2022/08/07

CAMONISTA - José Camões

 





José Camões, n. 16.07.1958

Camonista, professor, investigador principal do CET.


José António Camilo Guerreiro Camões doutorou-se com a tese intitulada Editar novamente: onze textos do teatro português do século XVI (2006) na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde atualmente é professor do programa de pós-graduação em Estudos Teatrais (Mestrado e Doutoramento).

Como investigador principal do Centro de Estudos Teatrais (CET), que foi criado em 1994 “para funcionar como palco privilegiado de atividades de investigação científica e formação de investigadores para o estudo do teatro”, José Camões tem-se centrado na história do teatro em Portugal, na edição crítica do corpus do teatro português dos séculos XVI, XVII e XVIII, nos estudos comparativos do teatro e na produção de ferramentas de investigação em humanidades digitais.





José Camões, como investigador do CET, assegura a direção científica de vários projetos:



HTP on-line - documentos para a história do teatro e das atividades teatrais em Portugal (publicados como recursos online).


  • TAP, o corpus de dramaturgos portugueses dos séculos XVI, XVII e XVIII, disponível online.


TPC XVIII – Textos Proibidos e Censurados no Teatro Português do Século XVIII: reúne-se neste catálogo o conjunto de títulos de teatro submetidos às instâncias censórias, para impressão ou representação, e que obtiveram despacho de proibição, na segunda metade do século XVIII.



  • Reconstrução virtual de teatros portugueses perdidos.
  • ENTRIB – Entremezes Ibéricos: um projeto que visa catalogar, editar e estudar os entremezes portugueses e espanhóis do século XVII.


Como estudioso textual, tem também editado o corpus de peças portuguesas dos sécs. XVI, XVII e XVIII em formato de livro, nomeadamente obras de Gil Vicente, Afonso Álvares, Luís de Camões, António Prestes, Simão Machado, Anrique Aires Vitória, Francisco de Sá de Miranda, dramaturgos anónimos do século XVI e traduções/adaptações de peças de Jean-Jacques Rousseau, Molière e Benedetto Marcello. 

 


Obra Camoniana / Séc. XVI-XVII

  • (1983) Autos / António Ribeiro Chiado. Lisboa: Teatro da Cantina Velha.
  • (1999) Obras / de Anrique da Mota. Ed. Osório Mateu; org. José Camões, Helena Reis Silva. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses [CNCDP].
  • (1999) Poesia / de Garcia de Resende. Ed. –. Lisboa: CNCDP.
  • (2001) Gil Vicente: todas as obras. Coord. cientif. José Camões. Lisboa: CNCDP. - Documento eletrónico.
  • (2002) As obras / de Gil Vicente. Dir. científica José Camões.  Lisboa: CET; Lisboa: INCM.
  • (2003) Gil Vicente 500 Anos Depois: actas / do Congresso Internacional... Coorganização com Maria João Brilhante, Helena Reis Silva e Cristina Almeida Ribeiro / CET da FLUL. Vol. II, Lisboa: INCM.







Filodemo: teatro

Luís de Camões. 

Edição de José Camões, com notas, glossário e bibliografia.

Lisboa: Cotovia, 2004.





  • (2006) Editar Novamente: onze textos do teatro português do século XVI. – Tese de doutoramento em Estudos de Teatro. Lisboa: FLUL. – 2 vol.; il. (30cm) + 1 disco óptico (CD-ROM) em caixa.
  • (2006) Obras / de Afonso Álvares. Introd., ed. José Camões; rev. Paula Lobo. Lisboa: INCM.




Teatro português do século XVI: teatro profano 


Introd. e ed. José Camões; rev. Paula Lobo
3 vols., Lisboa: INCM, 2007-2010.

1.º vol., tomo 1: Auto do Caseiro de Alvalade, Auto dos escrivães do Pelourinho, Auto do escudeiro surdo, Auto de Florisbel, Auto de Guiomar do Porto. – 2007. 
1º vol., tomo 2: Auto das Capelas, Auto de Dom Fernando, Auto dos Enanos, Farsa Penada, Auto dos Sátiros. – 2010.
1º vol., tomo 3: Auto de Dom André, Auto de Dom Luís e dos Turcos, Auto do Duque de Florença, Auto das Padeiras, Auto de Vicente Anes Joeira. – 2010.





