A CAMÕES, COMPARANDO COM OS DELE OS SEUS PRÓPRIOS INFORTÚNIOS Camões, grande Camões, quão semelhante Acho teu fado ao meu, quando os cotejo! Igual causa nos fez perdendo o Tejo Arrostar co sacrílego gigante: Como tu, junto ao Ganges sussurrante, Da penúria cruel no horror me vejo; Como tu, gostos vãos, que em vão desejo, Também carpindo estou, saudoso amante: Ludíbrio, como tu, da sorte dura, Meu fim demando ao Céu, pela certeza De que só terei paz na sepultura: Modelo meu tu és... Mas, oh tristeza!... Se te imito nos transes da ventura, Não te imito nos dons da natureza. Bocage In: Sonetos . 4.ª ed., Mem Martins: Europa-América, 1999, p. 101. Manuel Maria Barbosa do Bocage (1765-1805)