vou?” | “Quem é que eu sou?”
ou, em mineirês castiço: “Onqotô?”, “Pronqovô”, “Qemqosô?”
É o nome do espetáculo de dança que marcou as três décadas de vida 
do Grupo Corpo, em 2005.

2015 | Belo Horizonte, MG, Brasil

Coreografia: Rodrigo Pederneiras
Música: Caetano Veloso e Zé Miguel Wisnik
Cenografia e Iluminação: Paulo Pederneiras
Figurinos: Freusa Zechmeister

Criação:



Em 2005, ao completar 30 anos de percurso, 
a renomada companhia de dança brasileira  Grupo Corpo
apresentou “Onqotô”, uma obra
de dança, música e literatura
que contempla também versos de Camões.


 A música foi intencionalmente criada pelo cantor e compositor Caetano Veloso, 
e José Miguel Wisnik, poeta, músico e professor universitário. 


"Tão Pequeno"

"Onde pode acolher-se um fraco humano,
Onde terá segura a curta vida,
Que não se arme e se indigne o Céu sereno
Contra um bicho da terra tão pequeno?"
Versos d'Os Lusíadas de Camões, musicados por Caetano Veloso

Grupo Corpo - Onqotô | Vídeo, 05:25
GrupoCorpoOficial | Youtube

"Pesar do Mundo"

Caetano fez uma releitura de "Pesar do Mundo, 
de José Miguel Wisnik e Paulo das Neves, 
peça gravada originalmente no primeiro disco do compositor paulista (1993)
e agora incorporado na banda sonora do espetáculo:
...
pesar de tudo
pesar do peso
pesar do mundo
sobre si mesmo
...
José Miguel Wisnik e Paulo Neves

GrupoCorpoOficial | Youtube

"Mortal Loucura" 

é uma composição musical de José Miguel Wisnik 
inspirada no poeta barroco Gregório de Mattos, 
e com coreografia no espetáculo.

Na oração, que desaterra … a terra,
Quer Deus que a quem está o cuidado … dado,
Pregue que a vida é emprestado … estado,
Mistérios mil que desenterra … enterra

Quem não cuida de si, que é terra, … erra,
Que o alto Rei, por afamado … amado,
É quem lhe assiste ao desvelado … lado,
Da morte ao ar não desaferra, … aferra. 
Quem do mundo a mortal loucura … cura,
A vontade de Deus sagrada … agrada
Firmar-lhe a vida em atadura … dura. 
O voz zelosa, que dobrada … brada,
Já sei que a flor da formosura, … usura,
Será no fim dessa jornada … nada.
José Miguel Wisnik sobre soneto de Gregório de Matos

In GrupoCorpoOficial | Youtube
Bailarinos: Silvia Gaspar, Beto Venceslau, Janaina Castro, Juliana Meziat


A pequeneza do Homem face à vastidão do Universo

"Onqotô, em 2005, marcou as comemorações 
dos 30 anos de atividade do Grupo Corpo

Assinada por Caetano Veloso e José Miguel Wisnik, 
a trilha sonora tem como ponto de partida 
uma bem-humorada discussão sobre a “paternidade” do Universo. 
De um lado, estaria a teoria do Big-Bang, a grande explosão primordial, 
cuja expressão consagrada pela comunidade científica mundial 
parece atribuir à cultura anglo-saxônica dominante a criação do Universo; 
e, de outro, uma máxima espirituosa 
formulada pelo genial dramaturgo (e comentarista esportivo) Nelson Rodrigues 
sobre o clássico maior do futebol carioca, segundo a qual se poderia inferir que 
o Cosmos teria sido “concebido” sob o signo indelével da brasilidade: 
“O Fla-Flu começou quarenta minutos antes do nada”.

Instrumentais ou com letra, os nove temas que compõem os 42 minutos de trilha 
estabelecem uma sucessão de diálogos rítmicos, melódicos e poéticos 
em torno das “cenas de origem” eleitas por seus criadores 
e do sentimento de desamparo inerente à condição humana.

