2023/03/19

Fernão Gomes fez em Lisboa o retrato de Luís de Camões









Cópia "fidelíssima" da capa e portada do livro que mandou fazer o conde de Vimioso para os cantos de Luís de Camões e do retrato do Poeta


Data provável:
[1819 e 1844]


Dimensão e suporte:
1 livro; [2], 13 f.


dim. do retrato:
145 x 130 mm, papel


Cota no ANTT:
Portugal, Torre do Tombo, Gavetas, Gav. 25, maç. 2, n.º 7










História da proveniência
e
do conteúdo do livro onde se encontra o retrato


A fonte do texto é devidamente indicada no final
com ligação para o documento original.



“História custodial e arquivística":


"A cópia do retrato, portada e capa de pergaminho encontrados na livraria da Casa do Louriçal. No Terramoto de 1755, foi um dos poucos documentos salvos do incêndio que destruiu o palácio dos condes da Ericeira e marqueses do Louriçal, situado junto à Anunciada, em Lisboa. Após 1755, a cópia da capa e da portada do livro que mandou fazer o conde de Vimioso para os cantos de Luís de Camões e do retrato do poeta foi reconhecido por José Coelho da Silva "familiar da casa" dos marqueses do Louriçal, num dos caixotes que se encontrava no compartimento destinado à livraria da sua nova residência. É desconhecido o nome do proprietário da cópia do retrato de Camões, depois da morte de D. Segismundo, 3.º duque de Lafões.

Foi adquirida pelo Dr. António Augusto de Carvalho Monteiro [o “Monteiro dos Milhões”, dono da Quinta da Regaleira em Sintra, bibliófilo, cuja coleção bibliográfica camoniana se encontra, atualmente, e na maior parte, na biblioteca de Harvard, e a rica coleção de “objetos” relativos a Camões e ao Tricentenário da morte do Poeta se encontra no Museu da Cidade de Lisboa], pertenceu ao filho deste, Dr. Pedro Augusto de Carvalho Monteiro, quando, em 1925, foi descoberta por Afonso Dornellas. Em 1951, foi adquirida por António de Aguiar. Em 1960, foi comprada pelo Dr. Fausto Amaral de Figueiredo, passando aos seus herdeiros. Em 1988, a 30 de Dezembro, por proposta do livreiro antiquário Richard C. Ramer, de Nova Iorque, foi comprada pela Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, passando a pertencer ao Estado Português.

A cópia do retrato de Camões e mais dois documentos relativos a D. Martinho de Castelo Branco, considerados de interesse camoniano, e adquiridos pela citada Comissão, foram entregues à Secretaria de Estado da Cultura, ficando em depósito no Museu Nacional de Arte Antiga. Em 1990, a 29 de Novembro, os dois documentos relativos a D. Martinho de Castelo Branco foram entregues ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Em 1991, a 17 de janeiro, a cópia do retrato de Camões, que tinha estado exposta na Fundação Calouste Gulbenkian, deu entrada na Torre do Tombo."



"Âmbito e conteúdo":


"Nome do autor da cópia: Resende, Luís José Pereira de (1760-1847)

Cópia destinada ao duque de Lafões.

A cópia "fidelíssima" é constituída pela capa de pergaminho, pela página de título do livro com o título:
"Este livro mandou fazer o senhor conde de Vimioso pera os cantos de Luis de Camões. Tem o retrato do mesmo, e foram tirados dos borrões e delle vistos. 1570",

e pelo retrato do poeta, com a seguinte legenda:

"Retrato de Luís de Camões o único que dizem existir, e ser tirado do natural. - Fernando Gomes, fez em Lisboa".

Inclui ainda a reprodução da folha em branco, possível guarda do manuscrito e termina com a "Nota única" pela qual o marquês do Louriçal pedia que se não tirasse do presente traslado outra cópia.


Segundo a citada cópia, o texto do livro terá sido retirado para a primeira impressão dos Lusíadas, em 1572.

A dedicatória, provavelmente, dirigida ao 3.º duque de Lafões, as pinturas do respetivo brasão de armas no começo da introdução (escudo partido tendo na primeira pala o brasão da Casa de Bragança e na segunda pala, o brasão dos Sousa, com coroa de duque e como suportes dois anjos), e as pinturas das estampas, têm o monograma de Luís José Pereira de Resende.

A organização do códice e a elaboração do retrato serão independentes, a portada terá sido feita depois da morte de Camões, por um artista menor, um iluminador ou um ourives, o códice terá sido organizado entre 1580 e 1582, o conde de Vimioso mencionado na portada corresponderá a D. Francisco de Portugal.

O original da cópia do retrato de Luís de Camões foi executado por Fernão Gomes (1548-1612), provavelmente, destinado à abertura de uma gravura a buril sobre chapa de cobre que terá sido executado entre 1573 e1576, sendo muito possível que se destinasse a uma das primeiras edições do Lusíadas.

Fernão Gomes ou Fernando Gomes é o nome por que ficou conhecido, em Portugal, o pintor maneirista espanhol, Hernán Gomez, natural de Albuquerque, que se formou na oficina de Anthonis Blocklandt, em Delft. Em 1573, veio para Lisboa. Em 1594, tornou-se pintor de óleo de D. Filipe II. Em 1601, recebeu o cargo de pintor dos Mestrados das Ordens Militares, concedido pela Mesa da Consciência e Ordens.
Da sua obra fazem parte desenhos e pinturas de retábulos, debuxos para estampas impressas.

Luís José Pereira de Resende, pintor de Lisboa, identificado por Aníbal Almeida, como tendo sido agregado à aula de 4.ª classe de Pintura Histórica da Academia Real de Belas Artes, tendo trabalhado como retratista e miniaturista.


Fonte:

PORTUGAL, Arquivo Nacional da Torre do Tombo (2021) Camões "fidelíssimo": Cópia "fidelíssima" da capa e portada do livro que mandou fazer o conde de Vimioso para os cantos de Luís de Camões e do retrato do Poeta. – Um de quatro documentos produzidos pelo ANTT, em que se “celebra o Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de maio, evocando Luís de Camões”. - 25 p., 14 das quais são a reprodução facsimilada e integral de todo o “objeto”. – Lisboa: ANTT, 2021. – Doc. divulgado online, em formato .pdf










1. Retrato de Luís de Camões, por Fernão Gomes (versão da WEB).
2. Retrato de Luís de Camões no livro guardado no ANTT.
3. “Portada do livro que mandou fazer o conde de Vimioso para os cantos de Luís de Camões”.
4. Cartaz de celebração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, 5 de maio de 2021.