2025/04/22

500 anos de Camões e a Defesa Nacional

 

Imagem em: Defesa Nacional | Facebook, 9.04.2025

“500 anos de Camões e a Defesa Nacional" 

LIVRO

8 ABR. 2025 - Lançamento oficial do livro

No Instituto Universitário Militar, em Lisboa


Coordenação da Obra:

Direção-Geral de Política de Defesa Nacional



"uma coletânea de 43 reflexões
que estabelecem uma conexão profunda entre a Defesa Nacional
e os versos imortais do poeta Luís de Camões.

O livro destaca a relevância e a atualidade da obra camoniana, 
mostrando como os seus escritos continuam a inspirar e a refletir sobre 
as questões contemporâneas de Defesa e soberania.

A iniciativa enquadrou-se nas comemorações do 
V centenário do nascimento do poeta e soldado Luís Vaz de Camões 
e contou com a presença de personalidades de destaque entre as quais, 
o Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, General Nunes da Fonseca.​"

República Portuguesa: Defesa Nacional, 9.04.2024 





"500 anos Camões – A Defesa a partir dos Lusíadas”

SEMINÁRIO

23 OUT. 2024 | No Instituto Universitário Militar, em Lisboa.

Organização:
Direção-Geral de Política de Defesa Nacional


"O Ministro da Defesa Nacional presidiu à sessão de abertura do Seminário 
“500 anos Camões – A Defesa a partir dos Lusíadas” 
que decorreu no Instituto Universitário Militar, em Lisboa.

Durante a sua intervenção, Nuno Melo reafirmou 
a importância de Luís de Camões, Poeta maior e 
Soldado que teve mundo e viu o Mundo porque foi soldado, 
que exaltou o que testemunhou, mas também viveu, 
na gesta gloriosa dos portugueses que deram ao mundo a primeira globalização, 
transformando oceanos em mares de Portugal, 
alcançando continentes, ligando povos, 
e moldando a vocação e a identidade universal da Nação.

A iniciativa não só homenageou os escritos do poeta, 
mas promoveu também uma reflexão profunda sobre 
os valores e princípios que norteiam as Forças Armadas e a Defesa Nacional."

Defesa Nacional | Facebook, 23.10.2024



para saber +


Leonídio Paulo Ferreira
in Diário de Notícias [online], Opinião, 21.04.2025

in República Portuguesa: Defesa Nacional, Notícias, 9.04.2024 | Com imagens.

Defesa Nacional | Facebook, 9.04.2025




Redação: 21.04.2025

Exposição "Meu matalote e amigo Luís de Camões" no Pavilhão de Portugal em Lisboa


Pavilhão de Portugal, em Lisboa. | © Fotografia do Diretório de Camonística

"Meu matalote e amigo Luís de Camões"

EXPOSIÇÃO DE ARTES VISUAIS



1 MAI. 2025 | 10:00 e as 18:00

No Centro de Exposições do Pavilhão de Portugal, em Lisboa


Organização:

Universidade de Lisboa



"A exposição acompanha 
os grandes eixos da obra Os Lusíadas e da lírica camoniana, 
cruzando literatura, arte e património, 
e propõe um diálogo inovador entre o texto do poeta e as artes visuais"
Univ. Lisboa, organizadores


ESCULTURA 

Simões de Almeida | Canto da Maya

pelo escultor Canto da Maya (1890-1981)

FOTOGRAFIA

Candida Höfer, | Thomas Ruff | Jorge Molder
Hiroshi Sugimoto | Luís Pavão

➤ Coleção de Fotografia Novobanco.

"Os navegadores Vasco da Gama  na frente, e Afonso Gonçalves Baldaia, à direita."
Operação de limpeza do monumento do Padrão dos Descobrimentos, em Belém, Lisboa.
Fotografia de Luís Pavão | Lupa
Imagem em Padrão dos Descobrimentos | Facebook, 4.02.2017


PINTURA

Luca Cambiaso (1527-1585, Itália) | Abraham Bloemaert (1566-1651, Holanda)
Théodore Géricault (1791-1824, França) | James Ward (1769–1859, Inglaterra)
Domingos António de Sequeira | José Malhoa | Columbano
Veloso Salgado | Cristóvão de Morais | Lourdes Castro

O desenho da "A Morte de Camões", de Domingos Sequeira (1768-1837)
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.


