2025/05/11

Exposição "Camões 500" na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra


CAMÕES 500

EXPOSIÇÃO

Com curadoria de
Paulo da Silva Pereira e Filipa Araújo

 9 JAN., quinta-feira | às 16h00 - Inauguração

Na Sala de São Pedro, da Biblioteca Geral da U. Coimbra

Patente de 9 JAN. a 25 JUL. 2025


Entrada gratuita

A exposição CAMÕES 500 "convida o público a explorar 
diferentes facetas da vida e da obra do poeta, 
cuja ligação a Coimbra é profundamente enraizada."

A exposição "reflete a relevância contínua do poeta e da sua obra 
no panorama cultural e literário global.


«apesar de todas as mudanças que afetaram 
o mundo e a humanidade de então para cá,
continua bem vivo o desejo de ver, ouvir e ler Camões», 
Paulo da Silva Pereira e Filipa Araújo
curadores da exposição


in 500 CAMÕES | U. Coimbra

Catálogo da Exposição | [PDF]




SESSÃO INAUGURAL

Na sessão inaugural, será apresentado o programa geral 
das comemorações dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões na UC

Com as intervenções de:

Delfim Leão
Vice-Reitor da UC para Cultura, Comunicação e Ciência Aberta

Manuel Portela
Diretor da Biblioteca Geral da UC

José Augusto Cardoso Bernardes
Comissário-Geral da Estrutura de Missão para as comemorações

Paulo da Silva Pereira e Filipa Araújo
Curadores da exposição e membros da Comissão Org. das comemorações na UC


«O Tempo Bom Tudo Cura: A Música nos Cancioneiros Portugueses do Século XVI»

CONCERTO


pelo ensemble Ars Lusitana 

17h30 | Na Capela de São Miguel, U. Coimbra






Poeta Luís de Camões, rosto da Exposição
Desenho de Antonio Alves do Valle de Souza Pinto (1846-1921) 
que figurou na Exposição do Tricentenário de Camões (1880) na Biblioteca Nacional do Brasil.

EXPOSIÇÃO CAMÕES 500
Constituída por 4 núcleos temáticos

"Quinhentos anos depois da data provável do seu nascimento (c. 1524/1525) 
e apesar de todas as mudanças que afetaram o mundo e a humanidade 
de então para cá, continua bem vivo o desejo de ver, ouvir e ler Camões."



1. 
BIO-ICONOGRAFIA CAMONIANA: REVISITAçÕES 

Esta secção "permite reconhecer, 
a partir de um corpus selecionado de gravuras e outras representações artísticas, 
o fascínio exercido por uma personalidade verdadeiramente singular. 
Sabe-se que é difícil reconstituir a vida de Camões a partir de uma base documental segura 
e que, muitas vezes, lendas e especulações preenchem os vazios do que não se conhece. 

Entre leituras mais certeiras e visões romanceadas, o certo é que 
a indeterminação biográfica tem contribuído, ao longo de séculos, 
para a formação de um longo lastro cultural que não é possível ignorar. 

Pretende-se, assim, dar a ver um Camões, a um tempo, 
imortal e angustiadamente humano num mundo de valores em transição."


1.1. Camões e Coimbra
«florida terra, leda, fresca e serena»

"Testemunhos dos primeiros biógrafos e alusões à cidade do Mondego espalhadas pela obra
levam, contudo, a crer que aqui tenha passado vários anos da sua mocidade. 
É certo que não há registo de matrícula que ateste a frequência da universidade, 
mas podia tê-lo feito informalmente ou até colhido benefício de outras instituições 
ligadas ao ensino e à cultura como o Mosteiro de Santa Cruz. 

A Coimbra do século XVI, com a transferência definitiva da Universidade
e com o fulgor do humanismo renascentista, podia oferecer o ambiente intelectual 
capaz de moldar os interesses e modos de pensar do jovem Camões.

Aqui poderia ele também ter vivido os seus primeiros amores 
e sentido fascínio por lembranças históricas espalhadas pela cidade 
e por lendas como a dos amores de Pedro e Inês. 
Uma coisa é certa: Coimbra e os campos do Mondego 
ficarão para sempre associados à memória de um tempo de suave encanto."

Vista de Coimbra nos finais do século XVI
In: Illustris civitatis Conimbriae in Lusitania ad flumen Illundam effigies
de Georg Braun & Frans Hogenberg. - Colónia: Georg Braun, c. 1580. 
Reprod. do exemplar da BGUC: NC-745, divulgada no catálogo da Exposição.


