"Os Lusíadas: teatro
adaptação livre do poema épico de Luís de Camões"
por Laureano Carreira
Lisboa: Catedral-Produções Culturais,
Dammarie-Les-Lys, França: Acap 77, 1995.
97, [2] p. (21 cm).
"Desgraçada sorte! Estranha condição!"
"Esta adaptação teatral do inultrapassado poema épico do imortal Camões respeita plenamente a trama central da acção: a viagem de descoberta do Gama. Outro tanto se passa com a interferência do maravilhoso mitológico, que o dramaturgo utiliza sagazmente, ora para acentuar o plano onírico e metafísico, favorável aos marinheiros portugue-ses, ora para obter efeitos cénicos de sensualidade ou de pura beleza plástica, tirando partido da maior visualidade da criação teatral.
Laureano Carreira mostra-nos um Vasco da Gama decidido que gere inteligentemente os seus frágeis meios; transmite-nos uma perspectiva moderna na percepção dos povos estranhos; e atribui grande espaço à atitude do Velho do Restelo.
Na verdade, mais do que na exaltação da rota da descoberta, L. Carreira termina esta sua versão de Os Lusíadas realçando a fala preocupante do velho que anuncia aí "o princípio do desterro de um povo pelos cinco continentes /..!, pelos séculos a vir", caindo o pano sobre a exclamação lapidar do vate: "Desgraçada sorte! Estranha condição!" Glória ou má fortuna? Duas faces da mesma realidade que assim é cingida numa grande interrogação que interpela o destino de um povo e cada um de nós, ou não se achasse, no momento presente, metade dele desterrado...
Depois do episódio Inês de Castro em Até ao fim do mundo, L. Carreira retoma aqui outro tema maior do passado lusíada, embrenhando o leitor/espectador numa reflexão auto-analítica, nada saudosista, que parece traduzir dramaturgicamente as grandes convulsões deste nosso tempo de mudança."
Daniel Lacerda
(texto da contracapa)
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Laureano Carreira, Diretor do Teatro Ibérico © Carlos Mateus de Lima (pormenor de foto sua) |
Laureano Martins Carreira
n. Costa da Caparica, 1944 - 2016.
Jornalista, autor e encenador.
Formado pela École Pratique des Hautes Etucles, IV Section, Paris,
e Doutor em Letras pela U. Paris III, Sorbonne-Nouvelle.
Fez Estudos Teatrais no Institut d'Etudes Théatrales, U. Paris III
e Estudos Cinematográficos na École Nationale Louis Lumière, Paris.
Trabalhou na Radio France Internacional
e foi professor em universidades portuguesas,
como a U. Évora, no Departamento de Artes Cénicas.
Jubilado em 2009, passa a dedicar-se em exclusivo
à escrita dramática: ópera e teatro.
Como encenador, levou à cena diversas obras
em vários teatros de Paris e no Théâtre de la Mer em Sète,
criado por Laureano Carreira em janeiro de 1981.
Apresentou peças durante cinco anos
no teatro da Residência André de Gouveia na Cidade Universitária de Paris.
tendo começado com a encenação de “Camões ressuscitado”,
com poemas traduzidos por Pierre Léglise-Costa.
Nos últimos anos da sua vida, em Lisboa,
dedicou-se à criação de espectáculos no Teatro Ibérico,
na freguesia do Beato, na zona oriental de Lisboa,
do qual era Director Artístico.
Consagrou essencialmente o teatro musical
já que era um apaixonado pela música de
João Domingos Bomtempo.
para saber +
Amostra do texto, 8 p. [PDF]
Laureano Carreira
"Observações sobre o dispositivo cénico e a encenação"
in Os Lusíadas: teatro.
Lisboa / Dammarie-les-Lys: 1995, p. 93-96.
Voto de pesar 01/93 (PS) | [PDF]
in Assembleia Municipal de Lisboa, 2.02.2016
Faleceu Laureano Carreira: Jornalista e homem de teatro,
partilhou a vida entre Lisboa e Paris | [PDF]
in Luso Jornal, 6.02.2016, p. 7
Redação: 6.12.2025

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