Com a colaboração de

Academia das Ciências de Lisboa
Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian
Museu Calouste Gulbenkian | Museu Nacional de Arte Antiga, 
Museu Nacional de Arqueologia | Palácio Nacional da Ajuda
Museu Nacional Grão Vasco | Museu Nacional Soares dos Reis




para saber +

LUSA | Fim
in Sapo24, Notícias, 21.04.2025








Redação: 21.04.2025

Quinta Cultural - O Poeta Camões e o Poema Os Lusíadas, por Luiza Nóbrega



O POETA CAMÕES E O POEMA OS LUSÍADAS

CONFERÊNCIA

Com a Professora Doutora Luiza Nóbrega


24 ABR. 2025, quinta-feira | às 17h00

No Salão Nobre do IHGRN, Rio Grande do Norte, Brasil


Organização:

IHGRN - Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte






para saber +

Luiza Nóbrega | Facebook, 21.04.2025

CAMONISTA - Luiza Nóbrega









Redação: 21.04.2025

2025/04/21

Vida e morte nos navios da Expansão Portuguesa, por Marco Oliveira Borges



Entre o céu e o inferno: 
vida e morte nos navios da Expansão Portuguesa (1497-1655)

Marco Oliveira Borges

Lisboa: Crítica, 2023

Col. "Crítica Portugal" | 354, [3] p., 16 p. il. (24cm)

Distinguido com 
pela Academia Portuguesa de História


Entre o céu e o inferno


"Uma viagem empolgante de Lisboa até à Índia 
vivendo todos os perigos e tormentas que viveram 
soldados, tripulantes, mulheres, escravos nos séculos XV- XVII.

Quem eram as pessoas que embarcavam na Carreira da Índia? 
Com que motivos? 
Como viviam dentro das naus? O que comiam? 
Quais os perigos que enfrentavam?

Estas são algumas das questões desenvolvidas neste livro que, 
numa visão conjunta até agora inexistente, analisa a vida a bordo dos navios 
que permitiram a expansão marítima e o desenvolvimento do Império Português. 

Marco Oliveira Borges, historiador e investigador das temáticas relacionadas 
com os Descobrimentos e a Expansão Europeia dos séculos XV-XVII, 
leva-nos a bordo da Carreira da Índia, dando voz 
a escravos, mulheres, soldados, marinheiros e outros tripulantes, 
para ficarmos a conhecer o quotidiano dentro dos navios da Expansão Portuguesa.

Ao longo destas páginas, o autor aborda temas como 
a perceção que o homem tinha do mar e o medo dos naufrágios,
a tipologia, a degradação e a sobrecarga dos navios,
a composição social, a alimentação, a higiene, as doenças e os acidentes a bordo,
as práticas religiosas, os passatempos, as diversões, a sexualidade 
e, por fim, as tensões e os conflitos que tinham lugar em plena travessia interoceânica. 

Uma viagem que durava cerca de seis meses,
onde os tripulantes e os passageiros enfrentavam 
o medo de um mar feroz, a morte e a incerteza de chegar ao seu destino."

Da Sinopse da editora Crítica / PlanetadeLivros 





Nasceu em Cascais, em 1984. 
É doutorado em História  com a tese
O trajecto final da carreira da Índia na torna-viagem (1500-1640): 
problemas da navegação entre os Açores e Lisboa: acções e reacções.
2 vols., Lisboa: FLUL, 2020.
É investigador integrado do Centro de História da Universidade de Lisboa 
e membro efetivo da Academia de Marinha. 
A sua investigação incide em temáticas relacionadas com 
os Descobrimentos e a Expansão Europeia dos séculos XV-XVII.




para saber +

Marco Oliveira Borges - Historiador | Facebook







Redação: 20.04.2025

2025/04/17

A iconografia camoniana, pela Professora Raquel Henriques da Silva

 

Retrato impresso de Luís de Camões, 
44 anos após a sua morte, por Andries Paulus

Retrato gravado a buril em chapa de cobre e publicado na obra 
Discursos vários políticos (1624) de Manuel Severim de Faria
Évora: Manuel Carvalho impressor da Universidade, imagem inserta entre os fls. 87 e 88.