  • (2008) Autos / de António de Prestes. Introd. – ; ed. de Helena Reis Silva; rev. Paula Lobo. - Lisboa: INCM. – 749, [6] p. : il. (24cm); Col. “Biblioteca de autores portugueses. Teatro”.
  • (2009) Comédias / de Simão Machado. Introd. e ed. José Javier Rodríguez Rodríguez; ed. de José Camões, Helena Reis Silva; rev. Paula Lobo. Lisboa: INCM.
  • (2013) Comédias / Francisco de Sá de Miranda. Ed. José Camões, T. F. Earle. Lisboa: INCM.
  • (2015) A farce by any other name... ovvero costanze e incostanze di un genere nel teatro portoghese (XVI-XVIII secolo), in  La farsa: apparenze e metamorfosi sulle scene europee. Ed. Carandini, Silvia. Roma, Itália: Pacini, 99-127.






Teatro de autores portugueses do século XVII: lugares (in)comuns de um teatro restaurado


Org. José Camões, José Pedro Sousa. 
Lisboa: CET, 2016.

Gil Vicente: compêndio

Coord. José Augusto Cardoso Bernardes, José Camões

Textos: Amélia Maria Correia et al.

Coimbra : Imprensa da Universidade; Lisboa: INCM, 2018.

  • (2019)  Do figurado ao literal: 'a todos veréis quexar / y a ninguno veréis morir / por amores'", in España y Portugal en la encrucijada del teatro del siglo XVI: estudios dedicados al profesor Miguel Ángel Pérez Priego. Ed. Miguel Ángel Teijeiro Fuentes; José Roso Díaz. Sevilha, Espanha: Editorial Renacimiento, 83-118.
  • (2019) Comédia d’Os Vilhalpandos / Francisco Sá de Miranda (Ms. Real Academia de la Historia) – [on-line], in Camões, José (dir.) Teatro de autores portugueses do Séc. XVI: base de dados textual. Lisboa: CET, Univ. de Lisboa. [22 novembro 2019].
  • (2020) Castro / António Ferreira. Ed. José Camões; Helena Reis Silva.



Comédia del Rei Seleuco / Luís de Camões

Ed. José Camões; Helena Reis Silva, 2020

Texto utilizado para esta edición digital: Teatro de autores portugueses do Séc. XVI: base de dados textual. Lisboa: CET, Univ. de Lisboa. [15 março 2019].


  • (2021) Um teatro exemplar. – Pref. a Exemplos Antigos: paremiologia e fraseologia no teatro português do século XVI: provérbios, ditados, adágios, anexins, rifões e outros ditos e sentenças quinhentistas / de Lurdes PATRÍCIO. Tavira: CM / CET da FLUL, 9-16. 




Poesia
/ Francisco de Sá de Miranda. 

Еdição de José Camões e Filipa de Freitas. 

Lisboa: INCM, 2021. – 1760 p.







CENTRO DE ESTUDOS DE TEATRO

Autores Portugueses dos Séculos XVI e XVII






Teatro de Autores Portugueses do Séc. XVI
Base de dados textual, online

“Neste sítio reúnem-se as obras que fazem a história do teatro no século XVI em Portugal, numa edição preparada no Centro de Estudos de Teatro
dirigida por José Camões, com Helena Reis Silva, Isabel Pinto, Lurdes Patrício, Inês Morais, Filipa Freitas e José Pedro Sousa 
(decorrente do projecto POCTI/ELT/33464/2000 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia).
Colaboração de José Javier Rodríguez Rodríguez (textos em castelhano; apresentações), Lucília Chacoto (paremiologia), Manuel Calderón Calderón (textos em castelhano; apresentações), Maria Luísa Oliveira Resende (comédias de Jorge Ferreira de Vasconcelos).

A apresentação dos textos é feita com critérios rigorosos de transcrição, tendencialmente modernizantes da ortografia, eliminando erros óbvios de tipógrafos, mantendo as marcas fonéticas da língua quinhentista.
A técnica editorial permite disponibilizar informação através de campos temáticos, glossário, notas críticas para a investigação, fac-símiles e bibliografia.”




Teatro de Autores Portugueses do Séc. XVII

“Neste sítio reúnem-se as obras que fazem a história do teatro no século XVII em Portugal, numa edição preparada no Centro de Estudos de Teatro, dirigida por José Camões, com Helena Reis Silva, Teresa Araújo, José Javier Rodríguez Rodríguez, Carlos Mota Placencia, Manuel Calderón Calderón, Filipa Freitas, José Pedro Sousa, João Nuno Sales Machado (decorrente do projeto PTDC/CLE-LLI/122193/2010 da Fundação para a Ciência e a Tecnologia).
A transcrição dos textos é feita com critérios tendencialmente modernizantes da ortografia, eliminando erros óbvios de tipógrafos. A técnica editorial permite disponibilizar informação através de campos temáticos, glossário, notas críticas para a investigação, fac-símiles e bibliografia.”