1.2. Camões e a "fúria rara de Marte"

"Sem experiência efetiva de combate em terra e no mar, 
provavelmente Camões não conseguiria evocar com vida e sangue 
a experiência da guerra e suas consequências. 

Como tantos outros jovens de condição nobre, pode ter partido 
para Ceuta por volta de 1549 em virtude do serviço militar, 
mas há quem considere a hipótese de se tratar do cumprimento de um desterro. 
[...]
Camões deambulou pelos confins do Império 
e participou em várias expedições militares no Oriente, 
onde passou dezassete anos. 

Pouco depois da chegada a Goa, 
toma parte numa expedição organizada pelo vice-rei D. Afonso de Noronha. 

Em 1554, está de novo envolvido numa expedição militar,
desta feita à região do Mar Vermelho. 

A vida de Camões enquanto poeta-soldado,
o que segura «nũa mão sempre a espada e noutra a pena», 
interessa ainda por uma outra razão: o ideal de conciliação
das armas e das letras, que vinha desde a Antiguidade Clássica, 
ganhou no Renascimento um novo vigor."


Ilustração de André Carrilho 
para a obra Luís de Camões, a Global Poet for today
Ed. Helder Macedo & Thomas Earle. Lisboa: Dilúvio, 2023. 
Reprod. do exemplar da BGUC: 9-(1)-8-44-26, divulgada no catálogo da Exposição.


1.3. Camões na prisão

"Falar de Camões é falar de um homem que, desde cedo, andou envolvido 
em lutas, degredos, prisões e vida boémia.

Talvez não se justifique exagerar a fama de espadachim e brigão, 
mas há algum fundo de verdade nesse modo de comportamento. 
Um dos poucos documentos da época em que se refere o nome de Camões 
é uma carta régia de perdão datada de março de 1553.
Aí se relata o seu envolvimento numa encarniçada disputa, 
no dia do Corpo de Deus de 1552, 
acabando por ferir um funcionário do Paço. 
Esteve algum tempo na Prisão do Tronco 
e foi depois solto e perdoado pelo ofendido. 

Embarcou, por fim, para a Índia em 1553, 
mas não terminaram os episódios de uma vida atribulada. 
Por motivos que não são conhecidos, mas provavelmente por
causa de dívidas contraídas, esteve preso também em Goa, pelo menos uma vez."


Camões na prisão
Desenho sobre pergaminho, século XVI. - Autor desconhecido. 
Reprod. em domínio público / Wikimedia e divulgada no catálogo da Exposição.


1.4. Camões na Índia,
a «desejada e longa terra, de todo o pobre honrado sepultura»

"Durante o tempo que permaneceu no Oriente, entre 1553 e 1569, 
Camões passou por novos mares e novas terras, vivendo encontros e desencontros 
com novas gentes desde o Estreito de Meca até à China. 

A sua permanência mais demorada deve ter sido em Goa,
capital do império português do Oriente e 
complexo mosaico étnico-religioso, linguístico e cultural. 

E como reagiria o poeta a essas comunidades formadas
por gentes e costumes, crenças e ritos tão diferentes dos que caraterizavam o
espaço europeu da altura
ou como olharia para uma paisagem física esplêndida em toda a sua grandeza? 
Surpresa, estímulo, desejo de conhecimento 
ou choque, por certo, perante essa experiência de contacto e convivência com a radical
alteridade do mundo e do humano. 

Mas, como se pode perceber pelo conteúdo de uma carta 
(escrita algum tempo depois da sua chegada), Goa era também
«mãe de vilões ruins e madrasta de homens honrados», 
ostentando sinais preocupantes do declínio do império."


O mercado na Rua Direita de Goa (c. 1580)
In: Itinerário, viagem ou navegação para as Índias Orientais ou Portuguesas 
de Jan Huygen van Linschoten. - Ed. Arie Pos, Rui Manuel Loureiro. 
Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997.
Reprod. do exemplar da BGUC: RC-41-25, divulgada no catálogo da Exposição.

1.5. Camões em Macau

"Existem indícios fortes de que Camões desempenhou, 
por algum tempo (talvez durante a década de 60 do séc. XVI), 
função de provedor-mor dos defuntos em Macau. 

Aí se encontra uma gruta que, segundo a lenda, 
teria funcionado como espaço de recolhimento e de trabalho do poeta 
e que guarda ainda hoje o seu nome. 

Embora não comprovada documentalmente, tal lenda reflete bem 
a importância de Camões para a identidade cultural daquele território 
para a preservação da língua portuguesa no quadro 
das relações históricas entre Portugal e a China. 

