2024/05/13

Escrever Camões no meio milénio do nascimento do Poeta


Escrever CAMÕES

nos 500 anos do seu nascimento

30 autores


Uma iniciativa das Edições Colibri

coordenada literariamente por Ângelo Rodrigues











Lançamento na Feira do Livro de Lisboa 2024

15 JUN. 2024, sábado | às 17h00

Na Feira do Livro de Lisboa, Auditório Norte

Apresentação do projeto

por Ângelo Rodrigues

com a presença de alguns autores









AVULSAS IMPRESSÕES

por Ângelo Rodrigues

 

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
Luís Vaz de Camões

 
1. Caros autores, obrigado por serem quem são e por fazerem parte desta coletânea assumidamente diferenciada e eclética que podemos considerar uma espécie de “desígnio nacional”. A vossa confiança, dedicação, colaboração e generosidade, são também a necessária e “boa lenha” das nossas “fogueiras criativas” que nos proporciona conforto e iluminação da Alma. (Um pouco à maneira de Camões, podemos dizer que tal atitude é uma “forma de Amor” que «arde sem se ver», mas que queremos sentir intensamente e cada vez mais). É graças ao vosso empenho literário e cultural que transfiguramos as nossas vidas e fazemos a devida apologia, bem como louvamos a existência e a influência (estamos em crer que é o desejo de todos ou quase todos) do grande Vate (também profeta, também vidente…) Camões. É ele que nos continua a inspirar, nos motiva e galvaniza. Ele é intemporal (clássico, mas tão contemporâneo ou mais do que muitos) e eterno; e daqui a um milhão de anos continuará - certamente - a ser celebrado e reconhecido como bem merece e se impõe. Os vários, ousados e especiais - tão diversos -, fantásticos trabalhos literários (em quase todos os géneros e subgéneros) exarados nas muitas páginas desta obra coletiva são sobretudo um agradecimento e um reconhecimento da imensa e extraordinária influência de Camões em praticamente todos nós. Sem ele, certamente que não seria amesma coisa. Esta singela celebração/homenagem no ano da comemoração dos 500 anos do seu nascimento, impunha-se mais do que nunca, e toda e qualquer homenagem/celebração a Luís Vaz de Camões ficará sempre aquém da sua grandiosidade; assim, qualquer tipo de apologia, através de qualquer meio ou suporte, por mais honesta, apaixonada, sentida e autêntica que seja é sempre bem vinda e desejável, mas jamais esgotará a genialidade desta tão ímpar personalidade.