  

  

Falar de Amor prestando homenagem a Camões - uma opção poética de Ana Luísa do Amaral
















Ana Luísa Amaral (1946-2022)







"Em larga medida, o amor é inexprimível, porque não se explica. E é mortal. A única coisa que o pode imortalizar é a palavra."

In: Entrevista ao DN, 14.08.2005



ÚLTIMA MEDITAÇÃO DE CAMÕES II


Nasceste-me sem musa
e sem cuidado,
sobrevoando o tempo,
e as mais comparações 
que aqui eu possa
não te farão justiça nem acerto

Foste, palavra minha,
o mantimento
que trouxe de jornada,
e alimentaste a génese de tudo
nas visões
mais amargas

Ainda que em silêncio,
diz-me agora
de como pode ser
contentamento
este fogo de luz:

cruel morada

Dá-me outra vez,
em papel brando,
o mundo:

Eu: queimando por versos
um segundo,
tu, por um som,
ardendo eternidade

Ana Luísa Amaral
*
In: A Génese do Amor. Porto: Campo das Letras, 2005.
A gênese do amor.Rio de Janeiro: Gryphus, 2007.
[A versão textual foi reconstituída a partir da Internet]






o texto dito
pela Poetisa, na Brotéria.






2022/08/03

CAMONISTA - Isabel Almeida











Isabel Almeida, n. 1963-
Camonista, professora, investigadora e editora literária.



Isabel [Adelaide Penha Dinis Lima] Almeida realizou estudos de mestrado em Literatura Portuguesa com a dissertação [...] um estudo da epístola poética no século XVI (1989) e doutorou-se também na Universidade de Lisboa com tese sobre os Livros Portugueses de Cavalarias, do Renascimento ao Maneirismo (1998). É Professora Associada da Faculdade de Letras desta Universidade.

Isabel Almeida tem publicado em revistas e volumes coletivos estudos sobre Gil Vicente, Jorge Ferreira de Vasconcelos, Fernão Mendes Pinto, Pe. António Vieira e Luís de Camões. Destacamos os verbetes que redigiu para o Dicionário de Luís de Camões (2011), dirigido por Vítor Aguiar e Silva.

Isabel Almeida integrou a equipa responsável pela edição de Os Lusíadas Comentados por D. Marcos de S. Lourenço (CIEC, 2014) e prepara atualmente a edição dos comentários que Manuel Pires de Almeida escreveu sobre Os Lusíadas. As suas áreas de interesse compreendem, pois, a receção, abrangendo os comentários à obra de Camões, e a literatura portuguesa  dos séculos XVI-XVII.





CAMONIANA


  • (1989) Doces, brandos, graves, doutos versos: para um estudo da epístola poética no século XVI. – Tese de mestrado em Literatura Portuguesa. Lisboa: FLUL.
  • (1991) Duardos [Comédia de Dom Duardos / Gil Vicente]. Lisboa: Quimera.
  • (1992) «Em matéria de livros»: o diálogo I de Corte na Aldeia, Românica, n.º 1-2 (1992), 93-106.
  • (1994) Recensão crítica a A Vida de Camões, de Manuel Severim Faria [ed. de Reis Brasil, 1987], Colóquio/Letras, n.º 131 (jan. 1994), 211-212.
  • (1998) Livros portugueses de cavalarias, do Renascimento ao Maneirismo. – Tese dout. Em Literatura Portuguesa. Lisboa: FLUL. – Bibliogr., f. 717-765. – BNP: L. 63901 V.
 



Camões e a poesia de arte menor

in Lírica camoniana: estudos diversos
Constância: CIEC da Associação Casa-Memória de Camões em Constância
Lisboa: Cosmos, 1996, 27-45.






  • (1998) Obras de Álvaro de Brito. Ed., introd. e notas por – ; rev. Francisco Paiva Boléo. Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses.






Poesia maneirista

[Antologia poética]
Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para a análise literária de Isabel Almeida 

Lisboa: Editorial Comunicação, 1998.