Na tela do pintor Francisco Augusto Metrass, 
o poeta, tendo a pena na sua mão direita e a espada a seus pés, 
surge acompanhado pelo jau, um escravo oriundo da ilha de Java, 
mas é pouco provável que em Macau este já estivesse ao seu serviço."

Camões na gruta de Macau de Francisco Metrass, 1853.
In: Biblioteca Nacional de Portugal e divulgada no catálogo da Exposição.


1.6. O naufrágio na foz do rio Mekong

"Na viagem de regresso a Goa, 
embarcação em que seguia Camões naufragou 
no delta do rio Mekong, no atual Camboja. 

No naufrágio terá perdido tudo e terá também morrido uma companheira, 
que poderia corresponder a Dinamene nomeada em vários textos da lírica. 

O trágico episódio aparece mencionado n’Os Lusíadas
quando se alude aos «cantos que, molhados, / Vêm do naufrágio triste e miserando,
Dos procelosos baxos escapados» (X, 128) 
e deu origem a uma corrente de representações artísticas 
que mostram o poeta lutando com as ondas 
para salvar a vida e o manuscrito do poema épico."

Camões naufragado, 2018, ilustração de André Carrilho
Imagem cedida pelo autor e divulgada no catálogo da Exposição.


1.7. As mulheres em Camões

"As mulheres ocupam [...] um lugar de destaque na obra camoniana. 
Camões sempre procurou fazer passar de si a imagem, sobretudo na lírica, 
de que sofreu as agruras da vida, mas ainda mais as do amor. 

A fantasia de alguns biógrafos levou a considerar hipóteses várias sobre 
as mulheres que o poeta teria amado, em especial uma de condição social superior, 
ora identificada com Catarina de Ataíde, ora com a Infanta D. Maria, 
mas sem fundamento documental. 

Há, porém, um facto indesmentível: Camões quis e soube cantar 
como poucos poetas da tradição ocidental 
uma série de figuras femininas de perfil muito distinto 
(Dinamene, Bárbara, Lianor, a Menina dos Olhos Verdes, Catarina, Violante, Francisca...). 
Soube utilizar os códigos (sobretudo, o petrarquista) que serviam para celebrar 
um certo cânone ocidental de beleza feminina, 
mas soube também ultrapassar e reconfigurar esse mesmo cânone, 
ao elogiar as qualidades da mulher não-europeia."


Cartaz da exposição "Camões: a Legacy Reimagined"
Org. no King’s College, Londres, out. 2024; curadoria de Alexandra Dias Lourenço. 
Composição a partir das ilustrações de Daniela Viçoso, Susana Monteiro, 
José Vargas Smith, Rita Mota, Jorge Marinho, Amanda Baeza, Miguel Rocha. 
Imagem cedida pelo Camões - CLP no King’s College
divulgada no catálogo da Exposição.


1.8. A permanência na Ilha de Moçambique1.8 

"Por volta de 1567, Camões decide regressar ao Reino, 
mas demoraria algum tempo ainda até aí chegar. 
Vem da Índia para a Ilha de Moçambique, graças ao apoio de Pero Barreto Rolim, 
mas após um desentendimento entre ambos é abandonado à sua sorte. 
A «Ilha pequena [...] em toda esta terra certa escala / De todos os que as ondas navegamos» 
(Os Lusíadas, I, 54) 
era, na altura, uma escala necessária para as longas viagens marítimas 
que ligavam o Ocidente ao Oriente. 

Sobrevivendo dificilmente durante dois anos, em estado tão pobre que 
necessitava da generosidade dos amigos,  compreende-se que não se sentisse 
muito deslumbrado pela paisagem natural e pela diversidade cultural. 
Um desses amigos, o cronista Diogo do Couto, refere que retocava por essa altura Os Lusíadas [...]"

Representação da ilha de Moçambique, 1596. 
In: Itinerário, viagem ou navegação para as Índias Orientais ou Portuguesas 
de Jan Huygen van Linschoten. - Ed. Arie Pos, Rui Manuel Loureiro. 
Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, 1997.
Reprod. do exemplar da BGUC: RC-41-25, divulgada no catálogo da Exposição.


1.9. Os últimos anos e a morte de Camões

"Quando regressou a Lisboa, Camões encontrou 
uma cidade muito diferente da que deixara cerca de década e meia antes. 
No trono estava agora um jovem rei: D. Sebastião. 

Consagra tempo e dedicação à tarefa de impressão do seu poema épico. 
Como tantos outros milhares de portugueses seduzidos em algum momento das suas vidas
pelo projeto ultramarino, não voltou rico. 
E, apesar de contar com uma tença de 15.000 réis, 
que lhe foi concedida por D. Sebastião em 1572, 
não devem ter sido fáceis os últimos anos de vida. 
Penúria financeira, doença e até desilusão pelo rumo que a Pátria vinha seguindo. 