Na coreografia criada por Rodrigo Pederneiras
verticalidade e horizontalidade, caos e ordenação, 
brusquidez e brandura, volume e escassez 
se contrapõem e se superpõem, em consonância 
(e, eventualmente, em dissonância) com a trilha musical, 
desvelando significados, melodias e ritmos que subjazem ao estímulo sonoro.

Urdida com tiras de borracha cor de grafite, a cenografia de Paulo Pederneiras 
funda um espaço cênico côncavo que sugere 
tanto um recorte do globo terrestre com seus meridianos 
quanto um oco, um buraco negro, o nada ou a anterioridade de tudo. 
Com todos os refletores fixados na estrutura metálica que sustenta a fileira de tiras, 
a luz projetada por Paulo Pederneiras imprime na cena 
uma iluminação que remete à dos estádios de futebol.

A figurinista Freusa Zechmeister transforma os bailarinos 
em uma massa anônima que se funde (e se confunde) com o espaço cênico, 
permitindo, deste modo, que coreografia e cenário 
exerçam plenamente sua tridimensionalidade."

In GrupoCorpoOficial | Youtube, 30.03.2015






para saber +


Av. Bandeirantes, 866, Mangabeiras
30315-382, Belo Horizonte - MG
+55 - 31 3221 7701

Grupo Corpo | Site oficial


Angela de Almeida
Folha de lançamento do espetáculo | [PDF]
Jul. 2005








Redação: 29.06.2025

2025/06/28

Isabel Rio Novo de visita ao IPOR em Junho, mês de Camões



"FORTUNA, CASO, TEMPO E SORTE"

BIOGRAFIA DE LUÍS VAZ DE CAMÕES

《命運、機遇、時代與氣運——賈梅士傳》

APRESENTAÇÃO DO LIVRO

de Isabel Rio Novo


28 JUN. 2025 | 17h00

No Auditório Dr. Stanley Ho, 
Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong

Organização /  主辦機構 :

IPOR - Instituto Português do Oriente
Com o apoio de
Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.
Consulado-Geral de Portugal em Macau e Hong Kong

"Lançado em junho de 2024, o livro Fortuna, Caso, Tempo e Sorte: biografia de Luís Vaz de Camões, de Isabel Rio Novo, será agora apresentado em Macau. A obra é resultado de um estudo profundo das fontes já conhecidas, mas também da descoberta de dados inéditos.

O livro reúne e relaciona centenas de contribuições e reconstrói a época para valorizar o homem e o poeta, revelando aspectos ocultos ao longo de séculos e, assim, restituir a história de uma personalidade extraordinária."

Isabel Rio Novo 所著的《命運、機遇、時代與氣運—一賈梅士傳》已於2024年6月出版,現將於澳門舉行新書發佈會。這部作品不僅對已知文獻進行了深入研究,更發掘了許多從未公開的珍貴史料。本書匯集了數百份相關文獻,透過重建歷史場景來彰顯這位偉大詩人的生平,揭開了數世紀以來被隱藏的真相,完整重現這位非凡人物的傳奇一生。"



in TDM - Teledifusão de Macau, 28.06.2025




para saber +

Andreia Sofia Silva
in Hoje Macau, Entrevista - Manchete, 26.06.2025

in IPOR - Instituto Português do Oriente, 28.05.2025

in Luís de Camões - Diretório de Camonística








Redação: 8.06.2025, atualizado em 29.06.2025

2025/06/25

Camões universal, ou “Nós” e “os outros” em Camões - mesa-redonda no âmbito das "Noite das Ideias 2025",



Imagem em Luís de Camões 500 | Facebook, 27.06.2025

“Nós” e “os outros” em Camões

MESA-REDONDA

com Gonçalo M. Tavares, Isabel Almeida e José Augusto Cardoso Bernardes, 
sob a moderação de Pedro Sousa Pereira


25 JUN. 2025 | às 20h00

Na Sala Luis Miguel Cintra, Teatro São Luiz, em Lisboa

PERCURSO 2 – Universal?