  • (2000) Recensão crítica a 'Sobre Camões, Gândavo e Outras Personagens. Hipóteses de História da Cultura', de Vasco Graça Moura, Colóquio/Letras, n.º 157/158 (jul. 2000), 425-426.
  • (2002) Inventer en castillan, illustrer le portugais: les exemples de Pero de Magalhães Gândavo et de Jorge Ferreira de Vasconcelos, Arquivos do Centro Calouste Gulbenkian, n.º 44 – La littérature d’auteurs portugais en langue castillane, p. 59-73.
  • (2003) Artes de furtar: «Al cor gentil rempaira sempre amore» segundo Jorge Ferreira de Vasconcelos", Românica, n.º 12 (2003), 53-65.
  • (2003) Para uma arte da memória: Baltasar Gracián e Manuel de Faria e Sousa, leitores de Camões, Santa Barbara Portuguese Studies, n.º VII – Luís Vaz de Camões Revisitado (2003), coord. José Augusto Cardoso Bernardes, 163-189.
  • (2004) "Morreram primeiro que nascessem. A propósito de livros perdidos: o caso do «Diálogo da Parvoíce» de Jorge Ferreira de Vasconcelos", Românica, n.º 13 (2004), 59-90.
  • (2005) Aulegrafia: «rascunho da vida cortesã», «largo discurso da cortesania vulgar»", Península – Revista de Estudos Ibéricos, n.º 2 (2005), 201-218.
  • (2006) A propósito de «Sete anos de pastor...» nos sermoens de Vieira, Via Spiritus – Revista de História da Espiritualidade e do Sentimento Religioso, n.º 13 (2006), 59-96.




Magnum miraculum est homo:
José Vitorino de Pina Martins e o Humanismo

Org. FLUL; coord. Maria das Graças Moreira de Sá, Isabel Almeida, Cristina Sobral. 
Lisboa: FLUL, 2008.



  • (2011) Camões readings during the time of the Philips / Leituras de Camões no tempo dos filipes, Colóquio/Letras, n.º 178, número suplementar, p. 37-47.



Verbetes, in: Dicionário de Luís de Camões. Alfragide: Caminho, 2011:


Cartas de Camões, 241-249.
Cidade, Hernâni (camonista), 263-268
Correia, Manuel, 294-298
Maneirismo, 531-542
Maneirismo em Camões, 542-554
Mariz, Pedro de, 572-577
Morais, Francisco de, 607-613
Rodrigues, José Maria, 882-885





  • (2012) Em busca das fontes: Os Lusíadas comentados pelo Padre D. Marcos de S. Lourenço, eHumanista [digital], vol. 22, University of California, Santa Barbara 165-177.






Examinar os manuscritos das livrarias particulares: 
obra do Conde de Ericeira

Arthur Askins, Cristina Sobral, Isabel Almeida. 

Lisboa: CIEC / Centro de Linguística da Universidade.






  • (2013) "Se nenhum amor pode ser perdido": Sophia e Camões, in Sophia de Mello Breyner Andresen: Actas do Colóquio Internacional. Org. Maria Andresen de Sousa Tavares, 252-262.
  • (2014) Entrevista [conduzida por Maria do Socorro Fernandes de Carvalho, Unifesp], Floema, ano VIII, n.º 10 (jan.-jun. 2014), São Paulo, 11-26.





Os Lusíadas de Luís de Camões
comentados por D. Marcos de S. Lourenço Cónego Regular da Congregação de Santa Cruz de Coimbra


Transcrição e fixação do texto Isabel Almeida, Filipa Araújo, Manuel Ferro, Teresa Nascimento, Marcelo Vieira; 
notas Isabel Almeida, Filipa Araújo, Marcelo Vieira; 
revisão, índice e nota introdutória Isabel Almeida. 

Coimbra: CIEC, 2014.




  • (2015) As traduções: 4. As traduções para italiano, in A Biblioteca Camoniana de D. Manuel II: Camões nos prelos de Portugal e da Europa (1563-2000). Coord. José A. Cardoso Bernardes. Vol. I, Coimbra: Imprensa da Universidade: Fundação da Casa de Bragança, p. 175-178.
  • (2015) Os Lusíadas: 2. Edições dos séculos XVII e XVIII, in A Biblioteca Camoniana de D. Manuel II: Camões nos prelos de Portugal e da Europa (1563-2000). Coord. José A. Cardoso Bernardes. Vol. I, Coimbra: Imprensa da Universidade: Fundação da Casa de Bragança, p. 23-39.









Peregrinaçam, 1614


Org. de Isabel Almeida

Lisboa: CEM Centro de Estudos Clássicos, 2017.
426 p. : il. ; 23 cm. - ISBN 978-972-9376-46.