[...] Tudo leva a crer que Camões, 
o mesmo que tivera um dia a vida «pelo mundo em pedaços repartida», 
tenha morrido a 10 de junho de 1580, 
de acordo com um documento datado de 13 de novembro de 1582, 
numa pobre casa da Calçada de Santana."

Camões no leito de morte. - Litografia de Cupertino, 1861
divulgada no catálogo da Exposição.


1.10. Um Camões de e para todos e todas

"Ainda que tenha sido utilizado para fins diversos (literários, artísticos, sociais ou político-ideológicos) 
ao longo de muitas gerações, Camões é um poeta de e para todos e todas, 
independentemente da sua condição, cultura ou geografia. 

Para nossa felicidade, vivemos num tempo em que abordagens tradicionais e conservadoras 
da ideia de património e de cultura já não fazem sentido. 
É sempre estimulante considerar outras gramáticas de criação 
e compreender o alcance de Camões enquanto força modeladora do presente e do quotidiano. 

Iniciativas artísticas contemporâneas 
como a de Miguel Ram e Gonçalo Mar, grafiters da dupla ARM Collective, 
mostram como é sempre possível revisitar a obra camoniana (no sentido amplo do termo) 
e encontrar nela algum laço de afinidade com o que somos em cada momento, 
enquanto indivíduos ou comunidade. 

O mural com mais de 100 metros, 
representando Camões numa embarcação com o mar em fundo, 
foi pintado numa zona de Lisboa que não está muito distante do Tejo, 
esse mesmo que serviu de cenário à partida das naus.

Por aqui se vê que cada encontro com Camões é sempre 
um acontecimento novo e gratificante, mesmo quinhentos anos depois."

Os dez cantos de “Os Lusíadas”, 2013. - mural em graffiti, com c.100 metros, 
na Avenida da Índia, em Lisboa, pelo Coletivo ARM. 
Obra de arte urbana criada para comemorar os 20 anos da revista "Visão"
e reprod. na capa da ed. "Os Lusíadas para toda a família" (Lisboa: Palmo a Palmo, 2016). 
© Imagem do Arquivo Municipal de Lisboa e divulgada no catálogo da Exposição.


2.
LETRAS IMPRESSAS

Este núcleo "reúne obras pertencentes à Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra 
que atestam bem o alcance e a longevidade da atividade editorial desde a data 
da primeira publicação de Os Lusíadas (1572) até à atualidade. 

Esta mostra fez parte, inicialmente, da exposição que teve lugar na Biblioteca Joanina, 
no dia 10 de junho de 2024, por ocasião da abertura oficial das 
comemorações do V Centenário."


2.1. Lírica. Primeiras edições

"A obra lírica de Camões foi editada pela primeira vez em 1595
quinze anos após a morte do poeta. 
A segunda versão, que agora se expõe, haveria de sair três anos depois [1598]. 

Na portada, anuncia-se que as Rimas vão “acrescentadas”. 
Uma busca no Reino e na Índia tinha permitido a inclusão de 
mais 65 poemas, e ainda três cartas em prosa."

Rimas de Luis de Camões.
Accrescentadas nesta segunda impressaõ. Dirigidas a D. Gonçalo Coutinho.
Em Lisboa : por Pedro Crasbeeck: a custa de Esteuão Lopez mercador de libros, 1598.
Reprod. da capa do exemplar da BGUC: RC-2-12
divulgada na Exposição online.

"Em 1607, vinte e sete anos depois da morte do poeta, 
vem a público a terceira edição das Rimas
Nela se declara que Camões foi “Filho de Coimbra, Discípulo e Amigo da Universidade”. 
A nota é da autoria de Domingos Fernandes, livreiro da mesma universidade."

Rimas de Luis de Camões.
Acrescentadas nesta terceyra impressaõ. 
Dirigidas a la inclyta Universidade de Coimbra.
Em Lisboa: por Pedro Crasbeeck: a custa de Domingos Fernandez mercador de libros, 1607.
Reprod. da capa do exemplar da BGUC: RC-2-16
divulgada na Exposição online.


2.2. Lírica. Século XVII

"Manuel de Faria e Sousa (1590-1646) 
declara ter consagrado boa parte da sua vida ao estudo das obras de Camões, 
que considerava ser o “Principe dos poetas das Espanhas”. 