2. Camões não é só “nosso” (apenas da Portugalidade ou, se preferirem, da Lusofonia), mas sobretudo do mundo. Camões é como uma grande e bela galáxia cheia de vida que nos continua - ainda - a impactar, inquietar, deslumbrar... Ele é, sem dúvida, o maior poeta da língua portuguesa e um dos mais importantes e diferenciados da Literatura mundial. 
“Os Lusíadas” bate aos pontos qualquer obra épica (e existem várias e boas) e consubstancia-se numa obra-prima sem paralelo e de difícil e arriscada comparação com as que conhecemos em virtude da sua excelência estilística (forma, conteúdo…). Que Homero, Vergílio e Dante se cuidem! Está ainda por nascer um espírito desbravador, um poeta/escritor/”rebelde” que consiga narrar de forma tão inovadora, criativa, diferenciada e sublime (inspirando também posteriores obras do género em todo o mundo), as conquistas, os feitos, as glórias,  e também os sofrimentos, os desalentos e as angústias dos navegadores portugueses que se aventuraram e desbravaram os vários mares e os continentes, levando com eles a mentalidade, a fé, a cultura, a mundividência bem como a forma de ser e de estar Lusitana. 
Mas, como sabemos, Camões não foi apenas e só o poeta épico por excelência (de que quase todos tomamos conhecimento - e nem sempre boa nota - a partir dos “bancos da escola”, pois para alguns, a aprendizagem forçada e sofrida da Gramática, e particularmente das famosas orações, a partir de “Os Lusíadas” e também da Lírica, foi terrível… - e provavelmente desnecessário -, mas o Vate não tem culpa nenhuma desta situação…), foi muito mais do que isso; foi também um destacado agente da cultura e das artes, um visionário, um sublimador, um “revolucionário”, um poeta lírico, que cantou como ninguém o Amor e a Saudade (tão nossa “que outros estranham e depois docemente se lhes entranha”, à maneira de Pessoa - outro dos grandes - que teve também Camões como mestre). 
Camões cantou e refletiu - como nenhum outro antes e depois dele -  outras temáticas, sentimentos, afetos e emoções, lugares reais e imaginários, homens e mulheres especiais bem como seres mitológicos que marcam a vida e a condição humana cantando a Natureza, o Bucolismo, a Fortuna, o  Sofrimento, a Morte, as Tágides, as Ninfas, os Deuses (com as suas peculiares e encantadas implicações na vida dos humanos)... Abordou poética e literariamente (com uma peculiaridade desconcertante e genial) tantos temas e dimensões da nossa vida em versos únicos, diferenciados, absolutamente originais e de rara beleza, harmonia, musicalidade e encanto. 
Vale a pena questionar agora: que outra (e melhor) inspiração podiam ter tido os autores incluídos nesta obra (?!) Como sabemos, Camões viveu numa época bastante conturbada e conflituosa, de grandes transformações físicas e espirituais, tanto na Europa como no mundo. Assim, e pelo exposto, teremos que admitir e nos render um pouco à ideia de que a história é cíclica e que, apesar de Camões nos ensinar que tudo muda,  alguma coisa do que já foi, voltará a ser como era. («Mudam-se os tempos, / Mudam-se as vontades, / Muda-se o ser, muda-se a confiança; / Todo o mundo é composto de mudança, / Tomando sempre novas qualidades»). Puxando a brasa à nossa sardinha, dizemos que, também por isso, se Camões cá voltasse hoje, não iria - certamente - estranhar algumas coisas que pouco ou nada mudaram... Muito em particular, e principalmente para o mal ou para o menos bom, a natureza - a “condição humana” com tudo o que isso quer dizer e significa - continua praticamente inalterada. 
Foi Camões testemunha e protagonista de acontecimentos históricos marcantes ainda hoje e para sempre, como a expansão marítima, a alteração do paradigma religioso, as guerras e as intrigas palacianas e políticas (e ainda hoje nada disto é muito diferente). Foi também um homem de aventuras, de infortúnios, de experiências intensas, que viajou por vários lugares (alguns considerados já então exóticos e estranhos) e países. Foi muita coisa enquanto viveu e também dedicado soldado tendo combatido em algumas batalhas (físicas e espirituais) e até perdeu um olho (sendo que via muito bem com “os olhos da Alma”). Esteve preso (em prisões físicas e almíficas – palavra nossa); naufragou literalmente (e também pela sua Alma grande); sofreu/adoeceu e recuperou (pois, como escreveu um dos grandes vultos da nossa Filosofia, muitos anos depois dele, «tudo o que não me mata torna-me mais forte» – Nietzsche). Camões reinventou o conceito de Amor bem como a compreensão e a prática do mesmo; amou  e foi amado (explorando e alargando como mais ninguém,  a essência do Amor, a semântica, o propósito, o sentido e mais além) tendo sofrido muito,  com resiliência, com bravura, com coragem e ousadia. A sua vida foi uma peregrinação, uma extraordinária odisseia interior e exterior, uma demanda (certamente orientada pelos deuses - com um nobre propósito - a fim de experimentarem - e testarem - o génio do Homem Grande que os investigava, denunciava, conhecia e confrontava como ninguém) que se reflete na sua obra, tanto na forma e estilo inconfundíveis, inigualáveis e inultrapassáveis como na excelência dos  temas genialmente abordados que continuam a marcar-nos hoje e para sempre, pois Camões é eterno.