No âmbito das "Noite das Ideias 2025", 25 jun. 2025 18h, 
no Teatro Municipal São Luiz em Lisboa, entrada livre,
com debates, performances, espetáculos, encontros literários e concertos,
em que será explorado o tema 
“Poder de Agir – Em busca de um novo horizonte de universalidade”.

Organização:

 Institut français du Portugal no âmbito do programa MaisFRANÇA 
São Luiz Teatro Municipal



"Teve lugar a mesa-redonda “Nós” e “os outros” em Camões, 
uma reflexão profunda sobre identidade, alteridade 
e os modos como o pensamento camoniano continua a interpelar o presente.

Num diálogo vivo e intelectualmente exigente, 
Isabel Almeida, José Augusto Cardoso Bernardes e Gonçalo M. Tavares, 
sob a moderação de Pedro Sousa Pereira (KHRON), 
revisitaram o legado de Camões, questionando 
os limites do universal e os contornos do “nós” construído através da literatura.

Agradecemos a todos os que se juntaram 
a esta conversa essencial no coração de Lisboa, 
onde o passado se reencontra com o pensamento contemporâneo."

Luís de Camões 500 | Facebook, 27.06.2025



para saber +

in Teatro São Luiz


in plataforma BUALA, 24.06.2025






Redação: 10.07.2025

2025/06/18

Guião da biografia de Camões por Isabel Rio Novo

Fortuna, Caso, Tempo e Sorte: 
biografia de Luís de Camões

Autoria de Isabel Rio Novo
1.ª edição, Lisboa: Contraponto, jun. 2024




Composição da obra:

728 págs.:

"Índice” geral, p. 7-8.

Epígrafes, p. 9: 

citação de Luís de Camões (LC)
 (contendo o verso camoniano aproveitado para o título da biografia escrita); 

Francisco Alexandre Lobo (1848, problematizando a dicotomia História/ficção); 

Visconde Juromenha (1860, ensaiar ir mais além nos estudos); 

Faria e Sousa (1639, ter ânimo para prosseguir no projeto de escrita da biografia).

“Nota Prévia”, p. 11: 

opção de “atualizar a grafia e modernizar a pontuação”.

Texto da BIOGRAFIA, p. 13-590 (= 577).


“Agradecimentos”, p. 591-593.


“Notas” finais dos 39 capítulos, p. 595-681 (= 86 p.).


“Bibliografia”, p. 683-720 (= 37 p.)

[1.] “Edições de obras de Luís de Camões”, p. 683-686;

[2.] “Fontes manuscritas para a biografia de Camões”, p. 686;
[3.] “Fontes impressas para a biografia de Camões”, p. 686-689;
[4.] “Estudos sobre a família, a vida e a obra de Camões”, p. 690-703;

[5.] “Fontes manuscritas sobre a época e contemporâneos de Camões”, p. 703;
[6.] “Fontes impressas sobre a época e contemporâneos de Camões”, p. 703-708;
[7.] “Estudos sobre a época e contemporâneos de Camões”, p. 708-718;

[8.] “Obras poéticas, ficcionais, literatura de viagens”, p. 718-719;

[9.] “Dicionários e obras de referência”, p. 719-720.

“Índice onomástico”, p. 721-727 (= 7 p.)




Estrutura do texto biográfico:

39 capítulos

N.º do capítulo | Título do capítulo | Página
Sumário

GALIZA-PORTUGAL

1. "A casa da ave a que chamam camão" | 13-28

  • As origens galegas da família do Poeta.

COIMBRA

2. "Vestígios da primeira idade" | 29-47

  • A data de nascimento, a naturalidade; 
  • os estudos e as brincadeiras da infância. 
  • A ida para Coimbra, na adolescência.

3. "Mocidade florida" | 49-62

  • A mocidade em Coimbra: os estudos amparados pelo tio Bento e eventualmente os estudos universitários em Leis. 
  • Coimbra histórica e universitária.