Comentou e publicou Os Lusíadas (Madrid, 1639). 
Trabalhou também nos comentários às Rimas Varias
Só após a sua morte, a edição viria a público por intervenção de seu filho, Pedro de Faria e Sousa. 
Em Vila Viçosa, na Biblioteca do Paço Ducal, 
encontra se uma boa parte dos manuscritos que serviram de base aos 
comentários feitos por Faria e Sousa. 
Foram adquiridos por D. Manuel II, último Rei de Portugal."

Rimas varias de Luis de Camoens … commentadas por Manoel de Faria, y Sousa
Tomo I. y II. que contienen la primera, segunda, y tercera centuria de los sonetos.
Lisboa: en la imprenta de Theotonio Damaso de Mello impressor de la Casa Real:
[en la Imprenta Craesbeeckiana], 1685-[1689].
Reprod. da capa dos exemplares da BGUC: J.F.-38-4 A-1/2 
divulgada na Exposição online.

2.3. Lírica. Séculos XX e XXI

"Desde 1595 até aos nossos dias, têm se feito muitos esforços no sentido de 
esclarecer dúvidas de autoria e de fixação da lírica camoniana. 
As edições mais prestigiadas contêm cerca de três centenas e meia de textos. 
De entre as mais fiáveis, destacam-se as que foram preparadas por 
Álvaro Júlio da Costa Pimpão (Coimbra, 1953), 
Hernâni Cidade (Lisboa, 1973) 
e Maria Vitalina Leal de Matos (Lisboa, 2019)."


Rimas / Luís de Camões. 
Texto estabelecido e prefaciado por Álvaro J. da Costa Pimpão.
Coimbra: Universidade, 1953.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: 9-(4)-8-12-1
divulgado na Exposição online.

Lírica / Luís de Camões.
Com ilustrações de Lima de Freitas; prefácio e notas de Hernâni Cidade.
Lisboa: Círculo de Leitores, 1973 imp.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: 9-(10)-I-4-1973
divulgado na Exposição online.

Obras completas / de Luiz Vaz de Camões. II volume Lírica.
Organização, introdução, notas Maria Vitalina Leal de Matos. 1.ª ed.
Silveira : E-Primatur, 2019.
Reprod. do rosto do exemplar, divulgado na Exposição online




2.3. Épica. Edições Comentadas

"Sobre Faria e Sousa, afirmou o grande escritor e homem de Letras espanhol 
que foi Lope de Vega: 
«assi como Luiz de Camoens es príncipe de los poetas que escrivieron en idioma vulgar, 
lo es Manuel Faria de los commentadores en todas lenguas». 

Os seus comentários à epopeia de Camões são invulgarmente desenvolvidos, 
revelam uma cultura excecional e vêm sendo de consulta obrigatória 
para os camonistas de todas as gerações."

Lusiadas de Luis de Camoens, principe de los poetas de España...
Comentadas por Manuel de Faria i Sousa.
En Madrid: por Juan Sanchez: A costa de Pedro Coello, mercader de libros, 1639.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: RB-29-2
divulgado na Exposição online.


2.4. Épica. Edições "monumentais"

"Em 1817 sai, em Paris, uma luxuosa edição preparada por 
Dom José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, quinto Morgado de Mateus. 
Trata-se de um empreendimento extraordinário para a época. 
O editor tinha estudado em Coimbra, 
antes de ter desempenhado cargos militares e diplomáticos. 
O cuidado que colocou na comparação dos poucos exemplares 
da primeira edição a que teve acesso (direto ou indireto), 
a reputação dos desenhadores e a qualidade dos materiais 
revelam o enorme empenho que colocou na iniciativa."

Os Lusiadas: poema epico de Luis de Camões.
Nova edição correcta, e dada á luz por Dom Ioze Maria de Souza-Botelho, 
Morgado de Matteus, Socio da Academia Real das Sciencias de Lisboa.
Paris : na officina typographica de Firmin Didot, 1817.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: RB-40-12 A
divulgado na Exposição online.


"Em 1898, para assinalar os quatrocentos anos da chegada de Vasco da Gama à Índia, 
o Major Fernandes Costa teve uma ideia singular. 
Solicitou a figuras importantes do Reino 
que escrevessem, por sua mão, uma estância d’ Os Lusíadas
Conseguiu assim reunir contributos de 
escritores, atores, ministros, dignitários da Igreja, aristocratas, etc. 
A curiosa edição “autográfica” reúne 1102 autógrafos diferentes. 
A primeira estância foi escrita pelo punho do Rei D. Carlos. 
Seguem-se outras, caligrafadas por Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, 
o Cardeal-Patriarca de Lisboa, entre muitas figuras da elite nacional."