Esta imagem inaugurou a tradição iconográfica
da representação visual de Luís de Camões. 



Professora jubilada de História da Arte, da Universidade Nova de Lisboa

Imagem:
A historiadora no episódio 4 do programa 1000 Vezes Camões
Acerca de "Iconografia" camoniana
Vídeo, 14:11 | RTP3, Portugal, 21.12.2024
in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 1.12.2024

***

José Cabrita Saraiva
in Jornal O SOL [online], 16.04.2025

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 19.01.2025


in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 7.09.2024

Raquel Henriques da Silva 
“Camões no leito de morte,” com um prólogo sobre a “vera efígie”, 
in AA.VV , Épico e Trágico: Camões e os românticos: catálogo
Lisboa: MNAA, 2024, 10-31.

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 21.07.2024

Raquel Henriques da Silva 
in Revista Ípsilon, Opinião, 9.06.2024





Retrato de Luís de Camões, c. 1570, por Fernão Gomes
em papel, 145 x 130 mm, a sanguínea e executado ainda em vida do Poeta.
Assinado: “Fernando Gomez fez em Lxaa”.
Lisboa, ANTT







Redação: 16.04.2025

2025/04/16

Releituras de Camões na UBI em 2024 e 2025



Releituras de Camões
nos 500 anos do seu nascimento

CICLO DE 12 CONFERÊNCIAS


Proferidas por Henrique Manso

2024 - 2025

Na Universidade da Beira Interior (UBI)

Rua Marquês d’Ávila e Bolama
6200-001 Covilhã, Portugal



"A Biblioteca da Universidade da Beira Interior (UBI) promove as “Releituras de Camões, nos 500 anos do seu nascimento”, uma iniciativa composta por 12 conferências sobre a obra do autor, no contexto das celebrações do quinto centenário do seu nascimento.

Proferidas por Henrique Manso, docente da Faculdade de Arte e Letras (FAL), as conferências abordarão temas como o exílio, a guerra, a beleza ou o amor ao longo em sessões mensais entre abril de 2024 e junho de 2025."
In: UBI






Professor e investigador.
***
Licenciado em Línguas e Literaturas Clássicas e Portuguesas, 
e Mestre em Literatura Clássica pela U. Coimbra
Defendeu a tese de doutoramento sobre Latim Renascentista na UBI, em 2009. 
Leciona nas áreas, entre outras, de Língua, Literatura e Cultura Clássicas
Literatura Portuguesa Medieval e Clássica.
Publicou livros sobre literatura latina 
e é autor de vários artigos sobre literatura portuguesa e latina.

Alguns títulos:

José Manso
"Da língua de Camões, "última flor do Lácio""
in Formação de Leitores: Arte, literatura, educação e desporto.
ED. Maria da Graça Sardinha; João Machado; Fernando Azevedo.
Covilhã: UBI, 2019, 115-125.

José Manso; Italo Pantani, Margarida Miranda
Aires Barbosa na cosmópolis renascentista. 
Coimbra: Imprensa da Universidade, 2014.

José Manso
"A edição quinhentista do comentário barbosiano à "Historia apostolica" de Arátor"
in Aires Barbosa na cosmópolis renascentista
Coimbra: Imprensa da Universidade, 2014, 117-132.

José Manso
"O retrato de África n'Os Lusíadas, de Luís de Camões"
in Portugal-África : mitos e realidades vivenciais e artísticas
/ II Congresso Internacional Relações Culturais Portugal-África.
Coord. José Manso et al. - Org. UBI.
Covilhã : UBI, 2012, 115-128.