4. "A palma antre todos" | 63-73

  • A vida de estudante na Coimbra do séc. XVI. 
  • A estreia do dramaturgo com a escrita do “Auto dos Enfatriões”. 
  • A iniciação amorosa.

LISBOA

5. "Terra nova e estranha" | 75-85

  • Mudança do jovem, com cerca de 18 anos, para Lisboa, capital do Reino e do império português. Os pais habitam na Mouraria.

6. "Barca de vidro sem leme" | 87-100

  • Sem vocação religiosa, solteiro, Camões tenta “obter uma situação profissional”.

7. "Inveja a toda a gente" | 101-117

  • Participação em serões culturais palacianos, os jogos amorosos (cortejar de damas) e os desafios em verso – Resposta de Camões ao mote de D. Francisca de Aragão. A atuação do Poeta desperta invejas e ciúmes; inimizades entre os seus pares. 
  • Dos palácios para as tabernas e bordéis.
  • Representação da “Comédia d’El-rei Seleuco” (113-117).

8. "Filodemo e Duriano" | 119-132

  • A duplicidade camoniana – vida cortesã/mundo das ruas, estilo popular/erudito, amor cortês/amores sensuais. 
  • O amigo dramaturgo de Camões, António Prestes (119-120). 
  • A correspondência epistolar de Camões e o submundo libidinoso da capital (120-124); este como inspiração da sua poesia (124-7) e do seu teatro (127-8). 
  • A vertente de “Duriano” do Poeta percecionada pelos contemporâneos (129-131).

9. "Os laços que amor arma brandamente" | 133-144

  • Um amor impossível por uma dama do paço: as informações dos biógrafos (133-5); 
  • as damas do paço da rainha (135-7); os objetos e as circunstâncias desses amores (137-9); as histórias de amores (139-141); 
  • o desterro de Camões por causa de um amor inconveniente (142-4).

RIBATEJO

10. "O áspero degredo" | 145-157

  • Desterro em terras ribatejanas (145-6): Santarém, ou Alenquer, ou Belver (146), ou Constância (na altura chamada “Punhete”) (147-8); 
  • “o seu itinerário sentimental”: em Constância (148-9), por uma dama do paço não nomeada (149), por D. “Caterina” de Ataíde, cujo anagrama será “Natércia” (149-153-5). 
  • Regresso a Lisboa, do degredo, e à vida noturna da capital, onde eventualmente contraiu a sífilis (156-7). 

MARROCOS: CEUTA

11. "O mal da ausência" | 159-

  • Reincidindo na mesma circunstância amorosa, Camões foi castigado com um segundo desterro (159-160): causas (160), data (161-5), antecedentes do degredo (161-2), o serviço militar em Ceuta (162-5). 
  • A presença portuguesa em Marrocos, a experiência de Camões (165-170).

12. "O assopro da morte" | 171-185

  • A estreia militar em Ceuta: a viagem (171-2), a fortificação de Ceuta (172), a vida da população e dos soldados, as almogavarias (174-);
  • textos escritos por Camões nesta situação (174-7); 
  • o uso de artilharia evoluída na guerra em África (177-9); 
  • Camões e a escrita sobre a guerra na sua obra,... (179-183); 
  • a perda de um olho (183-5); o uso de pala na iconografia camoniana (185).

LISBOA

13. "Cara sem olhos" | 187-202

  • Regresso de Camões a Lisboa (187-8). 
  • Lisboa e as suas gentes na época (188-9). 
  • O jovem Camões desfigurado por uma deficiência física (189-191). 
  • Em 1950, Camões alista-se para a Índia, mas não chega a embarcar (192-3). O pai de Camões (193-4). Camões reincidiu na vida de boémia da capital (194-), envolveu-se numa rixa e é preso na cadeia do Tronco (197-202).

14. "As mãos de ferro" | 203-218

  • As razões do incidente/crime de Camões (203-4); 
  • detenção e prisão do jovem (204-5); 
  • poemas camonianos alusivos ao cárcere (205-6); 
  • a prisão do Tronco de Lisboa e a vida de um prisioneiro (206); 
  • os acontecimentos que aconteceram no exterior enquanto esteve encarcerado (207- 9); 
  • o processo judicial (209-213); 
  • inscrição na Casa da Índia (214-5); preparativos para a partida e considerações sobre a sua situação (216-218).