  • (2018) Guerra e paz: leituras seiscentistas de Camões, Colóquio/Letras, n.º 197 (jan.-abr. 2018), Lisboa, 9-23.
  • (2020) “Avivando o juízo ao doce estudo”: a poesia de Camões e a tradição do comentário, in Hidra Vocal: estudos sobre Retórica e Poética (em Homenagem a João Adolfo Hansen). São Paulo: Ateliê Editorial, 37-60.
  • (2020) “O reino que nos coube”: Maria Gabriela Llansol e Camões, In «O Litoral do Mundo»: Llansol e a «costura cultural portuguesa». Lisboa: Mariposa Azual, 35-47.
  • (2020) Gil Vicente, in O Cânone. Lisboa: Tinta-da-China, 261-270.
  • (2020) José Maria Rodrigues, verbete, in Dicionário de Historiadores Portugueses. Org. S. Campos de Matos. Lisboa: BNP.
  • (2020) Menina e Moça: desafios da imperfeição, in Voci del passato nella complessità della memoria: miscellanea di studi in onore di Silvano Peloso. Roma: Edizioni Nuova Cultura, 13-28.
  • (2021) A cultura literária na corte de D. Manuel, in Vi o reino renovar: arte no tempo de D. Manuel. Lisboa: Museu Nacional de Arte Antiga/INCM, 239-249.
  • (2021) Poesia em Portugal: relações literárias, in Entre Italia, Portugal y España: ensayos de recepción literaria. Santiago de Compostela: Universidad de Santiago de Compostela, 383-403.



2022/08/02

CELESTINA MODERNA EM LISBOA


A alcouceira, por Gerrit van Honthors

Imagem utilizada no início da parte "Fama e infâmia da 'ars lenandi'" (p. 146) da obra
de Felipe de Saavedra.

Na obra referida a pintura de Honthorst surge intitulada como

A Celestina, o cliente e a tangedora, 1625. 

Pintura a óleo de Gerrit van Honthors

ilustrando exemplarmente a Carta VI, provavelmente inspirada no 
Libro de Calixto e Melibea y de la puta vieja Celestina (c.1520) de Fernando de Rojas.



Uma carta do poeta Luís de Camões conservada no Códice Varejão da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP 9492, 156r-157v) foi revelada em 1925 pelo Professor e camonista José Maria Rodrigues. Todavia, o texto seria votado ao ostracismo, permanecendo desconhecido dos leitores não especializados durante quase mais uma centúria.
De facto, embora a epístola “tivesse sido comentada e citada fragmentariamente” (SAAVEDRA, 2022, p. 42), apenas viria a ser publicada aquando da efeméride dos 450 anos da publicação de Os Lusíadas, este ano de 2022. 
Este extraordinário texto foi conservado ou "ocultado" mais de 470 anos, apenas tendo sido dada a conhecer este ano por Marcia Arruda Franco, na obra coletiva por si coorganizada – Reescrever o século XVI: para uma história não oficial de Camões (FRANCO & RIBEIRO Filho, 2022, pp. 231-237; 250-262) em que a Professora faz uma “proposta de edição”, e, simultaneamente, por Felipe de Saavedra com a “edição crítica, analítica e comentada” na Celestina em Lisboa, o volume I de cinco que constituem o Epistolário Magno de Luís de Camões (SAAVEDRA, 2022, 305 pp.).

Disponibilizamos aqui uma versão traduzida em português atual, a partir do desdobrável da edição de SAAVEDRA, o qual contem o fac-símile da carta e a respetiva transcrição semi-paleográfica, texto que obtivemos a partir do Autor.


CELESTINA (MODERNA) EM LISBOA


Para que nem tudo seja falar-vos com siso, após as notícias que vos mandei de África e da Índia que cá chegaram, agora vos mando estas de folgar, que à orelha vos hajam de soar melhor. E ainda que escrever-vos isto seja intriga baixa, e de baixo assunto, pois é difamar putas, contudo eu não terei culpa alguma se ma não causardes vós com me denunciardes, porque eu o escrevo só para vós, com quem posso e devo falar tudo. E assim, com esta precaução de segredo, para que não seja necessário ficardes vós culpado comigo, nem eu desculpado convosco, e que não seja eu destas coisas o mais diligente solicitador desta terra, onde nunca faltam más-línguas que vos fazem tudo para vos danar.


