2025/09/16

As plantas na obra poética de Camões, estudo de Jorge Paiva


As plantas na obra poética de Camões

OBRA

de Jorge Paiva

Coimbra: Imprensa da Universidade, set. 2025


16 set. 2025, terça-feira

Disponibilizado em acesso aberto no site da IUC

166 p.






Jorge Américo Rodrigues de Paiva
N. Cambondo, Cazengo, Angola, 17.09.1933.
Professor, cientista (botânico e taxonomista) e camonista.

Licenciado em Ciências Biológicas (1958) pela U. de Coimbra
e doutorado em Biologia pelo Dep. de Recursos Naturais e Medio Ambiente da U. Vigo (1993).

Como bolseiro do Instituto Nacional de Investigação Científica (INIC), 
trabalhou durante três anos em Londres, 
nos Jardins de Kew e na Secção de História Natural do Museu Britânico. 

Foi investigador principal no Dep. de Botânica da U. Coimbra.

Como ambientalista é reconhecido pela sua defesa do ambiente.


 O cientista completa 92 anos nesta quarta-feira!


Entre o Ocidente e o Oriente: 
as plantas ornamentais e as plantas medicinais

No âmbito das comemorações oficiais dos 500 anos do nascimento de Luís de Camões, cuja Comissão Nacional é dirigida pelo Professor José Augusto Cardoso Bernardes, da Universidade de Coimbra, a edição desta obra do cientista e camonista Jorge Paiva está programada desde o início.

Entre Lisboa e o Extremo Oriente, o poeta Luís de Camões passou ou viveu no Norte de África, em Goa, Ternate, Macau e na lha de Moçambique. Tendo em conta essa deambulação geográfica de Camões - poeta, soldado e também viajante, o biólogo Jorge Paiva afirma que na lírica camoniana “maioritariamente escrita em Portugal e centrada no amor e paixão, as plantas referidas são, quase na totalidade, europeias, mediterrânicas e, geralmente, utilizadas pelos poetas desde a Antiguidade Clássica”. Em contrapartida, “como Os Lusíadas foram escritos, quase na sua totalidade, no Oriente e centrados nos Descobrimentos, grande parte das plantas referidas neste poema são asiáticas, particularmente especiarias e medicinais”.

São cerca de 100 plantas de vários continentes mencionadas por Camões na sua obra escrita e publicada século XVI. E, segundo o estudioso, “na época em que Camões viveu, as plantas mais conhecidas e citadas na literatura eram mais as plantas medicinais do que as alimentares e, na poesia, as ornamentais ou com relevância mitológica”. Deste modo, n'Os Lusíadas são referidas c.60 plantas, “muitas asiáticas e aromáticas”, e na poesia lírica encontramos c. 40 espécies, principalmente “europeias, campestres ou ornamentais”.

Durante a sua estadia na Ásia, nomeadamente na colónia portuguesa em Goa, para além de ter podido observar as plantas medicinais asiáticas ao vivo na natureza, Camões conhecia também essas plantas através do seu convívio com o amigo Garcia de Orta, o autor de Colóquios dos Simples e Drogas da Índia, que terá lido.

Na sua obra As plantas na obra poética de Camões, o biólogo também interpreta outras referências camonianas a árvores, ervas e flores originárias de terras como o Brasil e Timor, que o Poeta nunca visitou.

Camões esteve em ilhas do oceano Índico, lembremos, por exemplo, a sua estadia na Ilha de Moçambique no seu regresso ao Reino, e também em algumas ilhas tropicais asiáticas do oceano Pacífico; passou ainda por várias ilhas atlânticas. Talvez essa vivência o tenha levado a idealizar a Ilha dos Amores na sua epopeia: "uma ilha coberta de floresta, com lagos, rios e formosos outeiros”, comoo refer Jorge Paiva, cantando, assim, em verso o “encontro idílico entre a tripulação capitaneada por Vasco da Gama e deusas da mitologia grega”.



CAMONIANA



"E apesar de já ter publicado um artigo com as plantas na obra de Camões,
este livro que agora estou a escrever tem muitas novidades,
sobre plantas que nunca tinham sido identificadas e eu consegui identificar,
porque já tenho muita prática e andei nos sítios onde andou o Camões.
Estudo as plantas tropicais, conheço as plantas asiáticas, as europeias…
enfim, só assim consegui fazer este trabalho que sairá agora no livro,
e que julgo que tem muitas coisas inéditas.
Cada vez que leio Camões é uma descoberta. Foi uma mente brilhante!"
4'33'' | Jorge Paiva - Entrevista
in VoiceMED n.º 56 /jan.-fev. 2025, Newsletter da FMUC.


"Garcia de Orta e as plantas na obra poética camoniana"
Lisboa: Edições Colibri, 2015, 229-250. 



Professor Jorge Paiva
"As plantas na obra poética de Camões (épica e lírica)"
Coord. António M. L. Andrade, Carlos de Miguel Mora, João M. N. Torrão.
Aveiro, Coimbra, São Paulo: UA Ed. / Imprensa da U. Coimbra / ANNABLUME, 2015,
p. 95-139. | [PDF]



VERSÃO DIGITAL
Disponível para descarregar | PDF
A exposição é composta por painéis; em cada painel poema-aguarela,
a planta está identificada pelo seu nome vulgar e o nome científico.
Destaca-se a sua menção no texto camoniano.
Org. Sociedade Broteriana

Painel com poema-aguarela, da versão digital da exposição
As plantas na obra poética de Luís Vaz de Camões | PDF





para saber +

Jorge Paiva
bio por Fátima sales

LUSA /Redação
in Observador, 16.09.2025

Luís de Camões - Diretório de Camonística, 8.03.2025

in Agenda, U. Coimbra

in cabal do Youtube da Universidade de Coimbra, 7.03.2024

Ana Bartolomeu
In Notícias UC, 6.03.2025

Catarina Sousa
Áudios, 00:20 e 00:16, in RUC - Rádio UC, 05.03.2025

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 22.06.2024

in Diário de Coimbra [online], 18.06.2024


in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 10.05.2024









Redação: 16.09.2025