PARTIDA PARA A ÍNDIA

15. "A buscar outro mundo" | 219-233

  • A emigração para a Índia (219) e o envio de soldados para o Oriente (220-1); desde a frota de Vasco da Gama, em 8.07.1597, e a Rota do Cabo até à Carreira da Índia (221-223); 
  • a armada de Camões, em 1553 (223-): o incêndio da quarta nau, ainda no porto (223), a nau de São Bento em que segue Camões (223):  a sua partida da praia do Restelo, a 24.03.1553 (223, 225); as despedidas (224-7); o enjoo (227); os pensamentos amargos, as tarefas rotineiras (228); a tripulação, os soldados em trânsito, os passageiros (228-9). “O itinerário do Gama confunde-se com o próprio percurso do Poeta” (229-230), o fogo de Santelmo (230), a tromba-d’água (231), uma tempestade na passagem do Cabo das Tormentas (232-3).

16. "O começo da saudade" | 235-248

  • A vida a bordo das naus da Carreira da Índia: o começo da saudade (235); o tornear do Cabo e o uso de uma árvore-correio (235-6); a “rota por fora” da ilha de S. Lourenço, sem fazer escala na Ilha de Moçambique (236). 
  • A rotina da travessia (236-7): as mortes (236), a celebração da missa (236-7), a música tocada e cantada, os jogos do azar (237). Camões e o registo, de memória ou escrito n’Os Lusíadas, das novidades da viagem e do contacto com outras culturas (237-8). A escassez de alimentos e a fome (238-9). As doenças: causas (240), o escorbuto (240-1), a peste e outras maleitas (242). A vida dura dos marinheiros (242-3). 
  • A descrição desta realidade na obra do Poeta (243-4), 
  • o episódio de Fernão Veloso na baía de Santa Helena (244-5), 
  • as observações nos momentos desocupados (245-6). 
  • A etapa final da viagem de Camões, a chegada ao cais de Santa Catarina, em Goa, na Índia (246-8). 

ÍNDIA: GOA

17. "O outro mundo" | 249-263

  • A receção da nau no cais de Santa Catarina, em Goa (249); 
  • o desembarque dos companheiros de Camões, em menor número do que na partida (249-250); a condução dos doentes ao hospital de el-rei, cuidados e tratamentos (250-1). 
  • O Camões reinol. i.e., soldado acabado de chegar do Reino (251), os problemas de alojamento (251-2); 
  • vários parentes do Poeta no Oriente (252-3). “Depois de seis meses de viagem, Camões reincidia nos velhos hábitos” de folia (253); as ocasiões de convício intelectual, o recolhimento (253-4).
  • História do estabelecimento e do governo do Estado da Índia: história (254-5); 
  • o império no tempo de Camões: marcas das vitórias (256-7), retratos dos primeiros vice-reis da Índia (257); Camões conhece a nova cidade, o “outro mundo” (257-8): as igrejas (258), as casas (258-9), a “velha Goa” (259), a Ribeira de Goa (259-260), o palácio dos vice-reis (260), o interior e os arrabaldes da cidade (260-23). 

18. "A desejada e longa terra" | 265-276

  • O choque cultural de um europeu em Goa: os hábitos alimentares (265); o sistema de castas (266); os costumes sexuais e as práticas de luto dos hindus (266-7); “um mundo compósito, marcado por tensões sociais, culturais e religiosas” (266-7); as estruturas governativas dos portugueses (267-8), os vice-reis e os governadores do Oriente português (168-9), o sistema de corrupção generalizado (269). 
  • A situação de Camões como soldado comum em Goa (169-270); a sua correspondência epistolar com um amigo em Lisboa (270-1), acerca das semelhanças dos dois mundos, do seu convívio folião com amigos em Goa, das mulheres indianas locais e das portuguesas de Goa (271-5). 
  • Uma épica contaminada pela dúvida (275-6).