Bem sabeis já como é entrada nesta cidade Madama del Puerto, com a Senhora Barbora sua filha, e também sabeis que este sobrenome “del Puerto” não o ganhou ela por cem mil milagres que aqui fizesse, onde por muito tempo residiu em seu ofício, mas por cem mil velhacarias que lhe renderam cem mil açoites que por elas lhe zurziram nas costas, com pregão. Porque a Senhora Barbora foi mais vezes cosida e renovada por Sua Madre que umas botas de um escudeiro, que assim a vendia por boa moeda. E, porém, à puta velha, apanhada em flagrante, chicotearam-lhe as costas com anúncios de trombetas. Até que por vários casos, após muitos acontecimentos, tornou aqui a aportar a Lisboa. Ó má Lisboa, que és um ninho velho, e domicílio

antigo de putas antigas! E aqui, como dizem das cegonhas que as moças mantêm as velhas, foi logo a Senhora Barbora exibida por estas paragens, e requestada por alguns novatos, que a não conheciam, que aos veteranos não podia ela enganar. Para estes modernos que eu digo, usou logo a puta velha de um ardil muito bom, que foi fazer a filha casada com um tal Mártir de Alentejo, que não reside aqui. E diz ela aos seus devotos que isto é muito conveniente, e assim é, pois com este estratagema abre e fecha quando quer as portas, e se nega, se defende, e ofende, e espanta os tristes dos cachorrinhos novos que com ela gastam o seu dinheiro. Com estes tem ela seus tratos e comércios, e com os mundanos experientes, que sabem da fraude, tem ela seus passatempos. E a velha manda a Senhora Barbora tanger e cantar uma cantiga triste.

E olhai esta declaração, que nem Ascênsio nem Donato a poderiam dar melhor. Os más-línguas de agora, se não entremetem o seu latinzinho, acham que não escrevem bem. E eu assim o faço, imitando mais o seu estilo do que o meu. Porque já em escrever-vos ganho algum crédito, e vós já me gabastes mais do que eu vos gabo: isto basta para vos escrever agora como eu quiser, sem guardar ordem, nem ordens, conforme ao lugar e estado de religioso em que agora viveis.

E eu vivo noutro estado, o de um morcego, que é sem ser ave nem rato. A culpa disto dá-la-ão uns a mim, o triste que passa a pena do escrever e a do tormento; os outros aos acontecimentos da fortuna, que não respondem sempre à natureza de cada um, ainda que esta seja boa; outros a darão aos corações humanos, que nunca se satisfazem; mas enfim, eu sei de quem a culpa é.



E tornando ao nosso tema, digo que a Senhora Barbora, e a puta de su Madre, vão tão avançadas no putarismo que podem ler de cátedra. E com os seus ditos graciosos, ora portugueses ora castelhanos, nunca lhes falta onde empregar a sua ciência e as suas manhas, porque neste cesto roto de Lisboa, onde elas tudo lançam, sabem bem que cada panela tem a sua tampa, e que sempre neste mar magno morrem madraços que vêm picar nos seus anzois, com os quais elas pescam de muitas maneiras. E agora anda tudo alvoroçado com estas armadas que partem, e na água revolta pesca melhor o pescador. Elas também com ardis apanham esses coitados, que hão de ir para fora sobre as águas do mar, uns enfeitadinhos a quem, como sabeis, se pagam soldos e pensões adiantadas, com outras mercezinhas. E tão bem os tratam, como se eles fossem franceses. Depois de lhes esvaziarem os bolsos, de bem vestidos e louçãos que andam, os tomam e lhes despem até os calções do uniforme.

E destes, os que agora dão mais nas vistas e mostras são os ceitis, que assim chamamos aos que agora se aprontam para ir para Ceuta. E estão as casas destas damas todas cheias destes ceitis, moeda de cobre de que elas fazem alguma prata. E estas falsas revivem para dar morte, que, como o trigo, se não apodrecer na terra não dá fruto nem espiga, também estas velhacas parece que quanto mais podres de seus males e doenças, amortalhadas nos seus lençóis, mais remoçam e reverdecem. Porém, já sabeis que a serpente se esconde na erva, como se vê nelas cada dia, que são peçonhentíssimas, mas mesmo como elas são, são desejadas, amadas e requestadas pelos seus amantes, mais perdidos do que elas.

E das putas em clausura, as mais populares são a Isabel Nunes de Tarifa, a Surradeira, a Marquesa, a Sintroa, a Antónia Bras, e as que chamam as folionas. Há também outras claustrais, mas mais autorizadas, as freiras, Barbora, Luzia e outras desta laia. Há outras ainda de mais autoridade, estas dão a sua casa aonde se pagodeia, porque para as pessoas não servem por serem já velhas, tais como Guiomar Mendes, Felipa de Barros, Beatriz Flamenga, com as suas filhas e as amigas delas. E às casas destas se vai fazer toda a imundice que digo.