3. Camões não é apenas o grande poeta universal; é uma referência, um padrão, um “ideal de Literatura” e também um ideal de causas nobres em busca do Bem, do Belo e da Justiça (onde certamente o também grande e genial - muitos anos depois dele - Antero de Quental se inspirou, e a quem tencionamos dedicar um livro como este), que para ele são a mesma coisa. Alguém que soube, mais do que ninguém, expressar os sentimentos, as injustiças, os ideais, a beleza, os desejos, as ambições e os grandes valores/princípios axiológicos e estéticos da humanidade, com uma linguagem bastante original, riquíssima, variada e ousada, e muito à frente do seu tempo (daí o Vate que significa também profeta e visionário…). Camões soube como nenhum outro - e continua a ensinar-nos isso pelo tempo fora - a combinar a longa e maravilhosa tradição clássica (sobretudo greco-romana, mas não só, que muito amou, investigou, refletiu e cantou) com os cânones e “modelos literários” do seu tempo (tendo sido  inovador, moderno e contemporâneo). 
Camões experimentou, vivenciou e mudou definitivamente alguns paradigmas que ainda seguimos. Tal como Camões, tenhamos nós a ousadia e a coragem de mudar! Sem qualquer tipo de dúvida, a sua obra é parte significativa, honrosa e essencial do património cultural português e também do mundo, que merece ser não apenas lida, mas muito mais: fruída, inteligentemente interpretada, partilhada, enaltecida, compreendida, admirada, celebrada, verdadeiramente sentida e estudada/investigada/criticada por todas as gerações “até ao fim dos tempos”. Não sendo propriamente uma crítica (embora possa ser considerada uma farpazinha), que o estado Português - e quem de direito, esses tais “representantes e líderes” da nossa Cultura e afins - tenham em consideração, possam interiorizar e perceber a importância desta enorme personalidade nos 500 anos do seu nascimento (2024). 
Assim, celebrar Camões não é apenas um dever, é também um agradecimento, e, como já se percebeu, esta efeméride, não é apenas e só mais uma data como outra qualquer. E nas escolas… tem estado a acontecer alguma coisa de relevante e de significativo para as novas gerações tendo como ponto de partida e inspiração Camões (?!) Quem achar por bem, que responda, e oxalá que possa ser - desejavelmente -  em sentido positivo.

4. Nesta obra coletiva de trinta autores (que livremente optaram por qualquer dos géneros literários conhecidos), conscientes da importância desta tão relevante personalidade e desta data tão marcante, simbólica e significativa - que jamais poderia ser esquecida -, foi proposto - por convite da editora - uma homenagem/celebração/apologia - uma espécie de tributo - a Camões pelo e com o contributo literário de cada um dos autores envolvidos, pois estamos em crer que o nosso melhor legado (e também por isso seremos eternos) é a nossa criatividade, que se consubstancia nas páginas desta obra em vários textos, poemas, contos, aforismos, memórias e pequenos ensaios que este diferenciado, singelo e eclético livro deixará para fruição desta e das próximas gerações. 
Assim, e com a forte convicção de que não temos (nem tal coisa é necessária) que justificar esta aventura literária e criativa, tal tarefa se impunha por si mesmo no ano (2024) em que se comemoram os 500 anos do nascimento desta figura ímpar da Portugalidade. 
Mais uma vez, o nosso sentido agradecimento aos trinta autores de todos os géneros literários que connosco alinharam - e reciprocamente se motivaram - neste nobre propósito. Cada autor (escritor, poeta, ensaísta, contista…) procurou dar/partilhar o melhor de si e contribuiu com um texto de um género diferente, inspirados, como não podia deixar de ser, na fantástica e intensa vida, e sobretudo na grandiosa obra de Camões, bem como em aspetos relacionados com o seu tempo/época, as suas viagens, vivências peculiares, a sua cultura e influências várias e sempre ricas, algumas completamente “fora da caixa”,  e, também por isso, inspiradoras. 
Em jeito de síntese, e na honrosa qualidade de coordenador literário deste projeto, podemos dizer, sem peias, sem rodriguinhos ou falsas modéstias, que o resultado valeu bem a pena e que estamos perante uma obra de grande diversidade estilística, de qualidade literária quanto baste, sendo também original e diferenciada, e que, mais do que tudo, pretende celebrar o poeta, o escritor, aquele que tratava as Musas por tu, o Homem com H grande, o lutador de causas nobres, o também “rebelde”, o inconformista, o defensor e praticante da “desobediência civil” (que muito nos tem hoje a ensinar), o defensor da dignidade humana, o humanista por excelência, aquele que ousou redefinir o conceito e a ideia de Amor e que o compreendeu e vivenciou como ninguém. 
Meus caros autores e leitores em geral, em duas palavras, o legado de Camões é incontornável, e também por isso, eterno; assim, saibamos nós continuar pelo tempo fora a celebrar um dos grandes que habitou este planeta. Tendo em conta o que já foi dito, e sobretudo o que não foi possível ou, de todo, não conseguimos dizer (pois, tal como Wittgenstein - grande observador e pensador do mundo -, também pensamos e afirmamos com ele que “o que falta dizer é sempre o mais importante”), então DIGAM! Que esta singela obra coletiva consiga inquietar-nos cada vez mais, perturbar (no bom sentido do termo) e provocar a reflexão que falta fazer; que incentive a boa “rebeldia” e o debate, aguçando a nossa curiosidade bem como o nosso necessário e urgente espírito crítico. Em síntese, esta obra só foi possível pelo facto de que todos os envolvidos nunca se esqueceram da boa influência, da nobreza, do simbolismo, do significado, do sentido e da atualidade do legado de Camões.