COSTA DO MALABAR: REINO DO PORCÁ

19. "As águas frias do Estige" | 277-291

  • A sua primeira participação, como soldado, numa expedição militar, nesta para aniquilar o rei da Pimenta (nov. 1553). 
  • O relato da tragédia do Sepúlveda.

Costa arábica: CABO GUARDAFUI / GOA

20. "A espada e a pena" | 293-308

  • Participa numa segunda expedição militar, agora contra os turcos.
  • Notícia da morte do jovem D. António de Noronha e do príncipe herdeiro, D. João. 
  • Durante a governação de Francisco Barreto é representado o “Auto do Filodemo”. 
  • A vida difícil de soldado.

21. "Disparates da Índia" | 309-323

  • A “perdição” de Camões “na China” em 1555 (309-310) – Pero Mariz como fonte e o silêncio de alguns contemporâneos e cronistas (310-312). 
  • O itinerário do serviço militar de Camões: o Poeta como soldado, participando em expedições militares (312); 
  • a vocação da escrita (dado à pena), mas habituado à profissão militar (apenas feito às armas) (312-3); 
  • a denúncia da realidade desonrosa do Oriente (313-4). 
  • Uma carta do Oriente (314): uma reflexão sobre a melancolia (314),  as relações de Camões com o novo governador, Francisco Barreto (315); 
  • umas trovas satíricas começam a circular por Goa (315-6); a crítica social (316-7); segue-se outra sátira no tom dos “Disparates da Índia (317-8) retratando a sociedade goesa e Camões fica ensarilhado e é preso (318-9); 
  • um “retrato” do Poeta na prisão do Tronco de Goa, (320-3).

22. "A pena do desterro" | 325-339

  • Na sequência das suas zombarias, “por pena e degredo” (325), o Poeta segue na armada do sul que partiu de Goa, levando na nau capitaina D. João Pereira, despachado como capitão de Malaca (326). 
  • Camões em Malaca (326), as Molucas (326-7) e Ternate onde nesta ilha passa bastante tempo (328-331). 
  • Duarte de Eça assume funções de capitão da fortaleza de São João Batista de Ternate, onde desembarcou em novembro de 1557; por ser de uma ambição e crueldade desmesuradas (332) este terá provocado a guerra luso-ternatesa, em que Camões participou (332-3). 
  • Com o novo vice-rei, Camões regressa a Goa, antes do inverno de 1560 (333-4). 
  • A governação de D. Constantino de Bragança (334-5); a instalação do Tribunal do santo Ofício e a atuação da Inquisição (335-67). 
  • Camões dedica uma epístola em 20 oitavas a D. Constantino de Bragança, em que lhe pede emprego (337-9).

23. "Banquete de trovas" | 341-353

  • Camões encontra no novo vice-rei, D. Francisco Coutinho, um protetor (341-2) e um amante das letras (342). 
  • Quando o Poeta esteve preso devido a uma dívida de jogo contraída com um tal Miguel Roiz, o “Fios Secos”, pediu ajuda ao vice-rei, Conde do Redondo (343-6). 
  • Camões vive “um período de tranquilidade e relativa abastança” (346-7). Compõe o “Banquete de trovas” que consiste num “Convite que Luiz de camões fez na Índia a certos fidalgos...” (347-353).

24. "Uma ocupação" | 355-369

  • Camões apadrinha a obra de Garcia de Orta.
  • Camões é nomeado “provedor mor dos defuntos”.

CHINA: MACAU

25. "O regimento do mundo" | 371-382

  • Itinerário de Camões de Malaca a Macau em 1562 (371-2); 
  • Macau como entreposto comercial internacional (372-3); 
  • chegada em finais de julho (373); a cidade de Macau (373-3); a população (374-5). 
  • Camões dispões de condições para escrever a sua epopeia (375). 
  • Semelhança nas épocas de celebração das festividades sagradas (375).  
  • Subida regular de Camões à colina de Patane, um miradouro privilegiado (375-6); a “Gruta de Camões” usada pelo Poeta para escrever, os documentos que o comprovam (376-8).
  • Camões e a companheira Dinamene, uma moça chinesa: a documentação sobre o seu fim trágico; o seu nome e a sua proveniência (378-9).
  • Mudanças na governação de Goa (380-1); Camões é destituído das suas funções de provedor dos defuntos e acusado de mau desempenho, regressando a Goa (380-2).