O Triunfo de Baco (1650) por Michaelina Wautier
O Triunfo de Baco (1650) por Michaelina Wautier
Aconteceu, pois, que esta semana, uns certos ceitis (que pela honra deles não nomeio) encomendaram um pagode real com Madama del Puerto e sua filha Barbora, e com as velhacas da Surradeira e da Marquesa. E para isto contribuíram com o mais que eles puderam juntar, com que fizeram abastada despesa de comer e beber, para ser tudo levado a Orta Navía, em Alcântara, onde havia de ser a paródia. E para apimentar o ato, e ser a coisa mais crespa, saíram de suas casas em plena luz, quando o sol radiante já esparzia os seus doirados raios sobre a face da terra, nesta ordem e concerto, a saber: as damas iam ao varonil, em trajo de homens cavalheiros, em montadas muito guerreiras que eles lhes foram buscar, com penachos recamados de ouro e prata, por ir a coisa meia em prata e meia no cobre dos ceitis. Porque ainda que os senhores eram todos dos ceitis, um deles, que ia principalmente por servidor da Marquesa, era mulato, tinha “o pai de Ronda e a Mãe de Antequera”, ou melhor, da Guiné. A puta velha, por guardar mais o decoro e majestade de Madre, ia de cadeirinha sobre a albarda, porém louçã e muito enfeitada, e coberta com uma capa de escarlata. Mas, como se diz, é escusada a barrela na cabeça do asno, porque ela não deixava de parecer quem é, ou parecia a falsa Cábria quando a vestiram nos trajos da outra. E desta maneira chegaram a Navía, onde se vazaram os odres como alcatruzes, que eram cheios, como se disse, não de água, mas de muito vinho, com que de todo, segundo a fama, desenfadaram os seus corpos. E dou-vos fé que me espantaram as coisas que então fizeram, muito notáveis, que não são para vos contar. E não vos pareça que ficou a Madre velha de todo de fora, porque os cavalheiros eram em maior número do que as damas: puseram-se a fazer festa, para que também fosse consolada.

Saíram-lhes diante uns almogávares, que souberam desta ida, os quais eram clientes regulares. E vós os conheceis, os amantes destas damas: o primo coirmão da Surradeira, e outros. Decidindo afrontarem os ceitis de alguma maneira, perpassaram por eles muitas vezes, a rédeas tendidas, fazendo muito pó, e roçando-se com as damas, que iam disto receosas em extremo, por cuidarem que fosse isto caminho para algumas brigas, coisa por certo que as mais namora. Porém, os cavalheiros foram logo todos reconhecidos pelos outros, e ficaram bons companheiros. E assim, dissimulando cada um a sua mágoa, foram-se retirando: os rufias tornaram a Lisboa, e a outra companhia seguiu a sua rota, agasalhando-se naquela noite cada amante com a sua amada, e diz-se que foram provocados pelos outros com agravos amorosos. Outros recontros notáveis são passados entre matantes e estas senhoras minhas, espero informar-me bem por um matador que me há de contar tudo, então vo-lo escreverei mais largamente. E por agora contentai-vos com isto, pois creio que vi algo digno de ser contado.

O vosso homem vos leva esta resposta, quanto à minha não esqueça vossa mercê de me escrever longamente, como eu faço, sem medo nem vergonha.

Beijo as mãos de vossa mercê desta aldeia de Lisboa, a melhor do Reino, a 20 de maio de 1551 anos —


Leitura modernizada por Felipe de Saavedra
Fonte: Editora Canto Redondo



Luís Vaz de Camões
Carta VI


Programa do congresso Navigating 450 years of Os Lusíadas, 13-15 de outubro 2022






Navigating 450 years of Os Lusíadas

Programa – Camões @ Harvard

13-15 de outubro de 2022

 

13 de outubro (quinta-feira)


9-9:30 am Abertura
9:30-11am Conferência 1: 
  • Rita Marnoto (U. de Coimbra), The first editions of Os Lusíadas. Fact Check.
11-12pm Painel 1: Os Lusíadas e o Mar.
  • Alma Delia Miranda (UNAM) – Os Lusíadas: O reverso da medalha das relações de viagens desastradas quinhentistas.
  • Josiah Blackmore (Harvard) – The Inner Sea.
  • Lucy Graham (U. Johannesburg) – Decolonising Adamastor: from Os Lusíadas to Thirteen Cents.