Os Lusíadas: com argumentos novos em estancias heroicas
grande edição autographica do Programma Official do Centenario 
profusamente illustrada com desenhos allegoricos, 
retratos ineditos de Vasco da Gama e de Luiz de Camões, 
vinhetas, letras ornamentaes, finaes de canto, etc, 
em photogravura, pelos melhores artistas 
sendo todas as illustrações originaes 
expressamente feitas para esta edição. 

Prefaciada por D. Antonio Mendes Bello Manuel Pinheiro Chagas;
dirigida por Fernandes Costa.
Lisboa : Silvestre Castanheiro, 1898
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: 869.0-1 Camões CAM-44
divulgado na Exposição online.


2.5. Épica. Edições escolares

"Publicada em 1952, a edição 
do madeirense Emanuel Paulo Ramos (1922–2005) 
haveria de ser reeditada muitas vezes. 
Sucessivas gerações de portugueses 
haveriam de estudar Os Lusíadas por esse volume:
primeiro no 5º ano dos Liceus 
e, mais recentemente, nos 9.º e 10.º anos de escolaridade."

Os Lusíadas de Luís de Camões
Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos.
Porto: Porto Editora, 1952.
 rosto do exemplar da BGUC: 9-(10)-III-5-1953
divulgado na Exposição online.


"Sendo responsável por inovadores estudos sobre Camões, 
António José Saraiva (1917 1993) 
haveria também de preparar uma edição d’ Os Lusíadas para uso escolar. 
Saída a lume, pela primeira vez, em 1978, viria a ser reeditada até aos nossos dias. 
Trata-se de um trabalho particularmente admirado não apenas pela criteriosa fixação do texto,
mas também pela segurança do estudo introdutório e das anotações."


Luís de Camões: 1572–2024 Lusíadas.
Edição organizada por António José Saraiva.
Porto: Figueirinhas, 1978.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: (6)-1-5-3-22
divulgado na Exposição online.


2.6. Luís de Camões: 1572–2024

"Os Lusíadas são a primeira epopeia impressa em língua portuguesa. 
A publicação responde a constantes apelos para 
que os feitos dos portugueses fossem enaltecidos e transformados em canto supremo. 
O parecer do censor do Santo Ofício (o dominicano Frei Bartolomeu Ferreira) 
contribuiu para o prestígio alcançado: 
“O autor mostra muito engenho e muita erudição nas ciências humanas”."

Os Lusiadas / de Luis de Camões.
Lisboa : em casa de Antonio Gõçaluez, 1572.
Reprod. do rosto do exemplar da BGUC: Cofre 2,
divulgado na Exposição online.


"Impresso em Genève (Centre d’Études Portugaises), 
o presente exemplar d’ Os Lusíadas constitui a mais recente proposta de 
uma edição crítica da epopeia camoniana. 
Foi preparado por Rita Marnoto e integra-se num amplo projeto, 
que abrange a publicação da obra completa de Camões. 
Para a realização deste trabalho, a investigadora estudou 39 exemplares com data de 1572,
concluindo pela existência de duas edições distintas (sendo uma delas “contrafeita”)."
Os Lusíadas / de Luís de Camões. 
Edição critica da prínceps por Rita Marnoto.
Geneve: Centre International d’Études Portugaises, 2022.
Reprod. da capa do exemplar, divulgado na Exposição online.




"As epopeias possuem uma forte base oral. 
Essa dimensão antecede a escrita e está para além dela. 
O empreendimento do ator António Fonseca procura reconstruir a voz de Camões,
transportando Os Lusíadas da nossa vista para os nossos ouvidos. 

O presente Audiolivro incorpora múltiplas vozes do mundo lusófono. 
O poema é dito por António Fonseca e vozes de Timor, Boston, Cabo Verde, 
Guiné, Moçambique, Angola, Goa, Macau, S. Tomé e Príncipe e Brasil."
Os Lusíadas: como nunca os ouviu. 
Ditos por António Fonseca 
e vozes de Timor, Boston, Cabo Verde, Guiné, Moçambique, 
Angola, Goa, Macau, S. Tomé e Príncipe e Brasil ; 
introduções por Sofia Marques. 
Casal de Cambra: Caleidoscópio - Edição e Artes, 2016.