RIO MEKONG / GOA

26. "Uma esperança em vista de diamante" | 383-397

  • Naufraga junto à foz do Rio Mekong no regresso a Goa. (demorará c.2 anos)
  • É julgado e considerado culpado de apropriação dos bens dos defuntos.
  • Decide regressar a Portugal.

MOÇAMBIQUE: A ILHA DE MOÇAMBIQUE

27. "A dura Moçambique" | 399-411

  • Pero Barreto Rolim, nomeado capitão-mor de Sofala, pagou a viagem de Camões até Moçambique. Lá chegados, quando lhe pediu um pagamento, este como não tinha com que lhe pagar, ficou retido na ilha. 
  • Aí viverá durante quase dois anos, miseravelmente. Valeram-lhe a escrita e amizade de uns quantos.

PARTIDA DE MOÇAMBIQUE

28. "Outra vez acometendo os duros medos" | 413-426

  • Com a ajuda de Amigos, que se cotizaram para lhe pagar os custos da viagem, Camões empreende o seu regresso a Portugal. 
  • Vai acompanhado de António, um javanês.

CHEGADA A PORTUGAL: CASCAIS, LISBOA

29. "A ditosa pátria amada" | 427-438

  • A viagem de regresso a Lisboa: a nau Santa Clara esperou 20 dias pelas outras na ilha de Santa Helena e, em março de 1570, estacionou também na ilha Terceira, nos Açores (427). 
  • Em 7 de abril, as naus entram por Cascais, no rio Tejo, tendo morrido de doença Heitor da Silveira (428). Aí, a sua espera prolongar-se-á devido a Lisboa estar assolada por uma terrível peste (428); 
  • Lisboa nos finais do séc. XVI (429) e a peste (429-432). 
  • Diogo do Couto é o primeiro a desembarcar e levará as cartas com as notícias do Oriente a Almeirim, onde se refugiara o Rei (432-3). 
  • Camões só desembarcará em junho, na Ribeira das Naus (433). 
  • A estranheza do regresso para Camões: as mudanças nele e nos outros (433), a devastação causada na cidade pela epidemia (433-4). 
  • Camões terá apresentado ao rei o seu requerimento de uma mercê pelos anos de serviços prestados na Índia (434-5). Foi nomeado feitor de Chaul, não tendo assumido essa feitoria (436), a qual foi transformada em tença remuneratória pelo rei como recompensa pelos serviços prestados (437). 
  • Camões e Diogo Couto, soldados “práticos” que denunciam a decadência do Império português do Oriente (437-8).

30. "Maravilha fatal" | 439-450

  • A casa onde viveu (439-441), visita assídua no Convento de são Domingos (441), a conclusão e revisão de “Os Lusíadas” (442-443).
  • D. Sebastião e “a complexidade da situação política nacional” (443-450). 

31. "Entre todos escolhido" | 451-468

  • O projeto de publicar “os Lusíadas” (451-2); 
  • os escritores da sua época e o desejo de compor um poema épico moderno (452-459);
  • encontrar patrocínio (um mecenas) e obter as licenças para a impressão da sua epopeia (459-468); 
  • leitura (resumo) de “os Lusíadas” por D. Manuel de Portugal (462-467).

32. "Os versos deleitosos" | 469-481

  • O Alvará régio autorizando a impressão da epopeia, em 24.09.1571, e as outras licenças (469-479); Camões, frei Bartolomeu Ferreira, a censura e o conteúdo de “Os Lusíadas” (473-9); 
  • o manuscrito dá entrada na oficina do impressor António Gonçalves (479-480).