PROGRAMA


2024



1.ª Sessão

Aquarelas de tempos e lugares primaveris:
“Já não podeis fazer meus olhos ledos”.

por Henrique Manso 
23 abr. 2024, terça-feira | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.


2.ª Sessão

Camões e a criação poética:
“Se a tanto me ajudar o engenho e a arte”.

por Henrique Manso
21 mai. 2024 | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.



3.ª Sessão

Autobiografia de Camões:
o “amor ardente”, onde “os erros e a Fortuna sobejaram”.

por Henrique Manso
4 jun. 2024, terça-feira | às 16h00.
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.



4.ª Sessão

As agruras do exílio em Sôbolos rios que vão.
"Doce canto em terra alheia?"

por Henrique Manso
15 out. 2024 | às 16h00.
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.



5.ª Sessão

Metonímias da poesia camoniana: 
da "agreste avena" à "tuba canora e belicosa".

por Henrique Manso
20 nov. 2024 | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.



6.ª Sessão

Olhos que cativam o coração: 
"Porque me não vedes?"

por Henrique Manso
17 dez. 2024 | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Notícia.



2025



7.ª Sessão

"Selvática gente, negra e nua": 
retratos de Africa na epopeia camoniana.

por Henrique Manso
22 jan. 2025, quarta-feira | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI. | Evento no Facebook.



8.ª Sessão

Vasco da Gama e os heróis clássicos:
"Cessem do sábio grego e do troiano/ as navegações grandes que fizeram".

por Henrique Manso
19 fev. 2025



9.ª Sessão

Intervenção dos deuses n'Os Lusíadas:
"Sobre as cousas futuras do Oriente".

por Henrique Manso
18 mar. 2025 | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI | Notícia.



10.ª Sessão

A língua de Camões:
"Com pouca corrupção crê que é a latina".

por Henrique Manso
16 abr.. 2025 | às 16h00
No Auditório da Biblioteca Central da UBI 


11.ª Sessão

O tema medieval da ida à fonte: 
"Vai fermosa e não segura".

por Henrique Manso
mai. 2025


12.ª Sessão

A guerra "santa" n'Os Lusíadas:
"Conheça, pelas armas, quanto excede/ a lei de Cristo à lei de Mafamede".

por Henrique Manso
3 jun. 2025 | No Auditório da Biblioteca da UBI

A sessão final contou também com a presença 
do Prof. André Barata, Presidente da FAL-UBI,
da Profa. Ana Rita Carrilho, Presidente do Dep. de Letras da FAL,
do Prof. Luís Pires, Diretor da Biblioteca da UBI.

Leia toda a notícia aqui:
in Biblioteca da UBI, 4.06.2025

  1. Imagem da A 12.ª e última conferência do ciclo “Releituras de Camões nos 500 anos do seu nascimento”, ocorrida no dia 3 de junho de 2025, no Auditório da Biblioteca da Universidade da Beira Interior (UBI), assinalando as comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões organizadas pela Biblioteca da UBI. - Imagens no site da Biblioteca da UBI.
  2. Na sessão de encerramento, o Professor Henrique Manso reencarnou a voz do próprio Camões, revisitando os poemas do seu cancioneiro renascentista.
  3. No dia 23 de abril de 2024, terça-feira, pelas 16h00, decorreu a primeira das doze do ciclo de conferências. O evento aconteceu no Auditório da Biblioteca Central da UBI.
  4. A primeira conferência, intitulada "Aquarelas de tempos e lugares primaveris: 'Já não podeis fazer meus olhos ledos'", foi proferida pelo Professor Henrique Manso, da Faculdade de Artes e Letras da Universidade da Beira interior.
  5. A conferência intitulada "Autobiografia de Camões: o “amor ardente”, onde “os erros e a Fortuna sobejaram”, foi proferida pelo Professor Henrique Manso, a 4 jun. 2024.
  6. Momento da 3ª conferência, que aconteceu no dia 4 jun. 2024, uma terça-feira, às 16h00, no Auditório da Biblioteca Central da UBI. na UBI.
  7. Conferência pelo Professor Henrique Manso: "Vasco da Gama e os heróis clássicos: "Cessem do sábio grego e do troiano/ as navegações grandes que fizeram", em 19 fev. 2025.
  8. Um público jovem e universitária escuta uma conferência sobre a obra camoniana proferida pelo Professor Henrique Manso. - 8.ª sessão, na Biblioteca Geral da UBI.
  9. Cartaz da exposição Erros meus, má fortuna, amor ardente: a vida de Camões contada pelo próprio, compreendendo poemas selecionados pelo Professor Henrique Manso, na Biblioteca Central da UBI, 21 mar. 2024.
  10. Biblioteca Central da Universidade da Beira Interior. - Imagem no site da Biblioteca.