"Camões: Uma Antologia contém uma seleção comentada de
 poemas centrais da obra lírica de Camões, 
juntamente com uma amostra abrangente 
de estâncias do poema épico Os Lusíadas.
O comentário procura lançar um olhar novo sobre o modo 
muitas vezes surpreendente com que o poeta usa os modelos clássicos, 
conciliando crítica textual e literária."
Camões: uma Antologia.
Textos escolhidos e anotados por Frederico Lourenço.
Lisboa: Quetzal, 2024.
Reprod. da capa do exemplar, divulgado na Exposição online.



3.

CAMÕES E OS JOVENS LEITORES: 
o passado de risonhos futuros

Este núcleo "considera várias propostas que integram 
o amplo movimento editorial de divulgação e disponibilização de textos camonianos 
a leitores em idade infantil e juvenil 
ou que elegem Camões como personagem

Ao longo de quase um século (considerando a data da obra mais antiga em exposição),
autores, artistas e ilustradores procuraram, por vias muito diversas, 
criar pontos de acesso e de mediação face a 
um conteúdo literário e cultural tornado mais exigente com o passar do tempo."

A obra de Camões

João de Barros (1881-1960)
Os Lusíadas contados às crianças e lembrados ao povo. 
Il. de Martins Barata.
Lisboa: Sá da Costa, 1930.

António Manuel Couto Viana (1923-2010)
Os Lusíadas / de Luís de Camões. - Adaptação de António Manuel Couto Viana
il. Lima de Freitas. 
1.ª ed., 1980. | 2.ª ed. Lisboa: Verbo, D.L. 1988.

José Ruy (1930-2022)
Os Lusíadas [adaptação] em banda desenhada
Apresentação José Ruy. 
1.ª ed., 1983. | 8.ª ed. Lisboa: Âncora Editora, 2022.

Amélia Pinto Pais (1943-2012)
Os Lusíadas em prosa
2.ª ed. Porto: Areal, 1995.

Leonoreta Leitão (1929-)
Era uma vez um rei que teve um sonho: Os Lusíadas contado às crianças
Il. José Fragateiro.
1.ª ed., 2007. | 2.ª ed., Lisboa: Dinalivro, 2010.

José António Gomes
Poesia de Luís de Camões para todos
Sel. org. e nota José António Gomes; il. Ana Biscaia. 
Porto: Porto Editora, 2009.

Vasco Graça Moura (1942-2014)
Os Lusíadas para gente nova. 
Lisboa: Gradiva, 2012.

José Luís Pexixoto (1974-)
Os Lusíadas para toda a família [de] Luís de Camões: 
canto II: Conto a partir do canto II. 
Rev. Mariana Guimarães; il. Grafitti ARMcollective. 
[Aveleda] : Verso da História, 2013.

Alexandre Honrado (1960-)
Os Lusíadas: conto maior em conto pequeno. 
Il. de Maria João Lopes. 
Lisboa: Verbo, 2014.

Pedro Vieira de Moura (1973-)
Luís Vaz de Camões: Os Lusíadas I.
Clássicos da Literatura Portuguesa em BD.
Ilustração de Daniel Silvestre, João Lemos e Miguel Rocha. 
Lisboa: Levoir ; RTP, 2024.






Camões como personagem


Adolfo Simões Müller (1909-1989)
Aventuras do Trinca-Fortes: pequena história de Camões e o seu poema. 
Il. de Júlio Resende. 
1.ª ed., 1946. | 6ª ed. Porto: Livraria Tavares Martins, 1970.

Carlos Alberto Santos (1933-2016)
Camões [: sua vida aventurosa]. 
Des. e argumento Carlos Alberto Santos; 
texto Oliveira Cosme; adapt. Manuela Terraseca. 
Porto: Asa, 1990.
[1.ª ed., Lisboa: Agência Portuguesa de Revistas, 1972. - 40 p.: il. (27cm)]
[Reed.: Amadora: Bonecos Rebeldes, 2022. - 56 p.: il. (32cm)].

Matilde Rosa Araújo (1921-2010)
Camões, poeta mancebo e pobre. 
Il. de Maria Keil. 
Lisboa: Prelo, 1978.

Manuel Alegre (1936-)
Barbi-Ruivo: o meu primeiro Camões.
il. André Letria. 
Lisboa: Dom Quixote, 2007.

Jorge Miguel (1963-)
Camões: de vós não conhecido nem sonhado? 
Lisboa: Plátano Editora, 2008.

Maria Alberta Menéres (1930-2019)
Camões, o super-herói da língua portuguesa. 
Il. Tiago Albuquerque e Nádia Albuquerque. 
1.ª ed. em Porto: Porto Editora, 2016.
[1.ª ed., Alfragide: Asa II, 2010. - il. Fernanda Fragateiro, José Fragateiro]

Lúcia Vaz Pedro (1968-)
Camões conseguiu escrever muito para quem só tinha um olho... 
e outras respostas disparatadas em aulas e testes de português
Lisboa : Manuscrito, 2019.

