“A LUÍS DE CAMÕES”
ESCULTURA
madeira e mármore
da autoria de Rui Sanches
"Esta escultura pretende ser uma homenagem a Luís de Camões no ano do V centenário do seu nascimento.
Na minha opinião Camões era um ser dividido: entre o mundo antigo, dos cavaleiros que fizeram Portugal, com a sua coragem e os seus códigos de honra, e o mundo novo, dos comerciantes “sem escrúpulos”, gananciosos e exploradores; entre a concepção humanista do Renascimento neoplatónico e a repressão e a treva da contrarreforma; entre a noção que tinha do seu valor como poeta e a realidade da pouca recetividade dos meios “que contavam” que teve durante a vida.
A cegueira do olho direito e a deformação dessa metade da cara, causada por um acidente de guerra ao serviço da Coroa, é uma metáfora dessa condição “fragmentada”, arruinada, do seu ser.
A composição junta uma série de elementos que referem aspectos que encontro na obra e na personalidade do poeta. As representações desses aspectos aparecem reunidos como numa colagem, onde cada fração mantém a sua identidade e, simultaneamente, faz parte de um todo coerente.
Referências a um corpo, dividido, que é "apenas" um busto, a uma mesa de trabalho, livros arrumados, sólidos platónicos, em materiais mais ou menos perenes, pernas-árvores, espaços fechados, espadas ou raios, tudo encimado por uma esfera branca, puro astro que guia (ou esmaga?)."
Biblioteca Nacional de Portugal | Facebook, 8.07.2025
para saber +
in CVC do Camões, I.P. - Biografias (em língua inglesa)
Redação: 9.07.2025