para saber +


Eventos, UBI - Universidade da Beira Interior, jun. 2024

in Luís de Camões - Diretório de Camonística, 21.03.2024










Redação: 18.04.2024, atualizado em 8.03.2025

2025/04/10

Teófilo Braga explicou em que dia nasceu Camões


Lei que decretou feriado nacional o dia 5 de fevereiro de 1924,
publicada no Diário do Governo, 2.02.1924. | [PDF]


EM QUE DIA NASCEU CAMÕES?

O Dr. Teófilo Braga diz ao "Século" a data do nascimento do grande épico e o significado social da comemoração que por iniciativa do município se vai realizar.



"A comemoração do quarto centenário do nascimento de Camões que o Século foi o primeiro a alvitrar e que se vai realizar por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa, é acontecimento de assinalada importância, um acontecimento de tão excecional grandeza, que nem só deve interessar à cidade de Lisboa, que foi berço do imortal épico, mas ao país inteiro, sendo para desejar que esse movimento nacional ao redor de tão glorioso facto correspondesse, internamente ao levantamento dos espíritos, à reação indispensável contra vilíssimos derrotismos e fosse ao mesmo tempo, para todo o mundo culto, como que o afirmativo brado da nossa vitalidade eterna, clarão onde se retemperassem glórias que podem quedar-se adormecidas mas que são imorredouras.

Falar de Camões em qualquer país civilizado é a mais bela forma de falar de Portugal - porque o imortal cantor dos "Lusíadas", pelo monumento literário que nos legou e pelo que este representa na causa da da civilização, é um dos mais seguros expoentes do espírito latino e o que mais alto ergue o nome português.

Como compreender, pois, a quase indiferença, o alheamento que ainda se nota distanciados apenas um mês do quarto centenário do nascimento de um tão belo espírito?!

Como interpretar o silêncio, especialmente daqueles  organismos de feição intelectual que deveriam ser a guarda avançada d'estes movimentos - jamais numa época em que o estrangeiro aproveita todos os pretextos para, à sombra das suas glórias pretéritas ou presentes, retemperar e reavivar o sentimento nacional?!

O apelo do "Século" a todos os portugueses

Todas estas razões de sobra nos pareceram para, do alto das colunas do Século, soltarmos o alerta aos governantes, às instituições científicas e literárias, à generosa mocidade das escolas, para todo o povo de uma maneira geral, porque a cruzada tendente a reacender o culto por Camões é das que devem calar profundamente em peitos portugueses quaisquer que sejam as suas crenças ou ideais.

E para isso o Século quiz ouvir a mais alta figura mental portuguesa, nome de reputação mundial e de uma, especialíssima autoridade em assuntos camonianos: o eminente professor Sr. Dr. Teófilo Braga.

Ninguém melhor do que o venerando cidadão, figura política e mental de primeiro plano, para nos dizer do significado social da festa do centenário - acrescendo às nossas razões mais esta: é que o sábio professor, graças às suas investigações, parece ter encontrado a data certa do nascimento de Luís de Camões, facto importante até aqui imerso em dúvidas e confusões.