33. "Cousas que juntas se acham raramente" | 483-492

  • A publicação de “Os Lusíadas” (483-4); as variantes de cada exemplar (484-8); a receção próxima, o perfil e as intenções do autor da obra (489-492).

34. "Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?" | 493-505

  • Alvará de 28.07.1572 que lhe concede a mercê de cavaleiro fidalgo e uma tença anual, tendo Camões que provar que residia em Lisboa (493-5); justificação da tença (494), processo da sua atribuição (495-6), valor da mesma (496-7), regularidade de pagamento (497-8).
  • Reações de apreço ao livro, por leitores da nobreza descendente das personagens-heróis do poema, ou nele ausentes, e por outros escritores através do seu próprio silêncio em textos e paratextos (498-505)

35. "O nome, o braço, a musa" | 507-520

  • A vida de Camões após a publicação da sua epopeia; 
  • D. Sebastião e a política guerreira; 
  • continuação da construção dos Jerónimos transformados em panteão da monarquia; 
  • é pintado o retrato de Camões (511-515), 
  • faz uma “petição em favor de uma mulher nobre encarcerada na cadeia do Limoeiro” (516-520).

36. "Esperanças e presságios" | 521-536

  • Camões e Pêro de Magalhães Gândavo (521-4). 
  • O rei D. Sebastião e as relíquias do santo homónimo; assinalando o evento, Camões compõe um poema em oitavas que dedica ao rei (524-7); 
  • requereu o prolongamento da sua tença por novo triénio, obtendo-o (528); 
  • as condições de vida do autor de “Os Lusíadas” (527-530); 
  • anos agitados por acontecimentos nefastos antes da expedição de D. Sebastião ao Norte de África (531-6).

NORTE DE ÁFRICA: ALCÁCER QUIBIR / LISBOA

37. "Anos, mudanças e danos" | 537-552

  • A expedição a Alcácer Quibir: preparativos (537-542); derrota (542-3); reações e consequências em Portugal (543-5).
  • Os último anos de vida do Poeta “amargurados pela doença, pela miséria e pelo desalento (546); 
  • compõe, por encomenda, as redondilhas “Sôblos rios que vão” (546-7); 
  • a religiosidade (548), a melancolia (549) , “o problema da sobrevivência” (550-2).

38. "A morte, que da vida o nó desata" | 553-571

  • A crise dinástica e a sucessão ao trono (553-4); 
  • Camões compõe um soneto dedicado a D. Teodósio de Bragança (554-5); 
  • a última carta em prosa do Poeta para o capitão-general da Comarca de Lamego (556-7); 
  • a morte de Camões: causa (557-8), local onde faleceu e onde foi enterrado (558-9), frei José Índio (560-3), o Mosteiro de Santa Ana (563), o enterro e a sepultura de Camões (564-7), o dia da sua morte (567-8).
  • Quando Filipe I entra em Portugal pergunta pelo Poeta (569-570). 
  • A mãe de Camões requere para si a transmissão da mercê da tença que fora concedida ao filho (569), a qual recebe mais duas vezes (570-1).

39. "Ninguém, que nisso enfim se torna tudo" | 573-590

  • “A sua obra ia ganhando vida”: as primeiras traduções espanholas (573); os primeiros comentários à epopeia (574-5); as reedições de “Os Lusíadas” (575-6); a primeira publicação de dois autos camonianos e das “Rimas” (577); a receção da poesia de Camões (577-8) e o seu espólio (578-9); as primeiras biografias (579); 
  • a perceção do Poeta pelos seus contemporâneos: Diogo Bernardes (579-580), etc., uma paródia da épica por estudantes da Universidade de Évora (580-1) e da lírica pelo abade barcelense Tomé Tavares Carneiro. 
  • A iconografia camoniana, a sua descrição física e o seu caráter, o “quadro mental” de “um homem da sua época” (581-5). 
  • Camões, um ser de exceção e de síntese que viveu numa época extraordinária (588-590).



para saber +


in Luís de Camões - Diretório de Camonística






Redação: 17.05.2025