5. Esperamos - sinceramente - que esta singela obra coletiva seja do agrado dos mais exigentes leitores e que estes possam apreciar as diferentes perspetivas (perceções, paradigmas, opiniões, visões do mundo e da vida) e abordagens dos ousados e corajosos autores que lhe deram corpo, voz, alma e sentido. Que esta obra possa também motivar à releitura, ao redescobrimento e ao aprofundamento do extraordinário legado de Camões. Escrever, portanto, inspirados em Camões, é uma forma de reconhecer e agradecer a sua fantástica contribuição para a língua, a literatura e a identidade portuguesas, mas também - e sobretudo - para a cultura e a história da humanidade.

6. A influência de Luís Vaz de Camões na cultura, língua e literatura portuguesas são inegáveis e todos (ou quase todos) temos consciência disso. Ainda assim, nem sempre o Vate tem tido o melhor tratamento e consideração por todos nós. Podemos dizer que Camões foi também um “pensador”, um exímio criador de conceitos e o grande renovador da Língua Portuguesa tendo conseguido transformá-la num dos mais fortes símbolos da nossa identidade (essa coisa da Lusofonia…). Camões influenciou a cultura portuguesa em vários aspetos. A sua obra é uma fonte de inspiração e de conhecimento para os portugueses (e para todos os povos do mundo), e devemos orgulhar-nos da sua herança, da sua aventura e ventura, propósito e missão de vida. 
Camões valorizou a Cultura e a Arte de forma peculiar e diferenciada, mas também denunciou a corrupção, a decadência, a falta de dignidade e de justiça (a desgraça e o sofrimento), a perseguição e a falta de liberdade. Viveu a sua intensa - e muitas vezes desconcertante - vida como “livre pensador” e foi ousado, corajoso, “rebelde” e desbravador. Possamos nós estar hoje - e sempre - à altura do seu peculiar e extraordinário legado! A obra é obviamente bela, genial, incontornável, majestosa, insuperável, intemporal, inovadora… contudo, e para além do acima dito, que é mesmo positivamente muito para um homem só, que a sua experiência de vida possa ser por nós celebrada como exemplo de alguém que lutou e que defendeu a Literatura, o Teatro e as Artes, não apenas como um cidadão comprometido com a Cultura do seu tempo, como Poeta ou Escritor brilhante, mas também como Homem grande que hoje podemos metaforicamente considerar (e legitimamente confundir) com “um dos deuses da tradição clássica” que ele bem conhecia (e com quem  “conviveu”) e que muito referiu, especulou, criticou, exaltou e confrontou, tanto na sua obra épica como na lírica.