José Jorge Letria (1951-)
Luís de Camões: o talento, a pobreza e a coragem. 
Il. de Marta Torrão. 1
Lisboa: Glaciar, 2021.

Nuno Caravela (1968-)
Camões, poeta e herói. 
Col. "O Bando das Cavernas", n.º 13.
Lisboa: Booksmile, 2024.

Sérgio Franclim (1978-)
Camões: as aventuras e desventuras de um poeta épico
Il. Bruno Ferreira.
1.ª ed., fev. 2024. | 2.ª ed. Lisboa : Booksmile, 2024.

Ana Maria Magalhães (1946-) e Isabel Alçada (1950-)
Luís Vaz de Camões: um poeta genial.
Il. Margarida Mouta.
Lisboa: INCM: Pato Lógico Edições, 2024.







4.

CAMÕES, UNO E MÚLTIPLO:
recriações digitais

Esta quarta secção "abre espaço para uma problematização sobre 
outros modos de fruir e reinventar 
o legado de um dos maiores nomes da literatura mundial, 
projetando-o para o futuro."

4.1.

"Diálogos entre Camões e Dinamene
500 Sonetos selecionados a partir de um infinito poético de almas partidas"
Autoria: Rui Portela

"Obra que se baseia no soneto "Alma minha gentil, que te partiste" de Camões, 
em diálogo com 
uma versão alternativa de Manuel Portela, narrada do ponto de vista da alma que partiu.
Através de um sistema de variações, cada soneto pode ser gerado 
em inúmeras combinações únicas, 
permitindo que os leitores interajam e criem as suas próprias versões do texto. 

O projeto inclui a publicação de um livro com 500 sonetos 
selecionados por alunos do ensino secundário, 
proporcionando uma experiência participativa que amplia 
as possibilidades de leitura e interpretação do poema original."

Saber + sobre o projeto em Telepoesis.


4.2.

Máquina do Mundo – Edição Revista e Baralhada
Autoria: Luís Lucas Pereira

"Projeto de literatura eletrónica desenvolvido em tecnologia web 
a partir da obra Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. 

Brincando com as ideias de determinismo e criação emergente, 
este trabalho apresenta no ecrã uma nova instância textual, 
composta por versos recombinados 
que respeitam a estrutura métrica e rítmica original (ABABABCC). 

Os leitores podem interagir com este objeto, 
alterando os conjuntos de rima 
e explorando múltiplas possibilidades de reconstrução poética. 

O título evoca o episódio do Canto X, estância 80, 
em que Tétis revela a Vasco da Gama a “Máquina do Mundo”, 
simbolizando a ordem cósmica e o desígnio divino. 

Esta proposta revisita esses conceitos ao criar um espaço híbrido 
em que a previsibilidade estrutural coexiste com a criatividade do utilizador, 
desafiando interpretações sobre providencialismo, acaso 
e a natureza do texto literário na era digital."



4.3.

"Tão pequeno" - Videopoema, 2006
Autoria: 
André Vallias

 "No segundo semestre de 1941, Stefan Zweig, vivendo então em Petrópolis, 
traduziu para o alemão a estrofe 106 do Canto I d’Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões. 

Mandou imprimir sua tradução 
e a enviou como cartão de final de ano a seus amigos no exílio. 
Morreria alguns meses depois... 
64 anos depois, Caetano Veloso, sem conhecer o gesto do escritor judeu-austríaco, 
escolheu os 4 versos finais da mesma estrofe para compor 
uma das canções que integram a trilha sonora do espetáculo “Onqotô”, 
do grupo Corpo, realizada com Zé Miguel Wisnik. 

André Vallias fez a videoanimação em 2006, 
com fragmentos de “O Cinema Falado”, 
para publicação na revista Errática. 
A canção foi interpretada por Greice Carvalho."








Fonte do texto e de todas imagens:


Universidade de Coimbra

BGUC, Universidade de Coimbra, Atividades








para saber +


in 500 CAMÕES | U. Coimbra

Universidade de Coimbra

Luís Miguel Queirós
In Revista Ípsilon, do jornal Público, 9.01.2025.

in Notícias UC, 6.01.2025

Rodrigo Lourenço
in RUC - Rádio UC, 

in Notícias Ao Minuto, 6.01.2025Exposição 

in Luís de Camões - Diretório de camonística, 15.06.2024








Redação: 7.01.2025, atualizado em 11.05.2025