A moradia modesta do Sr. Dr. Teófilo Braga, na travessa de Santa Gertrudes à Estrela, não se transpõe com facilidade, porque à velhice, d'uma espartana austeridade, que ali procurou guarida, não sobra tempo para entrevistas de fácil acesso e notoriedade vulgar e porque o sábio ilustre, cuja privilegiada lucidez resiste ao peso dos seus oitenta anos, aproveita, metodicamente, os últimos anos da sua vida para trabalhar ainda, fazendo livros, divulgando ideias com um pensamento moral e tal intransigência de princípios que é um exemplo comovente.

O Sr. Dr. Teófilo Braga vive só, sem família, sem criados; é ele quem, em pessoa, nos vem abrir a porta. E ao tocarmos as suas mãos trémulas, ao olharmos os seus cabelos brancos, ao fitarmos aqueles olhos de um azul desboto esvaído, onde já paira a melancólica sombra da cegueira, somos sacudidos por um frémito de comoção que se intensifica à medida que penetramos naquela casa fria, desconsolada, onde ele vive voluntariamente isolado da humanidade, dessa mesma humanidade a quem ele dedica os últimos momentos da sua vida.

Como Teófilo Braga chegou a uma conclusão

Enquanto o grande mestre completa o jantar que interrompera - uma refeição de criança, de uma exagerada frugalidade - ficamos alguns minutos, mergulhados em silêncio, olhando-o com assombro. Estão ali na nossa frente 65 anos de vida literária, vividos entre canceiras, entre trabalhos, sempre com uma austera intransigência de princípios democráticos que jamais abandonou, quer fosse servindo nos modestos postos de propagandista, vereador ou deputado, ou nos, mais altos cargos da cátedra ou da suprema magistratura da Nação, onde o levaram unicamente as suas virtudes cívicas, os privilégios da sua mentalidade.

Numa época de utilitarismos, faz bem olhar este homem tão diferente dos outros que por aí passeiam inchados de egoísmo e de vaidade... Ao falarmos-lhe de Camões e do fim da nossa visita, o rosto iluminou-se-lhe num sorriso de satisfação; sob o seu bigode branco irromperam, prontamente, palavras d'uma singela lucidez e duma tal clareza que dissipavam as trevas da cegueira, mais nos convencendo de que por detrás daqueles olhos cegos há um craneo prodigioso, onde um espírito eterno crepita como inextinguível vulcão.

— Acerca do nascimento de Camões, tome nota —  diz-nos —  que o grande épico nasceu nesta cidade de Lisboa entre os dias 4 e 5 de fevereiro de 1524, conclusão a que cheguei, correlacionando a data de prognósticos de astrólogos dessa época, com alusões feitas por Camões, na sua obra, a propósito do seu nascimento.

"Já sabíamos —  continua o ilustre professor — pelos assentos da Casa da Índia, feitos numa ocasião em que Luís de Camões esteve para embarcar, que nesta data, em 1550, ele tinha 25 anos, o que fazia supor que nascera em 1525; porém, como o ano eclesiástico começava em abril, havia que averiguar se Camões nasceu depois ou antes deste mês, para assim se determinar se nascera no ano civil de 1525 ou no de 1524.

"Ora numa das canções do autor dos "Lusíadas" encontramos o verso seguinte: "Quando vim da materna sepultura logo estrelas infelizes me falaram". Manifestamente se percebe neste verso — prossegue o Dr. Teófilo Braga — uma alusão que o poeta fazia ao facto de ter nascido sobre os signos de "Pisces" e "Aquarium", «estrelas infelizes», às quais ligava as contrariedades e desventuras que envolveram a sua atribulada vida.

"Esses signos, a que se referem o astrólogo de Carlos V, Crislobal d'Arcos, e o Dr. António de Beja, que por pedido da rainha D. Leonor viúva de D. João II, escreveu um opúsculo contra os juízos dos astrólogos que traziam a população assustada, prognosticando que da junção de «Pisces» e «Aquarium» resultariam um dilúvio e outros cataclismos - esses signos apareceram e fizeram a sua junção, embora sem os prognósticos se cumprirem, entre 4 e 5 do mês de fevereiro de 1524, conforme documentos respetivos. E deste modo, como é com estes signos que Camões declara ter coincidido o seu nascimento, temos a data identificada e podemos concluir que Luís de Camões nasceu em Lisboa entre 4 e 5 de fevereiro de 1524. Quanto à própria naturalidade de Lisboa, numa época em que não existiam registos batismais, pode tomar-se como atestado oficial o testemunho do padre Manuel Correia, pároco da Mouraria, comentador do Poema e íntimo de Camões, o qual afirmou ter sido Lisboa o berço natal desse que foi a maior glória da raça.

Camões e o sentimento nacional

Pedimos ao, Dr. Teófilo Braga algumas palavras sobre significado social do quarto centenário de Camões, prestes passar. Com a mesma lucidez, sem omissão de uma data ou pormenor, ele ditou:
— Assim como em 1880 0 3.º centenário da morte de Camões foi o grande acontecimento nacional que acordou a Nação do seu torpor, esclarecendo a vida e a obra do imortal épico e fazendo deste facto o fulcro radioso que iluminou a consciência nacional e preparou a queda da monarquia e o advento da democracia, assim o centenário que se aproxima pode ser o pretexto para que, numa manifestação enorme, abrasada de sentimento nacional, os homens se entendam, auscultando a vontade do país e aproveitando as virtudes do povo.

"Fez-se, em 1910 uma revolução — prossegue o ilustre professor — mas os seus autores ainda não tiveram uma completa compreensão do momento histórico e uma nítida — quanto possível — visão do nosso destino.

"à sombra de Camões pode e deve iniciar-se a grande obra de engrandecimento pátrio, sem que para a elevação desse pátrio sentimento seja preciso ignorar o evoluir das sociedades, ou desconhecer todas as aspirações justas e realizações de ordem social.

"Camões é um símbolo, e a sua epopeia coloca-nos, universalmente, dentro da moderna civilização, trazendo para Portugal a glória, jamais igualada, de terem sido os portugueses os que primeiro realizaram o reconhecimento dos mundos desconhecidos, através dos mares. Tal é o significado social perante o mundo culto, tal o pensamento que em todos os portugueses deve prevalecer a propósito do quarto centenário do nascimento do homem que é e será, universal e eternamente, o maior título de orgulho e glória para Portugal.

Sobre a maneira de comemorar tal centenário, o Dr. Teófilo Braga entende que à Câmara Municipal de Lisboa cumpre dar-lhe a maior solenidade, pondo em evidência o seu aspeto moral. Pela sua parte, o ilustre professor tem à disposição do Município um trabalho, que está acabando de compor, intitulado: Camões, expressão da Raça e Nacionalidade, especialmente para ser distribuído gratuitamente pelas escolas, por instituições e indivíduos pobres, que o não puderem comprar.

Antes de encerrar, a entrevista que concedeu ao Século, o Dr. Teófilo Braga ditou-nos palavras de fé, de austera intransigência de princípios e de amor ao trabalho —  daquela fé que as suas queixas dos homens não conseguem torvar, daquele trabalho que ele praticamente exemplifica,  mostrando-nos, como ainda está a trabalhar na monografia sobre Camões nos capítulos sobre Romantismo da sua História da Literatura Portuguesa e na composição do romance Uriel da Costa, acerca de um judeu e livre pensador do século XVII  — e tudo isto, indo a caminho dos 90 anos!

Este homem extraordinário, cujos olhos, antes da cegueira, viram florir e tombar essa ala de namorados das Letras Portuguesas, que teve vultos como Herculano, Antero, Camilo, Oliveira Martins, Ramalho, Eça e Fialho, aguarda serenamente a morte, que o encontrará no alto da cumeada que ele ergueu com as suas mãos de obreiro mental, austero sempre, com fé sempre, trabalhando sempre, fazendo desta formosa trilogia a suprema exemplificação de como deve ser engrandecida e servida a linda terra que foi berço de Camões."

Jornal "O Século", 6.01.1924

Transcrição do documento original que integra o acervo 
da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.
A imagem digital consta no Arquivo dos Presidentes do MPR,
disponível online em:





Redação: 09.04.2025.