7. É sabido, mas nem sempre devidamente reconhecido e compreendido, que Camões influenciou a língua e a cultura portuguesa de forma tão marcante (a Lusofonia, a Portugalidade) em vários aspetos: o estilo, a gramática, a ortografia, o vocabulário, a sintaxe, a prosa, a retórica... A sua obra é um modelo de excelência e de talento. Camões contribuiu como nenhum outro poeta ou “intelectual” para a formação e para a consolidação da língua portuguesa, que se tornou uma língua de culto, de máxima cultura e de prestígio. O Português é falado por mais de  260 milhões de pessoas em todo o mundo, e, se não estamos em erro (pois a Estatística não tem ajudado muito neste particular), já chegou - ao que parece - a ser a quinta Língua mais falada, orgulhosamente capaz de competir com as designadas línguas dominantes (e mais nobres) da época, como o Latim, o Francês e o Espanhol. Camões enriqueceu a língua portuguesa com novas palavras que ousadamente inventou, novas expressões, nova e imaginativa semântica, novas figuras de estilo e de linguagem, novas formas poéticas e também novos ritmos, nova musicalidade e renovadas abordagens temáticas. Além do já referido, é legítimo reconhecer e fazer a devida apologia, pois, foi graças a Camões que alguma coisa de muito belo se alterou no exercício e partilha da Língua: desde o estilo aos temas-problemas. Podemos dizer (e tal coisa só nos vincula a nós, tendo em conta as supostas e eventuais críticas/objeções dos mais puritanos destas coisas) que foi ele o criador e o mentor de uma nova e ousada metalinguagem que pouco ou nada tem mudado desde então. A sua obra é, e sempre será, tal como se pode verificar pela leitura cuidada, hermenêutica e fruição desta coletânea de homenagem/celebração (“escrever CAMÕES”), uma fonte de influência e de interação para os escritores de Língua portuguesa, que nele se inspiram (sobretudo pela poesia - Lírica e Épica -, mas também pela prosa e pelo “ideário” camoniano em geral). Camões criou obras de vários géneros literários (sendo vários deles - infelizmente - pouco conhecidos da maioria das pessoas), como a Epopeia, a Lírica, o Teatro (tendo sido também um Dramaturgo, e esta faceta é menos conhecida). Parece que Camões não quis deixar quase nenhum género nem subgénero de fora (sendo também o inventor e experimentador de alguns, particularmente subgéneros poéticos que vários autores - e bem - recordam em várias produções contidas nesta obra e que dispensamos de os referir/enumerar aqui), e isso revela - uma vez mais - a grandiosidade desta personalidade que quase tudo quis experimentar e que em tudo o que tocou foi mestre (arauto e expoente máximo  da Sensibilidade). 
Não é fácil seguir o seu exemplo, mas o desafio é mesmo esse. Esta obra (a vossa/nossa coletânea que passa agora a ser de todos e de ninguém em particular) é assumidamente eclética (podemos dizer que inclui todos os géneros literários já inventados e mais um) e, assim, à maneira de Camões, aquele que nos inspira, e que está seguramente sentado na ponta da sua estrela a contemplar o Uni-Verso pela eternidade fora, que olha por nós como fazem os bons deuses - que recordou e cantou -, e que como por magia, pois os deuses assim o quiseram e ordenaram, nos “obriga” e desafia a criar e a recriar cada vez mais e a aperfeiçoar o que será o nosso melhor legado, e com isso,  sub-repticiamente, o convite e o repto a fim de nos superarmos. Obrigado Luís Vaz de Camões.

8. O poeta espanhol, nosso contemporâneo, Juan Vicente Piqueras, disse: «Escrevo porque não tenho palavras». Entendemos e sugerimos que devemos ir em busca (em demanda) das palavras certas e também das problemáticas e das incertas, bem como das que ainda não existem, das mais luminosas, das mais belas e também das feias e aleijadas; mas também das mais perturbadoras e inquietantes, das mais autênticas, das mais intensas, das palavras douradas e eternas, daquelas que habitando ora o Infinito, ora o Submundo, habitam necessariamente - e sempre, quando bem procuradas - no verdadeiro e apaixonado autor/criador. Estamos em crer que, obviamente inspirados em Camões, e reiterando, é também essa a grande motivação dos autores que integram esta obra. Para além de ser uma boa terapia (pois estamos em crer que toda a Literatura - bem como a boa Arte em geral -  é terapêutica e atua em nós como catarse), talvez a melhor, a mais eficaz, e a que vale a pena recomendar,  escrever é sobretudo descobrir e descobrir-nos, compreender e compreender-nos, interiorizar e “outrar”, viver e fazer viver. Escrever é um ato de Amor. Assim sendo, que nos seja permitida uma recomendação aos humanos (para que se tornem cada vez mais humanistas): escrevam (em qualquer género literário conhecido ou por inventar) e amem-se cada vez mais e melhor, pois pouco mais valerá a pena.

9. Contaremos com os autores (de todos os géneros) nos próximos projetos literários que tencionamos promover e partilhar. Mais uma vez, obrigado pela vossa confiança e dedicação a esta causa que nos parece necessária e nobre. Um grande abraço do tamanho do Uni-Verso.


Ângelo Rodrigues










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Docente e Coord. literário nas Edições Colibri










Redação: atualizado em 26.05.2024