12-2pm Almoço (Faculty club)

2-3:30pm Visita à Biblioteca Houghton

3:30-4pm Coffee break


4-6pm Painel 2: A Recepção d’Os Lusíadas

  • Filipa Araújo (U. de Coimbra) – Poesia pintada: Os Lusíadas na arte efémera das festividades barrocas.
  • Fernanda Barini Camargo (UNESP) – Os Lusíadas as an allegorical symbolism in Manoel de Oliveira’s cinema.
  • Gabriel Peres Marques (U. Nova de Lisboa) – Os Lusíadas Illustrated: iconographic aspects in Vieira Portuense’s series.
  • Gil Clemente Teixeira (U. de Lisboa) – ‘Na laboriosa oficina do Parnaso’: receção d’Os Lusíadas no poema Carlos Reduzido, Inglaterra Ilustrada (1716), de Pedro de Azevedo Tojal.

6pm Jantar


14 de outubro (Sexta-feira)


9:30-11am Conferência 2:
  • Isabel Almeida (U. de Lisboa), Leituras em confronto: o comentário a Os Lusíadas por Manuel de Faria e Sousa e por Manuel Pires de Almeida”.
11-12pm Painel 3 – Faria e Sousa
  • Aude Plagnard (U. Paul-Valéry de Montpellier) e Maria do Céu Fraga (U. dos Açores) – O Manuscrito HOUF MS 32 da Houghton Library na edição monumental de Camões por Faria e Sousa.
  • Maurício Massahiro Nishihata (USP) – A Información de Manuel de Faria e Sousa (1560-1649).
12-2pm Almoço (Faculty club)


2-3:30pm Painel 4 – Religiões e Os Lusíadas
  • Marcelo E. Fuentes (New Jersey City University) – An Empire of Faith and its infidels: Portuguese imperialism and stereotypical Muslims in Os Lusíadas.
  • John Hoffmeyer (Yale) – By the Hand of God(s): Christian anxieties and the making of Renaissance Epic in Camões and Tasso.
  • Maria Renata da Cruz Durán (UEL) – Iconic saints and miraculous words on the prow of Camões.

3:30-4pm Coffee break

4-5:30pm Painel 5 – Os Lusíadas e a tradição clássica

  • John Fleming (Princeton) – The double incipit of The Lusiads.
  • João Figueiredo (U. de Lisboa) – Don’t go East, young King!.

6pm Jantar


15 de Outubro (Sábado)

9:30-10:30am Painel 6 – Ensinar Camões
  • Cristina Zhou (U. de Coimbra) – Uma proposta para o actual ensino d’Os Lusíadas na China.
  • Mara Castro Correia (U. de Évora) – Da leitura à fruição da leitura de Os Lusíadas: uma proposta de Serious Escape Game para o ensino não formal da obra camoniana”


10:30-12pm Conferência 3:
  • K. David Jackson (Yale), Voyage into Being.

12pm Encerramento

12:30 Almoço de despedida (Casa Portugal)


 


2022/08/01

CELESTINA EM LISBOA





Celestina parou primeiro em Óbidos - Vila Literária, em festa com o Mercado Medieval, onde
este sábado foi recebida pelo mestre-livreiro Luís Gomes, da Livraria Artes & Letras, para a apresentação do livro Epistolário Magno de Luís de Camões, vol. 1. – Celestina em Lisboa, obra que constituirá um marco incontornável nos estudos camonianos.


Como refere na parte introdutória Felipe de Saavedra, o autor da edição crítica desta Carta VI de Luís de Camões agora publicada, ela permite-nos entender como o Poeta 
“adentra a cultura da comédia peninsular, adotando um registo burlesco que glosa a proposta moralista de Rojas. Enriquecem-na informações valiosas para a história dos costumes da Lisboa Quinhentista, temperadas pela efemeridade do anedotário, pelo confessionalismo e pelo desabafo próprios da escrita missivística, aqui valorizados por uma vasta cultura literária e um apurado sentido de humor”.



A apresentação da obra, dedicada à memória do Professor J. V. de Pina Martins, esteve a cargo do Professor José Camões, que entre muitos aspetos importantes para o leitor explanou a estrutura da obra – ver aqui a reprodução do índice. Na assistência convivial estiveram presentes colegas camonistas como as Professoras Maria do Céu Fraga e Isabel Almeida, ambas citadas na obra e referidas durante a conversa do autor.

Este Epistolário Magno de Luís de Camões faz parte da Coleção “Epistolários” da editora Canto Redondo, da responsabilidade de Joana Morão, com revisão de texto por Conceição Candeias e grafismo de José Espadinha.







Para saber mais sobre a obra, consulte: