2025/09/13

O Álbum poético de pedra de Camões na sua Gruta em Macau


Foram efetuados trabalhos de reparação nos poemas do pedestal do busto de Camões

O Instituto para os Assuntos Municipais  (IAM) de Macau informou, em julho de 2025,
a jornalista Catarina Pereira, do Jornal Tribuna de Macau,
que tinham sido concluídos os trabalhos de renovação do busto de Camões.

Um ano antes, o investigador António Aresta
tinha alertado num artigo de opinião publicado no mesmo jornal
para a questão da erosão das pedras onde estavam gravados os versos
camonianos, que precisavam de ser reescritos.


O poeta português Luís de Camões (1524-1580) 
viveu, trabalhou, escreveu e amou em Macau,
durante cerca de três anos (± 1563-1565).
Camões esteve em Macau, enviado em comissão 
como Provedor dos Defuntos e Ausentes. 
Aí retirou-se para junto dos penedos da colina de Patane,
de onde podia desfrutar de uma rasgada vista sobre o mar em redor.

Séculos mais tarde, em memória de Camões, 
nesses três penedos, atualmente designados "Gruta de Camões",
foi colocado um busto do Poeta. 
Em 1849, Lourenço Marques, proprietário do Jardim Luís de Camões 
e comerciante rico, renovou a gruta com um novo busto, 
agora da autoria do escultor português Bordalo Pinheiro. 
Em 1866, o busto de Camões foi refundido em bronze.

É na parte detrás do pedestal onde assenta o busto do Poeta
que estão gravadas três oitavas de Os Lusíadas,
uma dela estava bastante ilegível.

E ainda, Ninfas minhas, não bastava
Que tamanhas misérias me cercassem,
Senão que aqueles que eu cantando andava
Tal prémio de meus versos me tornassem:
A troco dos descansos que esperava,
Das capelas de louro que me honrassem,
Trabalhos nunca usados me inventaram,
Com que em tão duro estado me deitaram.
Luís de Camões
in Os Lusíadas, Canto VI, est. 81.

As outras duas oitavas gravadas no pedestal em pedra 
são as estâncias 95 do Canto VI e 42 do Canto VIII.


para saber +

Catarina Pereira 
in Jornal Tribuna de Macau, 30.07.2025







Redação: 13.09.2025